Copa Roubada? Teorias da conspiração questionam, sem provas, conquistas nos Mundiais
Mensagem no Whatsapp sugere possível favorecimento à Argentina e França no Catar, cujos craques Messi e Mbappé jogam no PSG, que é comandada por empresa vinculada ao governo catariano
As teorias da conspiração não só se espalham no espectro político, mas também no âmbito esportivo e, na Copa do Mundo, isso não é diferente. Boatos e invenções sem qualquer comprovação se espalham com facilidade e contribuem para o fenômeno da desinformação, ou mesmo da desconfiança. No futebol brasileiro, essas teorias surgem de tempos em tempos, e nunca foram confirmadas. Por vezes são maldosas e causa muita indignação.
Durante o Mundial do Catar, mensagens compartilhadas no Whatsapp sugerem, sem prova alguma, um favorecimento à Argentina e França, cujos craques Messi e Mbappé jogam no Paris Saint-Germain, que é comandada pela Qatar Sports Investments, empresa vinculada ao governo catariano, país-sede do Mundial 2022. Pronto. As redes começam a circular essa teoria sobre um provável campeão. Não há nenhuma informação que embase essa suspeita. Nem leva em conta a qualidade esportiva de Argentina e França. Vale lembrar que essas duas seleções foram apontadas como candidatas ao título no Catar muito antes de a Copa começar.
A narrativa lembra declarações do presidente da Fifa, Gianni Infantino, em 2017 ao jornal argentino La Nación de que seria injusto Messi se aposentar sem ter ganhado uma Copa do Mundo e traz questionamentos sobre um possível favorecimento.
A fala otimista do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, ao diário Olé, em novembro de 2021, de que uma seleção sul-americana ganharia o Mundial do Catar também é colocada em dúvida. Ela se tornou mais um argumento para essa teoria da conspiração. Já a afirmação do secretário-geral do Comitê da Copa do Mundo, Hassan Al Thawadi, à agência de notícias Telam, de que "ver Messi levantar o troféu no que pode ser a sua última Copa do Mundo seria algo especial para nós, como organizadores" também é encarada de forma suspeita.
A mensagem compartilhada no Whatsapp que coloca, sem provas, a credibilidade da Copa do Mundo do Catar termina dizendo que em "18 de dezembro milhões sairão para festejar este show de palhaços".
Teorias malucas nas Copas
Teorias de conspiração em época de Copa do Mundo são comuns no futebol. Antes da estreia do Mundial do Catar, postagens no Twitter viralizaram associando uma conta com o nome Amjad Taha, em que se dizia jornalista e chefe do Centro Britânico de Estudos e Pesquisa do Oriente Médio, afirmando, sem evidências, que o Catar tentou subornar jogadores do Equador oferecendo mais de US$ 7 milhões (R$ 37,5 milhões) para vencer o jogo de estreia por 1 a 0. A mensagem enganosa errou o vencedor e o resultado da partida, já que a seleção equatoriana venceu os catarianos por 2 a 0.
No Mundial de 1998, foram levantadas suspeitas na internet sobre a questão de saúde de Ronaldo e o título francês dentro de casa. Todas sem provas até hoje. Em 2014, antes da Copa no Brasil, um falso escândalo era divulgado nas redes sociais e questionava a humilhante goleada sofrida pela seleção para a Alemanha por 7 a 1 em um dos maiores vexames em Mundiais. Vexame dentro de campo, diga-se. Uma carta associada a um falso jornalista de nome Gunther Schweitzer apontava, sem provas e evidências, um suposto esquema para favorecer os alemães. "Se as pessoas soubessem o que aconteceu na Copa, ficariam enojadas", dizia o título.
Para checagem de fatos e desmonte de boatos, acesse o Estadão Verifica.