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Craques e torcedores

Rei dos dribles, Garrincha conduziu Brasil ao bi mundial

O maior driblador da história do futebol foi fundamental para as conquistas das Copas de 1958 e 1962

12 jun 2014 - 11h11
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<p>Garrincha comandou a Seleção Brasileira na conquista da Copa de 1962, no Chile</p>
Garrincha comandou a Seleção Brasileira na conquista da Copa de 1962, no Chile
Foto: Getty Images

Se o Brasil é hoje conhecido como o país do futebol alegre e irreverente, boa parte desta fama se deve ao que Garrincha fez nas décadas de 1950 e 60. Considerado o maior driblador da história do esporte, o ex-ponta-direita ganhou duas Copas do Mundo com a camisa da Seleção (1958 e 1962), mas entrou mesmo para a história por conta das jogadas desconcertantes que fazia diante de seus marcadores.

Manuel Francisco dos Santos nasceu no município de Magé (RJ), em 1933. Sua baixa estatura em comparação com outros garotos da mesma idade fez com que sua irmã passasse a chamá-lo de Garrincha, um pássaro comum na região em que morava. Além disso, desde pequeno uma característica sua chamava a atenção: ele tinha a perna direita seis centímetros mais curta do que a outra, e ela era levemente curvada para a esquerda. No entanto, o que era aparentemente uma desvantagem em campo, acabou se tornando um pesadelo para os seus marcadores.

Aos 14 anos, ele começou a jogar futebol de forma amadora, e tentou por diversas vezes ingressar em clubes profissionais, sendo sempre rejeitado por conta do problema na perna. Até que um ex-jogador chamado Arati o levou para fazer teste em seu antigo clube, o Botafogo.

No primeiro treino diante dos profissionais, Garrincha foi marcado pelo já consagrado Nilton Santos, que havia defendido a seleção brasileira na Copa de 1950 e viria a ser eleito pela Fifa o maior lateral-esquerdo da história do futebol. Porém, nada disso intimidou o jovem, que aplicou uma série de dribles desconcertantes no renomado jogador logo nos primeiros minutos da atividade.

A atuação de Garrincha foi tão marcante que o próprio Nilton Santos foi defender a contratação do garoto diante do presidente do Botafogo, pois não queria ter de enfrentá-lo outra vez. E o mandatário não se arrependeu ao ceder à pressão, pois o jovem marcou três gols logo em sua estreia e se transformou no maior ídolo da história do clube, faturando três Campeonatos Cariocas, dois Torneios Rio-São Paulo e uma série de taças internacionais.

Do Brasil para o mundo

A grande consagração, no entanto, viria com suas exibições com a camisa verde e amarela. A estreia de Garrincha na Seleção aconteceu em um empate diante do Chile, em 1955. Porém, devido à forte concorrência com Julinho Botelho, que também jogava na posição de ponta-direita e defendeu o Brasil na Copa de 1954, Garrincha só viria a ter uma sequência pelo time nacional em 1958, às vésperas do mundial da Suécia.

Cerca de um mês antes do início da competição, o craque marcou um de seus gols mais antológicos, em amistoso contra a Fiorentina, da Itália. Após driblar quatro marcadores e o goleiro, o ponta-direita esperou perto da linha do gol seus oponentes se recuperarem, os driblou novamente e empurrou a bola para as redes. Apesar do grande futebol, ele foi relegado ao banco de reservas nas duas primeiras partidas da Copa.

Depois de estrear com uma goleada por 3 a 0 diante da Áustria, o Brasil jogou mal e não saiu do 0 a 0 com a Inglaterra. Por conta disso, o treinador Vicente Feola sacou Mazzola, Dino Sani e Joel e promoveu as entradas de Zito, Pelé e Garrincha contra a União Soviética.

No início do jogo, os soviéticos tentaram a marcação homem a homem no lado esquerdo de sua defesa. Aos poucos, porém, Garrincha foi fazendo enormes estragos por aquele setor, e os adversários passaram a amontoar vários atletas para tentar barrar o craque. Nada disso foi suficiente para impedir a derrota por 2 a 0 e a classificação do Brasil para a fase seguinte. Depois deste jogo, Pelé e Garrincha não saíram mais do time e conduziram o país ao título.

Quatro anos mais tarde, com os dois já consagrados, o Brasil desembarcou no Chile para defender o caneco. Após uma bela vitória por 2 a 0 diante do México, Pelé se machucou no empate sem gols contra a Tchecoslováquia, ficando de fora do restante da competição. Sem o rei, coube ao ponta-direita a missão de conduzir o país ao seu segundo título mundial. E Garrincha não decepcionou.

Além dos famosos dribles desconcertantes, Garrincha mostrou sua versatilidade marcando gols de várias maneiras. Contra a Inglaterra, nas quartas de final, balançou as redes de cabeça e em um belo chute de fora da área, sendo fundamental na vitória por 3 a 1. Já na semifinal contra os donos da casa, o craque abriu o placar pegando sobra na entrada da área com a perna esquerda, e usou a cabeça para fazer o segundo no triunfo por 4 a 2. Apesar da grande atuação, o ponta-direita acabou expulso no final do jogo, e teria de cumprir suspensão automática na decisão contra a Tchecoslováquia.

No entanto, a importância de Garrincha era tão grande para a equipe que a súmula e o árbitro da partida desapareceram misteriosamente de Santiago. Sem provas do cartão vermelho, o ponta-direita entrou em campo na grande decisão. Mesmo sem marcar, sua presença concentrou tanto as atenções dos tchecos que eles se esqueceram da qualidade de Amarildo, seu companheiro de Botafogo. Com isso, o substituto de Pelé marcou o gol de empate e fez grande jogada para Zito desempatar o jogo. No final, o Brasil venceu por 3 a 1, e Garrincha foi eleito o melhor jogador daquele mundial.

O craque ainda viria a jogar a Copa de 1966, mas o Brasil, com um elenco já veterano, acabou eliminado ainda na primeira fase. Sua última atuação com a camisa verde e amarela foi justamente na sua única derrota pelo país, ao perder por 3 a 1 para a Hungria. Nos outros 59 jogos em que defendeu o Brasil, o craque conquistou 52 vitórias e sete empates, tendo marcado 16 gols.

Garrincha ainda teve breves passagens por Corinthians, Portuguesa Carioca, Júnior de Barranquilla, Flamengo e Olaria, mas as impiedosas entradas que recebeu ao longo da carreira impediram que o jogador se destacasse nessas equipes. O excesso do consumo de álcool durante toda a vida provocou uma cirrose que o levaria à morte em 1983, quando tinha 49 anos. No entanto, seus feitos o imortalizaram, e ele segue até hoje como um dos grandes nomes da história do futebol.

Fonte: PrimaPagina
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