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Fernando Santos
Segunda-feira, 27 Agosto de 2001, 12h07
terraesportes@terra.com.br

A era do tango


A final da Copa América de basquete comprovou: a Argentina é, disparada, a melhor seleção sul-americana dos últimos sete anos; e o Brasil precisa, urgentemente, de um plano ofensivo, ou viverá pelo menos mais sete anos dançando ao som do tango.

Cinco jogos e cinco vitórias argentinas. Não há o que contestar. Na decisão da Copa América, os argentinos passaram o último período comemorando o título, gritando olé, fazendo jogadas de efeito. Pode-se chamar isso de humilhação. Prefiro a palavra a expressão superioridade total.

Eles são muito melhores, têm maior qualidade técnica, maior experiência e, acima de tudo, sabem jogar no ataque. Porque o Brasil chegou ao vice-campeonato graças ao esforço defensivo, importante em partidas-chave contra Porto Rico e Canadá, e ao talento individual de jovens promessas, que despontou, também, em momentos importantes da competição.

Isso não significa jogar no lixo a campanha brasileiro. De maneira nenhuma. O segundo lugar foi uma posição honrosa, que há anos o basquete brasileiro não alcançava. Já foi dito que a classificação para o Mundial de 2002, em Indianápolis, era o primeiro passo do processo de renovação. Ótimo. Por isso, agora é preciso pensar mais longe.

E isso significa ter um padrão de jogo ofensivo. Prova do atraso em nosso planejamento está na final da Copa América. Um desastre que serve para mostrar todas as deficiências do Brasil nesse setor. O primeiro período foi um tragédia: apenas seis pontos, sendo que a primeira cesta demorou quase seis minutos. No segundo período, uma pequena melhora, com 16 pontos marcados. No terceiro, nova recaída: o time ficou mais seis minutos sem pontuar e fez apenas 11. O suficiente para deixar a Argentina abrir uma diferença de 31 pontos.

A vantagem, no último período, chegou a 37 pontos. Essa é a dimensão exata da diferença de qualidade entre os dois times. Diferença, sobretudo, de evolução. Os argentinos têm hoje uma equipe pronta, capaz de chegar ao Mundial em condições de brigar por uma medalha. Quanto ao Brasil, a participação deverá servir como mais uma etapa no processo de construção desta nova geração.

O técnico Hélio Rubens deve ter, após o Sul-Americano, o Super Four e a Copa América, definido um grupo base. Não se trata de um grupo fechado, porque isso não existe num processo de renovação. E nem pode. A seleção ainda precisa encontrar um armador de talento, não apenas condutores de bola como Helinho e Demétrius. Precisa focalizar mais os ataques, proporcionar situações para que os jogadores tenham condições de finalizar, e não arriscar arremessos no desespero; variar mais o jogo do perímetro e no garrafão; e apostar mais nos jovens pivôs.

Isso tudo leva tempo. Para uma equipe que se reuniu há menos de três meses, o resultado é bastante expressivo. É importante que a comissão técnica tenha isso em mente. Que o trabalho está apenas começando. E que, se por acaso, alguém achar que demos uma passo gigantesco, basta olhar para nosso vizinho argentino. E se deleitar com o mais belo tango ao cesto dos palcos sul-americanos.

 

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