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Foi gol? Não foi? VAR deixa narradores em apuros

Em suas cabines ou em estúdios, os narradores ficam muitas vezes sem saber como reagir às indefinições

23 jul 2019 - 10h00
(atualizado em 27/7/2019 às 11h53)
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Engana-se quem pensa que a torcida e os jogadores são os que mais sofrem quando uma partida é interrompida pelo árbitro de vídeo (VAR) para análise, após um lance que resultou em gol, em pênalti, etc. Em suas cabines ou em estúdios, os narradores ficam muitas vezes sem saber como reagir às indefinições, como que reféns do uso controverso do recurso em evidência - pelo menos para quem defende que a emoção de uma partida de futebol não pode ser afetada pela tecnologia.

Em razão disso, eles buscam estabelecer alguns critérios para lidar com a novidade, ou mesmo driblá-la. O Terra ouviu a opinião de alguns locutores sobre o tema. Do dream-team da TV Globo, Luís Roberto é um dos que seguem à procura de um modelo ideal.

O árbitro Rafael Traci checa lance no VAR durante partida entre Internacional e Palmeiras, válida pelas quartas de final da Copa do Brasil 2019, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
O árbitro Rafael Traci checa lance no VAR durante partida entre Internacional e Palmeiras, válida pelas quartas de final da Copa do Brasil 2019, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
Foto: Max Peixoto / Dia Esportivo / Estadão Conteúdo

“Quando o gol é anulado pelo árbitro de campo, mesmo que o lance ainda seja submetido ao VAR, eu e outros tantos colegas recuamos. Não faz sentido prosseguir gritando gol, seria, no caso, incompatível com a imagem de decepção do jogador, com ele reclamando do juiz, coisa e tal. Já em situações em que o árbitro de campo valida o gol, mesmo que a gente saiba que vai passar pelo crivo do VAR, aí continuamos a narração normalmente”, disse.

Para Luís Roberto, “tudo soa estranho por enquanto”. “Ainda não encontramos a melhor solução para isso, há uma quebra, no ápice da emoção do grito de gol, um anticlímax. E tem o componente esportivo, de esfriar o jogo, o que afeta o rendimento dos times. Talvez, mais para a frente, seja uma ação que as pessoas vão gostar, a molecada principalmente. Mas não sei se isso vai ser o ponto final da história.”

Na Rádio Tupi, no Rio, José Carlos Araújo, o Garotinho, tem opinião semelhante. Com um currículo que contempla vasta experiência em transmissões esportivas, ele afirma que a ‘quebra de emoção’ é gritante e atinge em cheio a relação do torcedor com o futebol.

“Acaba com o espetáculo. O João Havelange (ex-presidente da Fifa) dizia que na hora que viesse a tecnologia acabaria com a emoção do futebol”, comentou. “Eu acho que não é a tecnologia, mas sim o homem que está fazendo isso”, declarou, referindo-se principalmente à demora dos árbitros em definir o que é válido ou não.

Outro integrante do time seleto de locutores esportivos do País, Luiz Penido, da Rádio Globo, do Rio, critica “a incapacidade na operação da tecnologia” e conta que já adotou uma estratégia para fugir ao balde de água fria que o VAR às vezes impõe.

“Estão muito enrolados, acho que vão melhorar um dia. Como defesa, após dois ou três gols que eu narrei, nos quais houve a interrupção e depois voltaram atrás, eu decidi que não queria mais saber de VAR. Então, agora, eu narro o gol normal até o fim. Se o VAR anular na sequência, eu informo. Demora muito. E tenho que pensar também no arquivo da emissora, na reprodução da narração no final da transmissão. Tem muito ‘mala’ no futebol, a verdade é essa.”

Mais jovem que todos os colegas citados na reportagem, e não menos talentoso, Gustavo Villani, também da TV Globo, tem a percepção de que a “espontaneidade que deveria marcar a narração” está comprometida ultimamente.

“Eu tenho tido uma reação muito ruim com o que vem ocorrendo. Sinto medo, insegurança na hora de gritar o gol. Essas questões relacionadas ao VAR estão bagunçando um pouco o nosso trabalho. Não sou contra a utilização do VAR. Mas essa operação precisa ser mais azeitada e esse processo está muito lento.”

Para não ser pego de surpresa e ter mais condições de enfrentar os novos desafios, Villani resolveu narrar o gol até o fim. “Por protocolo, assumi gritar em qualquer hipótese. Mas sem toda aquela convicção”.

Observador, ele acredita que o VAR possa estar servindo de “muleta” para os assistentes e o árbitro. “Às vezes, eles levantam a bandeira para se proteger. Se colar, colou. Se não colar, validam o gol.”

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Fonte: Silvio Alves Barsetti
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