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Após denunciar preconceito, mãe consegue ver filha em torneio de futebol com meninos

18 ago 2017 - 10h13
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A comerciante Eliane Barbosa não se conformou com uma decisão dos organizadores da Copa Sesc 2017, em Muriaé-MG, de impedir que sua filha, Maria Alice, de 10 anos, se inscrevesse num torneio de futebol atuando ao lado de meninos. Em razão disso, promoveu um abaixo-assinado pela internet que alcançou mais de 19 mil assinaturas. Ambas moradoras de Vieiras-MG, Eliane e Maria Alice tiveram na noite de quinta (18) a notícia que esperavam: o Sesc voltou atrás e aceitou a participação da jovem.

Maria Alice (a segunda da direita para a esquerda na fileira de cima) e seus companheiros de time de futebol na cidade de Vieiras (MG)
Maria Alice (a segunda da direita para a esquerda na fileira de cima) e seus companheiros de time de futebol na cidade de Vieiras (MG)
Foto: Arquivo pessoal

“Valeu a pena lutar e externo minha eterna gratidão a todos que se posicionaram favoráveis ao sonho da minha filha”, registrou Eliane, ao pé da carta enviada anteriormente ao Sesc e publicada no site que hospedava a petição (change.org).

Naquele documento, que contou com o apoio até da ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda, Eliane detalhou a relação da filha com o futebol. “Treina três vezes por semana e joga todos os dias após as aulas com os amigos.”

Maria Alice é tratada pelos colegas como a líder do time – que tem em torno de 20 meninos e apenas ela como representante feminina. Ao saber do torneio, juntou a documentação de cada um, fez cópias, e os ajudou a preencher as fichas. Até comprou um tênis, no qual mandou gravar seu nome, para disputar a Copa.

A equipe participa de jogos municipais e até intermunicipais e tem Maria Alice como mascote. “A paixão dela é o futebol. Na véspera de uma partida, nem dorme direito, fica numa ansiedade incrível”, contou ao Terra a irmã de Alice, Maria Fernanda, que trabalha na mercearia da família, em Vieiras, e é uma de suas maiores incentivadoras.

“Ela tira notas altas na escola – está no quinto ano do Ensino Fundamental. Faz parte do acordo com minha mãe. Se for mal nas provas, fica sem jogar. Então, a maninha não se descuida nos estudos.”

Antes de saber que sua reivindicação fora atendida, a mãe de Maria Alice afirmou que a medida do Sesc expressava “total desrespeito à igualdade de gênero”. “Não adianta falar que somos todos iguais se continuarmos permitindo que regras machistas assim prevaleçam.”

“Como podemos explicar para ela que o fato de ser menina a impede de participar de uma competição, mesmo tendo condições físicas, psicológicas e técnicas suficientes para tanto?”, indagara Eliane Barbosa.

Ao Terra, na tarde de quinta (18), o Sesc enviou uma nota, em que justificava a medida considerada excludente pela família de Maria Alice. Eis sua íntegra:.

“O Sesc em Minas Gerais informa que a Copa Sesc é uma competição regida pelas regras da Confederação Brasileira de cada modalidade, considerando que o regulamento da atividade, em seus artigos 21 a 30, não prevê a modalidade de futsal sub-11 mista com a participação de meninos e meninas na mesma equipe. Dessa forma, as competições são realizadas, tão somente, nas categorias masculinas e femininas em separado.”

Horas depois, o Sesc decidiu não mais se opor à inscrição de Maria Alice.

Jogadores se dedicam às causas sociais:
Fonte: Especial para Terra
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