PUBLICIDADE

Copa Coca-Cola

Do hóquei de gelo aos gramados, veja trajetória de Lev Yashin

8 nov 2012 - 07h08
(atualizado às 11h41)
Compartilhar

Se o gol é o momento mais esperado do futebol, aqueles que têm a função de evitar que ele aconteça não são lá muito queridos pelos torcedores. Um jogador, porém, conseguiu mudar esta imagem de vilão e se tornou o primeiro goleiro da história a virar um ícone mundial. Considerado o maior arqueiro do século XX, Lev Yashin revolucionou a posição e ajudou a União Soviética a alcançar suas maiores glórias no futebol.

Apesar das grandes defesas, Yashin não evitou a queda da URSS na semifinal do Mundial de 66
Apesar das grandes defesas, Yashin não evitou a queda da URSS na semifinal do Mundial de 66
Foto: Getty Images

Sua relação com o esporte começou por conta da Segunda Guerra Mundial, quando o jovem foi forçado a trabalhar em uma fábrica militar e passou a integrar a sua equipe de futebol. A estreia nos gramados, no entanto, só se daria em 1950, e não foi nada promissora. Em um amistoso pelo Dínamo de Moscou, ele sofreu um gol em chute longo do arqueiro adversário e passou o resto da temporada no banco de reservas.

Nesta época, como não tinha oportunidades no futebol, dividia suas atenções com o hóquei de gelo e chegou a ser campeão soviético da modalidade em 1953. Aos poucos, porém, foi conseguindo o espaço que almejava nos gramados, e no ano seguinte foi convocado para a seleção pela primeira vez. Pelo Dínamo, o craque venceu cinco campeonatos soviéticos e três copas.

No entanto, ele viveu seu auge no futebol justamente no período em que o país mais se fechou por conta da Guerra Fria. Por este motivo, boa parte do mito em torno de Yashin se deve às suas atuações pela União Soviética. A primeira grande conquista veio na Olimpíada de 1956, quando o goleirão foi fundamental para que o país voltasse de Melbourne com o ouro.

Dois anos depois, viria sua consagração com atuações memoráveis durante a Copa do Mundo. Logo no segundo jogo, contra a Áustria, deixou o público embasbacado ao defender um pênalti sem dar nenhum rebote. Na partida seguinte, que marcou a estreia de Pelé e Garrincha atuando juntos, Yashin fechou o gol e foi vazado apenas duas vezes, enquanto outras equipes tradicionais, como França e Suécia, levaram de cinco.

O estranho regulamento do Mundial obrigou os soviéticos a realizar uma partida de desempate contra a Inglaterra, e mais uma vez o arqueiro se destacou, garantindo a vitória por 1 a 0. Mesmo com a eliminação da equipe para a Suécia nas quartas de final, Yashin foi eleito o melhor goleiro da competição, e impressionou a todos com seu estilo de jogo.

Era a primeira vez que os torcedores viam um arqueiro que orientava o posicionamento da defesa, ou que repunha a bola rapidamente após uma defesa para iniciar o contra-ataque. O soviético também era o primeiro da posição a não se limitar à pequena área, e ainda inovou ao socar as bolas difíceis em vez de tentar agarrá-las. A partir de então, ele começou a ser chamado de aranha negra, em referência à cor de seu uniforme e à performance sob as traves, pois parecia que ele tinha oito braços que nada deixavam passar.

Na Eurocopa de 1960, a primeira da história, mais um momento de triunfo. Após bater a Tchecoslováquia por fáceis 3 a 0 na semifinal, os soviéticos suaram a camisa contra a Iugoslávia e saíram perdendo. Mas buscaram o empate e, na prorrogação, garantiram o campeonato com uma memorável atuação de Yashin, que fez os adversários perderem a cabeça com suas defesas.

Qualidade posta em dúvida

Assim como todo goleiro, até mesmo o maior de todos teve seus dias ruins. E eles vieram justamente na Copa de 1962. Em jogo contra a Colômbia, válido pela primeira fase do torneio, os soviéticos abriram 4 a 1 no marcador, mas Yashin foi surpreendido por uma cobrança de escanteio e levou o que até hoje é o único gol olímpico da história dos Mundiais. Sua equipe reclamou muito do lance e, abalada, acabou cedendo e empate.

Mesmo assim, o país se classificou, mas acabou eliminado para o Chile nas quartas de final em duas falhas do goleiro. No primeiro lance, ele não pulou em uma cobrança de falta por acreditar que o juiz havia assinalado tiro livre indireto. Logo depois, saltou atrasado em um chute de fora da área e não conseguiu alcançar a bola.

Apesar dos erros, o aranha negra teve importante participação para classificar o país nas Eliminatórias, após duelo tenso com a Turquia. Durante a Copa, ele também fez ótimas partidas na estreia, contra a Iugoslávia, e mais tarde diante do Uruguai. Isso manteve o camisa 1 com prestígio suficiente para ser convocado para integrar a Seleção do Mundo no jogo comemorativo do centenário do futebol, em 1963. Uma série de defesas incríveis o fez não apenas um dos nomes do jogo como valeu a ele a Bola de Ouro daquele ano. Até hoje, Yashin é o único arqueiro a ter obtido este prêmio.

Seu último grande momento foi na Copa de 1966. Já veterano, com 37 anos, ele disputou apenas uma partida na primeira fase, quando a União Soviética bateu a Itália. O auge, porém, foi no duelo das quartas de final, contra a Hungria, quando fez intervenções antológicas que devolveram a ele todo o prestígio dos anos anteriores. Mesmo assim país conseguiria apenas o quarto lugar naquele Mundial.

Em 1970, ele participou de sua quarta Copa do Mundo, mas desta vez na condição de reserva. Nesta mesma temporada ganhou seu último título como profissional, a Copa da URSS. Encerrou a carreira no ano seguinte, mas permaneceu por mais de duas décadas ocupando posições administrativas no Dínamo de Moscou. Faleceu em 1990, vítima de um câncer no estômago.

Quatro anos depois, a Fifa criou um prêmio com o seu nome para homenagear o melhor goleiro da Copa do Mundo. Em 1998, foi considerado pela entidade como o maior arqueiro do século XX. Para se ter uma ideia de seu prestígio, a partida que marcou sua despedida dos gramados reuniu nada menos do que Pelé, Eusébio e Beckenbauer no estádio de Moscou, que ficou lotado com mais de 100 mil espectadores. Tudo isso para ver o homem que melhor soube evitar o momento mais aguardado do futebol: o gol.

Quer saber mais sobre a Copa Coca-Cola? Então, clique aqui e confira

Fonte: PrimaPagina
Compartilhar
Publicidade