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"Não sou o Robinho", diz Daniel Alves sobre chance de fuga na Espanha

Preso desde o dia 20 de janeiro, a Justiça da Espanha acredita que mantê-lo na prisão é a melhor medida cautelar a ser tomada

22 jun 2023 - 17h40
(atualizado às 19h20)
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Daniel Alves está preso desde janeiro, na Espanha, e advogados não conseguem habeas corpus
Daniel Alves está preso desde janeiro, na Espanha, e advogados não conseguem habeas corpus
Foto: Reprodução/ Instagram

Acusado de estuprar uma mulher em uma boate de Barcelona, na Espanha, o jogador Daniel Alves afirmou que 'não é o Robinho', ao ser perguntado sobre a possibilidade de fugir do país europeu, caso consiga responder à ausação em liberdade. No primeiro trecho da entrevista divulgada pelo jornal La Vanguardiao jogador afirmou ser inocente e que perdoa a mulher que o acusa do crime por 'causar tudo isso'.

Preso desde o dia 20 de janeiro, a Justiça da Espanha acredita que mantê-lo na prisão é a melhor medida cautelar a ser tomada. Na avaliação da Justiça, o risco de fuga é "iminente".

Se conseguisse a liberação e se mudasse para o Brasil, Daniel não poderia ser extraditado em uma possível condenação, assim como aconteceu com o ex-jogador Robinho, condenado por estupro na Itália. Apesar disso, a comparação irritou o lateral-direita. 

"Alguém pode pensar que se eu tivesse a intenção de fugir teria me apresentado na Espanha? Ou teria viajado do México para o Brasil, onde a extradição é quase impossível? Eu não sou o Robinho, sou o Daniel Alves", declarou.

O brasileiro afirmou na entrevista que é inocente e que tem força mental e moral para conseguir se defender na Justiça.

"Não sou um estuprador. Não sou um criminoso sexual. Tenho força mental e moral para me proteger de injustiças e estigmas. Vou sair daqui de cabeça erguida e vou manter meu projeto de vida, que é morar em Barcelona e ver meus filhos crescerem em aqui", disse.

Veja como foi o depoimento de Daniel Alves

Daniel se defende

"Bem, não importa quantas vezes eu pense sobre isso, eu também não sei. Ocorre-me que há alguém que lhe deu um mau conselho. Que ela se sentiu mal depois de fazer isso, que deu um passo à frente e que não sabe mais como sair da confusão em que se meteu e na qual me meteu. Apelo à sua consciência. Não houve uma única noite em que eu não dormisse em paz. Nem uma única noite. Estou com a consciência tranquila. Eu nunca machuquei ninguém intencionalmente. E nem ela naquela noite. Não sei se ela está com a consciência tranquila, se dorme bem à noite. Mas eu a perdoo."

Imagens mostram a vítima chorando

"Naquela manhã, quando a mulher com quem tenho um problema sai do banheiro atrás de mim, fico um pouco ao lado da mesa [...] Estou com meu amigo Bruno e outras pessoas me abordam antes de eu sair. Quando saio da discoteca pelo corredor de saída, fiquei sabendo pelas imagens que passo perto de onde a mulher está chorando. Eu não a vi. Se eu a tivesse visto chorar, teria parado para perguntar o que estava acontecendo. Se alguém responsável pela discoteca me pedisse para me esperar porque uma jovem alegou que eu a tinha agredido sexualmente, eu não iria para casa. Nessa mesma noite apareço numa delegacia para esclarecer o sucedido."

Relacionamento com a vítima

"Chegamos à Sutton [boate], à mesa que frequentemente nos era atribuída e, como sempre, o responsável pelo VIP abordou-nos a perguntar-nos se queríamos conhecer umas mulheres. Isso sempre acontecia quando eu não estava com minha esposa. Eu disse que sim e duas garotas se aproximaram primeiro. Mas nos incomodou que eles quisessem tirar fotos. Pedimos-lhes para sair. Nesse momento, três jovens passaram por nossa mesa e olharam para nós. Nós também. Elas estavam com alguns mexicanos, que me reconheceram. Elas não paravam de olhar para nós. Pedimos ao garçom que perguntasse se elas queriam vir. E elas vieram. Tomamos champanhe e nos oferecemos para pedir o que quisessem. A senhora com quem tive o problema começou a dançar bem perto de mim. Eu não me afastei."

Banheiro onde aconteceu o estupro

"Lá em cima é um espaço sem privacidade [local da boates onde havia sofás], tudo é aberto e sou casado. Fui primeiro ao banheiro e depois de um tempo pensei que ela teria mudado de ideia e não entraria mais. Estava demorando muito. Eu já estava saindo pela porta quando a vi se aproximar. Dei um passo para o lado, ela passou por mim e entrou no banheiro. Eu entrei atrás. Eu nem tranquei a porta. Ele sabia que Bruno [amigo de Daniel Alves] estava do lado de fora esperando que ninguém entrasse. Meu amigo sabia o que estávamos fazendo."

Forçar a vítima a atos sexuais

"Nada disso é verdade. Mas lá ela com sua consciência. Ela nunca me disse para parar. Ele também não fez nenhum gesto de querer ir embora. A porta ficava aberta o tempo todo, ele poderia ter saído porque eu estava sentada praticamente o tempo todo no vaso sanitário. Não sei quando ela tocou nesses lugares [digitais encontradas]. Mas nenhum desses movimentos que ela disse que eu a forcei a fazer é verdade e o arranhão é por ter permanecido de joelhos. Não há uma única marca em seu corpo que explique a violência com que ela diz que a movi no banheiro."

Versões diferentes nos depoimentos

"Se alguém já amou de verdade, se conheceu o amor verdadeiro como eu, saberá que para manter esse amor, faz-se qualquer coisa. E eu menti. Tive medo de perder a Joana e por isso menti. Lutei desesperadamente para salvar meu casamento da infidelidade, independentemente das consequências que estou pagando."

Desculpas à ex-esposa

"A única pessoa a quem tenho de me desculpar é a minha mulher, Joana Sanz. A mulher com quem me casei há oito anos, com quem ainda sou casado e espero viver com ela por toda a minha vida. Já pedi perdão pessoalmente a ela aqui, na prisão, mas devo fazê-lo publicamente, porque a história é pública, a ofensa é pública e ela merece essas desculpas públicas. Foram, estão sendo e serão dias muito difíceis para ela."

Entenda o caso

Uma mulher de 23 anos denunciou Daniel Alves por ter sido forçada a colocar a mão nas partes íntimas do jogador. Ela também relatou ter sido agredida e abusada por ele. O caso aconteceu em 30 de dezembro de 2022, na casa noturna Sutton, em Barcelona, dentro de um banheiro.

Na Espanha, a Lei de Garantia da Liberdade Sexual na Espanha prevê penas entre 6 e 12 anos para crimes desta natureza. O julgamento de Daniel Alves foi agendado para entre outubro e novembro de 2023, segundo o jornal espanhol El Periodico.

Fonte: Redação Terra
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