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Liga dos Campeões

Europa também registra aumento de casos de racismo; brasileiros são alvo

Clubes italianos divulgam carta aberta para acabar com injúrias raciais nos estádios

1 dez 2019 - 12h11
(atualizado às 15h29)
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O futebol europeu também vem sofrendo com casos recorrentes de injúria racial. Os casos mais recentes envolvem atletas que atuam no futebol italiano. Na última quarta-feira, o atacante Romelu Lukaku, da Inter de Milão, foi alvo de cânticos racistas de torcedores do Slavia Praga em Praga, na República Checa, em jogo da Liga dos Campeões. No início do mês, o atacante Mario Balotelli havia sofrido fato semelhante em partida do torneio italiano. Lukaku pediu providências. "Espero que a Uefa faça alguma coisa porque o estádio inteiro se comportou daquela forma", declarou o belga.

Taison deixou o campo chorando após ser vítima de racismo
Taison deixou o campo chorando após ser vítima de racismo
Foto: Reprodução / Estadão

Nesse contexto, os 20 clubes da primeira divisão italiana do país divulgaram carta aberta na sexta-feira, reconhecendo o problema. "Não temos tempo a perder", diz trecho do documento.

O Observatório da Discriminação Racial registrou 13 casos envolvendo atletas brasileiros na Europa. Em um deles, os brasileiros Taison e Dentinho foram alvo de ofensas racistas no Campeonato Ucraniano entre Shakhtar Donetsk e Dínamo de Kiev, no dia 10 de novembro. Taison reagiu aos cânticos racistas gesticulando e chutando a bola em direção aos torcedores rivais. Acabou expulso do jogo, que chegou a ser paralisado pelo árbitro por cerca de cinco minutos. O jogador foi suspenso por uma partida.

Para o sociólogo Rogério Baptistini, da Universidade Mackenzie, a Europa apresenta um contexto diferente em relação ao racismo. "A questão gira em torno do nacionalismo mais primitivo do século XIX que se manifesta pela cor da pele, mas não só por essa questão", explica o professor. "Nos países do Leste Europeu, o futebol é um sinal de identidade nacional. Com a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética, nos anos 1989-1990, nós temos uma precarização da vida. Diante disso, existe uma afirmação de identidade como se fosse uma defesa em relação aos outros, vistos como inimigos. Os outros são imigrantes, aqueles que se dão bem em alguma esfera da vida, como o futebol. O futebol passa a marcar uma identidade que está ameaçada. São situações ligadas ao nacionalismo", completa.

Estadão
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