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Ginástica

Rebeca Andrade defende Biles e justifica ausência no solo

Brasileira medalhista em Tóquio-2020 enfatizou a importância do bem-estar psicológico nas competições

22 nov 2021 - 23h14
(atualizado em 23/11/2021 às 07h53)
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Uma das principais atletas brasileiras da atualidade, Rebeca Andrade, de 22 anos, mostra a maturidade de uma verdadeira campeã. A ginasta brasileira, que voltou dos Jogos Olímpicos de Tóquio com um ouro e uma prata na bagagem, comentou nesta segunda-feira sobre Simone Biles e defendeu a ginasta americana, que optou por não disputar algumas provas no Japão por causa de sua fragilidade psicológica.

Rebeca Andrade posa com a medalha de prata
Rebeca Andrade posa com a medalha de prata
Foto: Dylan Martinez / Reuters

"A parte psicológica sempre foi tão importante quanto a parte física", enfatizou Rebeca. "Eu tenho acompanhamento psicológico desde os 13 anos e eu sei que isso fez total diferença para os meus resultados e para a minha evolução durante todos esses anos. Tem alguns lugares que só a parte física, só o corpo vai fazer acontecer e trazer o resultado. Mas pelo que vivi, pela minha história, eu sei que não é isso apenas."

Em Tóquio, Simone Biles era uma das atrações da Olimpíada. O principal nome da ginástica até então. Mas a americana surpreendeu ao não se apresentar em cinco de suas seis finais previstas. A decisão chocou o mundo esportivo e jogou luz em um problema que até então não era tão valorizado: a importância do fator psicológico.

"Foi bem difícil quando saiu a notícia da Simone, pois aconteceu num momento super importante. A gente estava numa Olimpíada. É muito difícil para um atleta de alto rendimento abrir mão de uma competição por não se sentir bem. Imagina então em uma Olimpíada, que só acontece de quatro em quatro anos. E vindo também de um momento tão complicado que foi a pandemia", analisou Rebeca.

"Eu confesso que fiquei feliz por ela ter se colocado em primeiro lugar, porque se ela tivesse se arriscado ela poderia ter se lesionado ou acontecido alguma coisa muito ruim. Os Estados Unidos é referência para a ginástica. Ela teve de suportar a pressão dela, a pressão da equipe, a pressão do país. É muito difícil, ainda mais a gente sabendo que ela é uma das melhores", completou.

Rebeca Andrade brilhou em Tóquio, foi 1ª colocada no salto e 2ª colocada no individual geral. A expectativa sobre a brasileira começou a crescer bastante, mas ela soube respeitar seu lugar. Em outubro, no Mundial de Ginástica, ela optou por não se apresentar no solo com seu 'Baile de Favela', o que também a deixou fora da disputa do individual geral.

"Foi um orgulho imenso saber que eu posso olhar para ela, mulher, negra e falar: 'eu posso me colocar em primeiro lugar. Eu posso pensar em mim, eu posso pensar no meu corpo'. Tanto que fiz isso no Mundial quando não me apresentei no solo. Foi muito difícil aquela decisão porque queria muito me apresentar. Mas sabia que meu corpo talvez não aguentaria todo aquele esforço. Eu usei muito a Simone como referência para as minhas decisões", disse.

INSPIRE

Rebeca Andrade está ao lado de Etiene Medeiros, Raíssa Rocha, Ana Marcela Cunha e Fernanda Keller como as atletas embaixadoras que se uniram ao Projeto Inspire, anunciado oficialmente nesta segunda-feira. Elas participaram de um evento online para o lançamento da plataforma. Todas tiveram um lugar de fala onde relataram a importância de aderir ao projeto que não conta apenas histórias de esportistas vencedoras, mas de mulheres que superaram seus desafios.

O Projeto Inspire é uma parceria entre a Riachuelo, a Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro e a empresa Golden Goal. É uma iniciativa que visa reforçar a importância das influências reais e positivas para incentivar o protagonismo feminino através de histórias de superação de atletas que romperam preconceitos e mostraram que lugar de mulher é onde ela quiser.

Paula Passo, idealizadora do projeto, explicou como surgiu a ideia. "A gente começou a entender o cenário da mulher no esporte e vimos que tem uns desafios específicos para as mulheres", disse. "As mulheres possuem desafios específicos, como a dificuldade em conseguir patrocínio, a pressão estética e até mesmo os uniformes obrigatórios que, muitas vezes, acabam expondo os corpos das mulheres de maneira desnecessária deixando algumas desconfortáveis com isso."

Ela então trouxe alguns dados. "O número de mulheres que fazem atividade física no Brasil é bem menor que os dos homens. Isso é por conta de existir a dupla jornada de trabalho. A mulher tem menos tempo de lazer do que o homem. É, principalmente, a necessidade de as mulheres conseguirem ter acesso a inspirações reais". Não é focar na 'superatleta', e sim trazer as histórias reais delas.

Estadão
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