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Nostalgia e esperança marcam América x São Cristóvão pela B1

31 ago 2017 - 10h53
(atualizado às 10h55)
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“Honrem essa camisa, pombas! Cadê a garra? Vamos reagir!” O desespero de Celso Luiz Roberto, 53 anos, único torcedor do São Cristóvão no jogo da tarde de quarta-feira (30) com o América, pela Série B1 do Campeonato Carioca, tinha uma justificativa. Seu clube encerrava a competição rebaixado para a B2, que equivale à Terceira Divisão do Rio. Do outro lado, 427 adeptos comemoravam a classificação do América à semifinal do segundo turno.

Celso Luiz Roberto foi o único torcedor do São Cristóvão no jogo contra o América
Celso Luiz Roberto foi o único torcedor do São Cristóvão no jogo contra o América
Foto: Silvio Barsetti / Especial para Terra

O time da casa venceu por 4 a 0 e deixou em êxtase seus apaixonados torcedores. Um deles, o aposentado João Paulo Serô de Souza, 65 anos, dizia ter perdido a conta de quantos confrontos entre América e São Cristóvão ele já tinha assistido.

“Desde os anos 60 não perdi nenhum. É um clássico do futebol carioca, mas no Rio só se fala dos quatro paparicados. Fazer o que, né? Já falei pra Geysa (sua esposa): ‘vou seguir o América sempre’, se ela quiser me largar por causa disso, aí a decisão não é minha.”

João Paulo Serô de Souza é conhecido da torcida do América por acender velas em todos os jogos do time.
João Paulo Serô de Souza é conhecido da torcida do América por acender velas em todos os jogos do time.
Foto: Silvio Barsetti / Especial para Terra

João é figura carimbada nos jogos do América, notadamente nos que são disputados no Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Foi ali, nesta quarta, que ele repetiu seu ritual de décadas – acender duas velas, uma para cada tempo de jogo, num cantinho da arquibancada. “Se eu esqueço as velas ou se venta muito, o América perde.”

Enquanto a bola rolava e os gols surgiam, outro aposentado, Jorge Agostinho Macedo, 83 anos, conversava com amigos de arquibancada sobre um jogo com o São Cristóvão que lhe traz até hoje recordações. “Foi nos anos 50, no Maracanã, e marcou a estreia do Heleno de Freitas no time. Perdemos por 3 a 1. Depois da derrota, ele criticou a equipe, dizendo que tinha muita gente de cor no América e aí acabou afastado.”

Jorge Agostinho Macedo, de 83 anos, conta com saudosismo sobre os clássicos antigos entre América x São Cristóvão
Jorge Agostinho Macedo, de 83 anos, conta com saudosismo sobre os clássicos antigos entre América x São Cristóvão
Foto: Silvio Barsetti / Especial para Terra

América e São Cristóvão, juntos, são donos de oito títulos estaduais, na divisão principal. O Alvirrubro tem sete e o time da Leopoldina apenas um, em 1926.

“Claro que a realidade mudou e hoje é impossível que voltemos a 91 anos atrás. Mas tenho esperança de que meu clube possa renascer”, disse Celso. Ele tentou fazer da filha Jordana uma herdeira da paixão pelo São Cristóvão. “No início, quando pequena, ela vestia a camisa do clube e eu a levava aos jogos. Depois, virou Fluminense.”

Mesmo em meio ao clima de saudosismo, o América possui torcedores mais jovens em sua arquibancada.
Mesmo em meio ao clima de saudosismo, o América possui torcedores mais jovens em sua arquibancada.
Foto: Silvio Barsetti / Especial para Terra

Num clima de cordialidade, raro em estádios de futebol, Celso foi cercado ao final do jogo por torcedores do América que vinham lhe cumprimentar. Alguns queriam saber onde poderiam comprar a camisa oficial do São Cristóvão.

Na sequência da B1, o América vai enfrentar o Artsul no sábado, no campo do adversário. Se João levar as velas, o time entra em campo como favorito.

Torcedor lamenta situação do clube que revelou o Fenômeno:
Fonte: Especial para Terra
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