Jogo cancelado, 10 feridos, críticas: o que se sabe sobre a partida interrompida por violência na Sul-Americana
Partida pela volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana foi marcada por forte episódio de violência entre as torcidas
Jogo entre Independiente e Universidad de Chile, pelas oitavas da Sul-Americana, foi cancelado após violência entre torcidas, deixando ao menos 10 feridos graves e gerando críticas à segurança e organização.
O forte episódio de violência em Avellaneda, no jogo entre Independiente e Universidad de Chile, pela Copa Sul-Americana, que ocorreu na noite de quarta-feira, 20, resultou no cancelamento da partida, deixou ao menos 10 feridos e causou grande repercussão fora da Argentina, com críticas à falta de segurança. Veja tudo o que se sabe sobre o caso até o momento.
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O que aconteceu no jogo?
A partida entre Independiente e Universidad de Chile, pela volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana, no Estádio Libertadores de América, em Avellaneda, na Argentina, foi marcada por cenas de barbárie.
As equipes haviam voltado do intervalo, com o placar de 1 a 1, quando a confusão começou. O resultado dava a classificação aos chilenos, que já tinham vencido por 1 a 0 na ida.
Torcedores da Universidad de Chile começaram a atirar pedras em direção aos locais. Os visitantes invadiram um depósito de produtos de limpeza e chegaram a jogar cabos de vassoura contra a torcida adversária.
Parte dos torcedores locais conseguiu acessar a área dos visitantes e encurralou dezenas de chilenos. Um deles chegou a cair do ponto mais alto do estádio. Fotos e vídeos de extrema violência tomaram conta das redes sociais, com cenas de agressão, sangue e humilhação.
Antes dos momentos mais graves de violência, jogadores tentaram acalmar a situação, mas não tiveram sucesso. Com a paralisação, os atletas se recolheram aos vestiários. Segundo a imprensa argentina, a polícia não agiu.
Inicialmente, a arbitragem paralisou o jogo. Pouco depois, a Conmebol determinou o cancelamento da partida. Isso significa que não haverá retomada.
Feridos após a violência
O episódio deixou ao menos 10 feridos com gravidade, segundo o jornal argentino La Nación. No total, o periódico apontou 185 torcedores com ferimentos.
Segundo o veículo local, os relatos sobre número de feridos e torcedores detidos pela polícia variam. Um dos informes aponta que 185 ficaram machucados, sendo 177 homens, três mulheres e cinco menores de idade. No total, seriam 125 presos. Mas o jornal aponta que há relatos de até 300 detidos, todos da torcida visitante.
O La Nación não traz detalhes sobre os casos graves de feridos. As autoridades locais ainda não se manifestaram sobre números de machucados e detidos.
O que diz a Conmebol?
Na madrugada desta quinta-feira, a Conmebol divulgou um comunicado informando que, devido à falta de garantias de segurança e após cumprimento de ações para situações semelhantes que não resolveram a situação, a partida entre os dois times foi cancelada.
Além disso, disse que o caso será encaminhado para os Órgãos Judiciais da Conmebol para futuras determinações. "Todas as informações sobre os fatos ocorridos dentro e fora do estádio serão enviadas à Comissão Disciplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol", acrescentou.
Depois, a Conmebol soltou uma segunda nota repudiando os atos de violência. "A Confederação expressa seu repúdio e condena firmemente os atos de violência registrados dentro e fora do estádio."
"A Conmebol está em contato permanente com as autoridades de segurança e acompanha de perto a situação das pessoas afetadas. A instituição também agirá com a máxima firmeza, de acordo com o regulamento da Comissão Disciplinar."
A Confederação também informou que está coletando dados e processando informações que serão encaminhadas à Unidade Disciplinar para a aplicação das sanções correspondentes.
"A Confederação reafirma seu compromisso com a erradicação da violência no futebol e insta todos os clubes participantes de suas competições, na qualidade de responsáveis pela segurança quando atuam como anfitriões, a adotarem as máximas medidas de prevenção e controle, para garantir que fatos desta natureza não voltem a se repetir", finalizou.
O que diz a Fifa?
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, publicou um comunicado condenando "energicamente a impactante violência que levou ao cancelamento do jogo".
"A violência não tem lugar no futebol: os jogadores, os torcedores, o pessoal, os árbitros e todos que desfrutam do nosso lindo esporte devem poder fazê-lo sem medo", escreveu.
"Da Fifa, nossos pensamentos estão com todas as vítimas inocentes, ao mesmo tempo em que esperamos que as autoridades competentes imponham sanções exemplares contra os autores desses terríveis atos", acrescentou.
Críticas do presidente do Chile
Gabriel Boric, presidente do Chile, criticou a falta de segurança na partida e atacou a Conmebol, responsável pela organização da competição.
"O que aconteceu em Avellaneda entre as torcidas do Independiente e da Universidade de Chile é errado em muitos aspectos, desde a violência nas arquibancadas até a evidente irresponsabilidade na organização. A justiça deverá determinar os responsáveis", afirmou o presidente chileno, pelas redes sociais.
Na mesma mensagem, ele demonstrou preocupação com a integridade física dos torcedores da Universidad de Chile, que chegaram a ser encurralados nas arquibancadas por parte da torcida argentina.
"Agora, nossa prioridade como governo é saber o estado de nossos compatriotas que foram agredidos, garantir atendimento médico imediato e que aqueles que estão detidos tenham seus direitos respeitados. Para isso, estamos trabalhando com a embaixada, o consulado, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Interior."
Presidente do Independiente critica chilenos
Do lado argentino, o presidente do Independiente afirmou que a confusão foi iniciada pelos chilenos e cobrou punição à Universidad de Chile.
"Agora estamos preocupados pela segurança de todos. Já estamos falando com as pessoas da Conmebol e vamos defender todos os interesses do Independiente. O Independiente não teve nada a ver com isso. Está claro que o começo e também a sequência do problema foi só de um público. Torcedores da La U", afirmou Néstor Grindetti, em entrevista ao canal argentino TyCSports.
"Há um claro e evidente responsável. Tem que ter uma punição ao clube chileno e uma liberação de responsabilidades do Independiente", completou o presidente do clube argentino, que também é político e ocupa atualmente o cargo de chefe de gabinete de ministros da Cidade Autônoma de Buenos Aires.
Universidad de Chile condena atos
Pelas redes sociais, a direção da Universidad de Chile demonstrou preocupação com a torcida do time na Argentina e condenou os atos de violência.
"Nossa maior preocupação é saber o estado dos torcedores brutalmente agredidos no Estádio Libertadores da América. O que aconteceu hoje (quarta) não deve acontecer em nenhum estádio nem em nenhum lugar. Um campo de futebol não pode ser palco de imagens como as que testemunhamos."
Pouco depois da confirmação de suspensão do jogo, o diretor da Azul Azul, que administra a Universidad de Chile, afirmou que eles serão punidos: "Seremos punidos, não há dúvida. E serão punidos com severidade", afirmou Daniel Schapira, em entrevista à rádio ADN Chile.
Schapira reclamou da falta de ação policial quando os ataques começaram. "Isso é terrível, é inacreditável. Sempre acontece alguma coisa com a gente. É também uma questão de organização: eles não podem colocar a torcida da Universidade acima da torcida do Independiente. Todo mundo tem problemas aqui. Isso virou um circo." (*Com informações do Estadão Conteúdo).