A entrevista de Antônio Lopes e Luiz Felipe Scolari que antecedeu a
convocação para o jogo contra a Bolívia, seguiu a insuportável rotina
de outras oportunidades. Um com a voz cansada (Lopes). Outro
(Scolari) com a voz pastosa, arrastada, com a característica má
vontade de quem parece estar fazendo um grande favor ao responder as
perguntas óbvias e rotineiras. Um assessor de imprensa, que acha o
máximo trocar o nome de um jornal que tem mais de cem anos.
Mesmo assim, para quem ouviu e teve paciência e boa vontade, deu para perceber alguma informação extraída a fórceps. Parece definitivo que
Romário não vai mesmo para a Copa do Mundo. Uma próxima convocação do “Baixinho” só poderia se justificar pelo raciocínio às vezes
confuso do técnico da Seleção Brasileira.
No entanto, a esperança na recuperação de Ronaldinho é ilimitada, e
até irracional. Ele já está convocado. Não para o próximo jogo,
contra a Bolívia, mas para o amistoso na Arábia Saudita.
Uma precipitação total, desnecessária, pois ninguém sabe, até lá,
como Ronaldinho vai reagir aos próximos jogos. Uma besteira. Quando
ele tiver que vir para a Seleção, que seja convocado sem esse alarde
e atropelo anti-profissional.
Enfim, depois de tanto blá-blá-blá na coletiva, pôde-se deduzir que
devem restar, no máximo, quatro vagas para completar a delegação de
jogadores que irá a Copa. Se o Brasil fosse estrear amanhã no
mundial, o time que entraria em campo poderia ser esse: Marcos, Cafu,
Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos; Emerson, Vampeta, Edmílson e
Rivaldo; Ronaldinho e qualquer um. Na reserva estariam: os goleiros
Dida, Júlio César e mais Belletti, Cris, Serginho (do Milan), Juninho
Paulista, Denílson, Edílson e Luizão.
Felipão parece buscar ainda mais um zagueiro de área. Nada de
milagres táticos, como três, cinco, dois, isso e mais aquilo, porque
Felipão não tem sensibilidade técnica para armar grandes estratégias.
Ele gosta mesmo é de jogadores que saibam marcar no meio-campo e, se
necessário, dar pontapés.
O time que vai jogar o amistoso do dia 27 de março, deverá ser o
titular para iniciar a Copa. Depois é acreditar na qualidade do
jogador brasileiro, na união do grupo e na inteligência
do “professor”.
Em tempo: rezar também ajuda.