PUBLICIDADE

Itália

Calciocaos completa 5 anos, e Itália ainda amarga consequências

14 jul 2011 - 09h01
(atualizado às 18h30)
Compartilhar

Cinco dias depois de se tornar tetracampeã mundial com a vitória sobre a França na final da Copa de 2006, a Itália via a confirmação de um dos maiores escândalos da história do futebol do país. Em 14 de julho de 2006 foi dada a sentença aos clubes envolvidos no Calciopoli, esquema de manipulação de resultados que colocou em xeque um dos maiores torneios da Europa, derrubou a gigante Juventus à segunda divisão do Campeonato Italiano e que cujo impacto ainda deixa sequelas no futebol local.

O esquema foi descoberto ainda em maio daquele ano pela polícia italiana por meio de escutas telefônicas e passou a ser investigado, envolvendo dirigentes de clubes e do comitê de arbitragem. A Juventus era a principal envolvida no esquema, e fazia acordos com o comitê de arbitragem local para obter vantagem nas partidas. Em 2005/06, a equipe alvinegra de Turim foi campeã com 91 pontos em 38 rodadas, tendo perdido apenas um jogo.

Algumas das principais estrelas do elenco da Juventus na temporada 2005/06 deixaram o time após a confirmação do escândalo: os defensores Gianluca Zambrotta, Lilian Thuram e Fabio Cannavaro (que no final de 2006 seria eleito pela Fifa o melhor do mundo), os meio-campistas Patrick Vieira e Émerson e o atacante Zlatan Ibrahimovic. Seguiram no elenco o goleiro Gianluigi Buffon, os meias Mauro Camoranesi e Pavel Nedved e os atacantes Alessandro Del Piero e David Trezeguet.

Marcante foi a reação do ex-lateral Gianluca Pessotto, que durante 11 anos atuou a camisa da Juventus. O jogador, que estava em vias de se aposentar, entrou em depressão e tentou cometer suicídio atirando-se de uma altura de 15 metros. Ele não morreu, e mais tarde assumiu o controle das categorias de base do clube.

As punições aos clubes culpados foram definidas em segunda instância, muito mais brandas do que as sancionadas em um primeiro julgamento, fizeram com que a Juventus perdesse os títulos conquistados nas temporadas 2004/05 e 2005/06 e acabasse rebaixada para a época 2006/07. A expectativa inicial era que o clube de Turim fosse para a terceira divisão, enquanto Milan, Fiorentina e Lazio fossem para a Série B.

Além da queda da Juventus, o então vice-campeão Milan foi destituído para o terceiro posto ao perder 30 pontos - mesma quantidade da Fiorentina, que de terceira amargou a queda para a nona colocação e deixou a Liga dos Campeões da temporada seguinte, e da Lazio, que despencou do sexto para o 16º posto da tabela final. Os três clubes, aliás, iniciaram a temporada seguinte com pontos negativos. O Reggina perdeu 15 pontos pelo envolvimento

Consequências

O Calciopoli, que envolveu quatro dos maiores clubes da Itália, acabou gerando uma soberania no futebol local: a Inter de Milão, que herdou o título de 2005/06, construiu a partir de então um domínio que perdurou até a temporada passada: a equipe azul e negra venceu todos os quatro títulos nacionais seguintes, incluindo a Liga dos Campeões em 2010. O "império" terminou no ano passado, quando o Milan voltou a vencer o torneio.

A prova da derrocada italiana no cenário europeu ficou evidente recentemente, quando a Uefa decidiu reduzir uma das vagas do país para a Liga dos Campeões da Europa da 2012/13. Agora, apenas três clubes italianos podem se classificar ao principal torneio continental, e não quatro. Quem se beneficiou foi a Alemanha, que poderá colocar quatro equipes na competição.

Além disso, o futebol local vê as principais estrelas do planeta optarem por outros grandes centros, como Inglaterra e Espanha. Haja vista que, nos últimos três anos, nenhum jogador que atua na Itália esteve sequer entre os três indicados ao prêmio de melhor do mundo segundo a Fifa. O último foi Kaká, em 2007, quando ajudou a levar o Milan ao título da Liga dos Campeões.

Reflexo disso houve na Copa do Mundo do ano passado, quando a seleção que defendia o título conquistado em 2006 deu vexame: a Itália sequer se classificou para as oitavas de final da competição na África do Sul. Pior: foi a lanterna do Grupo E, atrás de Paraguai, Eslováquia e da inexpressiva Nova Zelândia. Foram dois empates e uma derrota.

Buffon foi um dos poucos envolvidos no escândalo que pamenceu para a disputa da segunda divisão
Buffon foi um dos poucos envolvidos no escândalo que pamenceu para a disputa da segunda divisão
Foto: AFP
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade