Mudanças radicais podem afastar nomes como Casemiro
27 jun2012 - 05h00
(atualizado às 07h46)
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Antes de ser tirado do treino da manhã dessa terça-feira para ser informado de sua demissão, Emerson Leão programava para a tarde um coletivo com portões fechados no CT da Barra Funda no qual mudaria bastante o time. Nomes como Casemiro, perseguido pela torcida e pouco empenhado, deveriam ser sacados. E alterações como essa devem realmente ser executadas pelo interino Milton Cruz, para alegria de Juvenal Juvêncio.
"Talvez uns dois ou três atletas estejam precisando ficar fora. Depende do Milton, mas vai ter mudança", disse o presidente, que não esconde sua tranquilidade para interferir na montagem da equipe - e não deve pensar duas vezes para fazer "sugestões" ao coordenador técnico que estará à frente do time no sábado, contra o Cruzeiro.
Embora já ciente de que é nome certo nas Olimpíadas, Casemiro deve passar por mais um período no banco em seu clube, como Leão já havia feito neste ano. Cortez, Jadson e, mais uma vez, Paulo Miranda são cotados a terem o mesmo destino. E há ainda quem irrita o mandatário são-paulino por sua postura fora de campo.
"Quem não está bem comigo e com o plantel é o jogador que chegou atrasado, que foi visto não sei onde, que sabe que vou mandá-lo embora e que não gosto dele porque não está comprometido", afirmou Juvenal, recusando-se a citar nomes e dizendo "gostar muito" de Casemiro, a quem garantiu que não seria negociado após recusar propostas de 8 milhões de euros do Tottenham no início do ano.
O volante, porém, vive um momento bastante conturbado. Foi o principal alvo dos insultos preparados pela principal organizada do clube entoados durante toda a derrota para a Portuguesa. O jogador de 20 anos foi chamado de baladeiro, cachaceiro e mercenário, além de ouvir o cântico "Um minuto de silêncio, Casemiro está morto".
Claramente abalado, foi sacado por Leão no segundo tempo e não deveria ter sequência na equipe. "Está na hora de mexer mais radicalmente na equipe. Muitos jogadores se dedicam muito e outros precisam melhorar. O São Paulo é muito grande e tem necessidade de algumas coisas que o próximo treinador vai perceber", afirmou o técnico ao se despedir do clube.
Juvenal, ao falar do assunto, tratou de considerar óbvia a conclusão do, agora, ex-treinador do time tricolor. "O Leão disse que ia fazer modificações radicais. Então, está admitindo que o que vinha vindo estava ruim. Mas não podia esperar chegar a essa situação, tinha que ver antes. Viu um pouco tardiamente. Depois que a Inês é morta..."
Se Milton Cruz ou o novo técnico não agirem, será feito como ocorreu com Paulo Miranda, tirado até da concentração por ordem da diretoria. "Vivemos durante a gestão do Leão percalços naturais do futebol. Apanhamos muito no caso Paulo Miranda, criticaram uma intromissão que houve mesmo no processo. E não foi subalterna, foi direta. Mas não foi cometido nenhum pecado capital", argumentou Juvenal.
O São Paulo anunciou nesta terça-feira (26) a demissão do técnico Emerson Leão, que estava no Morumbi desde outubro. Presidente do clube, Juvenal Juvêncio disse ser "difícil" contratar um estrangeiro, devido às dificuldades de adaptação, mas ao mesmo tempo lamentou o nível atual entre os profissionais disponíveis no mercado brasileiro. Entre sonhos de consumo e nomes especulados nos últimos dias ou já sondados anteriormente, o Terra lista 10 candidatos à sucessão de Leão:
Após pagar uma multa rescisória de 15 milhões de euros (R$ 38,8 milhões) para tirar André Villas-Boas do Porto, no meio de 2011, o Chelsea demitiu o treinador no início de março. Desempregado, o português, 34 anos, foi especulado em clubes europeus como o Tottenham e foi sondado oficialmente pelo São Paulo, segundo a Folha de S. Paulo
Foto: Getty Images
Eleito o melhor técnico do último Campeonato Paulista, Oswaldo Alvarez foi vice-campeão do torneio pelo Guarani, que não faz um grande Brasileiro da Série B, ocupando atualmente a zona do rebaixamento. O treinador, 55 anos, poderia iniciar uma nova passagem no São Paulo, o qual já comandou em 2001, com a conquista do Torneio Rio-São Paulo
Foto: Rodrigo Vilalba / Divulgação
Vice-presidente de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes já elogiou o trabalho de Gilson Kleina, que está na Ponte Preta desde 2011. Depois de conseguir o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro e chegar à semifinal do último Campeonato Paulista com o time de Campinas, o treinador, 44 anos, aparece bem cotado na diretoria tricolor
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Campeão da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes da Fifa de 2005 pelo São Paulo, Paulo Autuori é desde então especulado para retornar ao clube. Atualmente no comando da seleção do Catar, o técnico, 55 anos, disse ao Terra que tem contrato de mais dois anos e que espera levar a equipe a uma Copa do Mundo pela primeira vez na história. Essa entrevista foi publicada no início de junho
Foto: Getty Images
A rádio Jovem Pan cita Jorge Sampaoli como um possível substituto de Emerson Leão. O argentino, 52 anos, teve a carreira de jogador encerrada precocemente devido a uma lesão na categoria de base do Newell's Old Boys e desde então se dedicou ao estudo do futebol. Grande fã de Marcelo Bielsa, Sampaoli fez carreira no Peru e desde 2011 se destacou na Universidad de Chile, conquistando o Campeonato Chileno e a Copa Sul-Americana. Neste ano, foi semifinalista da Copa Libertadores
Foto: Getty Images
René Simões aparece como um candidato ao cargo visto que já está no São Paulo: desde fevereiro é diretor-técnico das categorias de base do clube. Quando foi contratado, ele contou ter feito questão de colocar em seu contrato que não assumiria o time profissional sob nenhuma circunstância. Como treinador, o carioca, 59 anos, tinha feito seu último trabalho no Grêmio Barueri, em 2011
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Atual bicampeão paranaense, Marcelo Oliveira ajudou o Coritiba a quebrar, em 2011, o recorde mundial de vitórias no futebol, com 24. Nesta temporada, o treinador, 57 anos, chegou pela segunda vez consecutiva à final da Copa do Brasil e tenta o inédito título. Na semifinal, eliminou justamente o São Paulo, clube no qual poderia suceder a Emerson Leão. O contrato do ex-atacante do Atlético-MG com o Coritiba vai até o fim de 2012
Foto: Getty Images
Tricampeão brasileiro pelo São Paulo entre 2006 e 2008, Muricy Ramalho é um sonho eterno da diretoria tricolor. Atualmente no Santos, pelo qual ganhou a Copa Libertadores de 2011, o treinador, 59 anos, dificilmente retornará ao Morumbi imediatamente. Muricy foi demitido pelo São Paulo em 2009, por opção do então vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, que não está mais no comando da modalidade no clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Agente de Dunga, Antonio Caliendo confirmou que o São Paulo procurou o treinador para substituir Paulo César Carpegiani em julho de 2011, mas o ex-volante teria recusado o convite. Dunga, 48 anos, não trabalha desde a eliminação da Seleção Brasileira nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010. Seu nome é vistos com bons olhos por Juvenal Juvêncio, mas, ao que parece, ele pretende continuar a carreira fora do Brasil
Foto: Getty Images
Outro nome ventilado para assumir o comando do São Paulo é o de Ney Franco. O treinador, 45 anos, foi campeão da Série B do Campeonato Brasileiro pelo Coritiba em 2010 e em seguida deixou o clube para assumir a Seleção Brasileira Sub-20. Vencedor do Mundial e do Sul-Americano da categoria, Franco ajudou o País a conquistar a vaga no torneio de futebol olímpico em Londres 2012