PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Copa do Mundo

Vítimas de Portugal em 1966 culpam "bagunça" e apostam no Brasil

24 jun 2010 - 20h18
Compartilhar

Desde que o Mundial passou a ser disputado no sistema de grupos em 1950, o Brasil caiu logo na primeira fase apenas na Inglaterra, em 1966. Depois de vencer a Bulgária e perder da Hungria, o time do técnico Vicente Feola entrou em campo contra Portugal precisando do resultado, mas a derrota por 3 a 1 selou a eliminação. Os escalados na partida apontam a falta de organização como causa para a saída precoce e apostam na equipe de Dunga diante do mesmo rival, às 11h (de Brasília) de sexta-feira, em Durban.

"Naquela época, a comissão técnica era uma bagunça danada, tanto que chamaram 45 jogadores. Isso atrapalhou muito. Quiseram fazer média com todo mundo e atrapalhou tudo. Cada treino era uma guerra. Todos os jogadores eram amigos, mas a comissão queria que todos virassem inimigos. Aquela seleção não foi mais à frente pela falta de organização e honestidade", diz o zagueiro Brito, que triunfou no México quatro anos depois.

Então bicampeão do mundo, o Brasil confiou excessivamente em mais um título e negligenciou a preparação. João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), já pensava em assumir o cargo de mandatário da Fifa e, há quem diga, estaria mais preocupado com seu projeto pessoal. Paulo Machado de Carvalho, conhecido como Marechal da Vitória por chefiar a delegação em 1958 e 1962, foi afastado e o próprio assumiu o comando.

Campeão em 1958, Vicente Feola, já aos 67 anos e com problemas de saúde, treinava o time. A três meses da estreia, convocou 46 jogadores, alguns deles apenas para agradar presidentes de federações estaduais e outros dirigentes. Na preparação, o escrete passou por cidades como Lambari e Caxambu com o mesmo objetivo de afagar políticos locais. Após uma série de cortes, a delegação embarcou a poucos menos de 30 dias do inicio da Copa com 27 atletas, cinco a mais do que os 22 inscritos.

Desta forma, a seleção chegou à Inglaterra sem um estilo definido e, durante o Mundial, acabou ainda mais desfigurada. Em apenas três jogos, Vicente Feola escalou 20 jogadores, já que apenas o veterano volante Zito, então com 33 anos, e o jovem atacante Edu, com apenas 16 anos, não entraram em campo. Apesar da falta de organização em campo e fora dele, os ex-jogadores que participaram da derrota contra Portugal não culpam o treinador.

"O Feola é o menos culpado, a culpa foi da direção. Se vai o Paulo Machado de Carvalho, a coisa seria diferente. Mas chegou o pessoal do Rio de Janeiro tomando conta e bagunçou tudo. Faltou comando, quem comanda faz diferença. Portugal estava mais bem preparado do que nós, principalmente na parte mental, porque eles tinham a organização que a gente não tinha", diz o ex-atacante Paraná, um dos nove jogadores que entraram do segundo para o terceiro jogo.

Em sua primeira participação em Copas, Portugal impressionou o mundo em 1966. Depois de vencer a Hungria por 3 a 1 e a Bulgária por 3 a 0, a equipe lusitana, comandada pelo moçambicano Eusébio, manteve a média expressiva de gols e ganhou do Brasil por 3 a 1. Poupado na última partida, Pelé voltou no duelo com os lusos para ser caçado pelos marcadores. Sem condições de jogo, o melhor atleta do século XX permaneceu em campo apenas para fazer número, já que as substituições durante o jogo não eram permitidas na época.

Para o zagueiro Brito, no entanto, o jogo ríspido dos portugueses não serve como desculpa. "Não acho que eles foram violentos. Aquele jogador que fez falta no Pelé não foi nem expulso. Se fosse um lance duro mesmo, ele teria sido expulso. Eles jogavam duro, mas não acredito em deslealdade. É Copa do Mundo. Dois irmãos jogaram na partida entre Alemanha e Gana (Kevin e Jerome), mas na Copa do Mundo não tem essa de irmão. O pau come mesmo e é assim que tem que ser", afirmou.

Apesar dos 44 anos de diferença, o confronto entre Brasil e Portugal na África do Sul terá algumas semelhanças com o duelo disputado na Inglaterra. Se em 1966 os europeus contavam com Eusébio, agora apostam em Cristiano Ronaldo. Assim como o ex-jogador, nascido em Lourenço Marques, atual Maputo, o técnico Carlos Queiroz é moçambicano, de Nampula. Hoje com os brasileiros Deco, Pepe e Liédson no elenco, o time rubro-verde era treinado por Otto Glória na Europa.

Titular no lugar de Gilmar no duelo contra Portugal, Manga aposta em um triunfo brasileiro nesta sexta-feira. "O Eusébio foi um grande jogador e era a figura da seleção portuguesa. Já o Cristiano Ronaldo está começando agora. Esperamos que ele possa ser um craque maior mais adiante. Essa seleção deles de agora é boa, mas a de 1966 era melhor. O time do Dunga é bem armado e tem que passar por cima", declarou o ex-goleiro.

Nas quartas de final, Portugal pegou a Coreia do Norte, que passou de fase surpreendentemente ao vencer a Itália, mais uma bicampeã eliminada na primeira fase. A equipe asiática chegou a abrir 3 a 0, mas tomou a virada e perdeu por 5 a 3, quatro gols de Eusébio, artilheiro da Copa com nove tentos em seis jogos. Derrotados pela Inglaterra por 2 a 1 na semifinal, os lusitanos terminaram no terceiro lugar, um recorde. Na sequência, o país voltou ao Mundial apenas em 1986.

Apesar da campanha, o torneio teve momentos históricos para o Brasil. Na estreia, a seleção bateu a Hungria com gols de falta de Pelé e Garrincha. O duelo no Goodison Park, em Liverpool, foi o último com os dois astros, que nunca perderam com o time nacional . Coincidentemente, os atletas iniciaram a parceria em 1958, também contra a Bulgária, no Pacaembu. No mesmo jogo, o time completou 13 jogos de invencibilidade em Copas, um recorde. Com 16 anos, Edu ainda foi o mais jovem a ser convocado.

Copa 2010 no celular

Notícias, fotos, classificação, tabelas, artilheiros, estatísticas e curiosidades também estão no celular.
Acompanhe o minuto a minuto de todos os jogos do Mundial e escolha os melhores em campo.
Acesse: m.terra.com.br/copa
Baixe o aplicativo: m.terra.com.br/appcopa

Pelé sofre com a forte marcação portuguesa na Copa de 1966
Pelé sofre com a forte marcação portuguesa na Copa de 1966
Foto: Getty Images
Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
Compartilhar
Publicidade