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Terra na Copa

SP: para moradores da V. Madalena, Copa é pior que Carnaval

19 jun 2014 - 06h53
(atualizado às 13h14)
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<p>Ruas da Vila Madalena ficam "recheadas" de lixo após os jogos</p>
Ruas da Vila Madalena ficam "recheadas" de lixo após os jogos
Foto: Bruno Santos / Terra

Desde o início da Copa do Mundo, no último dia 12, torcedores brasileiros e estrangeiros têm lotado bares e ruas da Vila da Madalena, na zona oeste de São Paulo, em busca de festa. Ao contrário dos visitantes, que parecem alcançar o objetivo de diversão, os moradores do bairro têm relatado uma série de transtornos.

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Para a administradora de Empresas Ana Claudia Marino Bellotti, 46 anos, que há nove anos mora no bairro, os dias de Copa têm sido “um horror”. “É muito pior que o Carnaval”. Ela mora na rua Fradique Coutinho, entre as ruas Aspicuelta e Inácio Pereira da Rocha, incrustrada no circuito de bares e restaurantes frequentados, todos os dias, pelos torcedores.

As reclamações são várias: o barulho que começa à tarde e vai até às 5h da manhã; o caos no trânsito e as dificuldades de deslocamento; a sujeira e o cheiro de urina. Na última terça-feira, após o jogo entre Brasil e México, a reportagem do Terra flagrou dezenas de “mijões” urinando não apenas nas calçadas, mas para dentro dos portões dos prédios.

<p>A Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, virou ponto de encontro de torcedores em jogos da Seleção</p>
A Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, virou ponto de encontro de torcedores em jogos da Seleção
Foto: Bruno Santos / Terra

“Em dias de jogo do Brasil, então, a coisa fica selvagem. A gente não consegue voltar para casa. Ou eu fico trancado ou vou dormir na casa do meu pai ou da minha sogra. E ainda tem aqueles que fazem de banheiro a porta da sua casa”, disse Marcio Faria, 35 anos, artista plástico e pai de dois filhos, o mais novo de sete meses.

A moradora Ana Claudia tem a mesma queixa. “Como os bares são pequenos, as pessoas tomam as ruas. E quem mora por ali não consegue sair, nem entrar”, disse. “Ou a gente anda na contramão e espera uma hora e meia para entrar na garagem, quando normalmente levaria dez minutos, ou tem o carro chutado pelos torcedores que exageram na bebida, como aconteceu comigo”, desabafou. “Queremos que as pessoas se divirtam, mas e quem mora ali, como fica? No Carnaval também foi um horror, mas agora é muito pior porque é todo dia, o dia todo”, concluiu.

Prefeitura diz se ajustar

A SOSsego, associação de moradores da Vila Madalena, tem monitorado a situação e mantido contato com as autoridades. “Vamos aguardar para ver se haverá alguma alteração na política da Prefeitura”, disse o inglês Tom Green, 49 anos, que mora e tem comércio na Vila Madalena há 15 anos e é um dos fundadores da associação.

“Antes do início da Copa, o Conselho Comunitário de Segurança de Pinheiros pediu reforço na fiscalização de vendedores ambulantes de bebidas, por exemplo”, disse Green. “Já temos os bares, que não são poucos, e ainda tem a festa na rua. E para ter festa na rua é preciso ter bebida”, disse Green.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta quarta-feira que a prefeitura está “acompanhando e adequando serviços”. “O secretário de Serviços (Simão Pedro) está atento. Haverá reforço na fiscalização, mas também pedimos boa vontade dos que estão curtindo. São muitos bares e é natural que queiram passar a noite. São 400 mil turistas na cidade durante a Copa, e temos a melhor logística fora dos estádios”, afirmou.

O químico João Pedro Rosin, 54, que também é um dos fundadores da SOSsego, afirma que os transtornos causados pela multidão passam por uma questão de saúde pública. “Nossa reclamação é em relação ao barulho e à sujeira. Estamos diante de uma epidemia de dengue. Não é que a gente não goste, é uma questão de bem estar físico e mental. O excesso de euforia ultrapassa o bom senso e os limites. Sem contar o xixi, que deixa um mau cheiro horrível”, disse Rosin, que também é membro do Conselho de Saúde e Meio Ambiente de Pinheiros.

A vice-prefeita Nádia Campeão (PCdoB) reforçou a afirmação de que “um ajuste está sendo feito”. Segundo ela, a prefeitura foi pega de surpresa com a comemoração na Vila Madalena. “Imaginava-se que a Paulista seria o centro de turistas. Todos os consulados pediram reforço em segurança, limpeza, dizendo que era ali que a turma iria ficar. Temos muito tempo de Copa para aperfeiçoar aquilo que precisa. Se não está bom, nada nos impede de fazer os ajustes necessários”, concluiu.

Fonte: Terra
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