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"Mãe, vamos visitar o papai lá no céu? Tenho saudades dele"

29 nov 2017 - 10h39
(atualizado às 10h43)
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Há exatamente um ano, Amanda Machado, mulher do jogador Dener, ouviu incrédula a confirmação de que seu noivo – se casariam em duas semanas – não constava da lista de sobreviventes do voo da Chapecoense. Num rompante, movida pelo desespero, decidiu naquele instante abrir mão da própria vida. Estava a poucos segundos de tomar uma atitude extrema e sem volta quando ouviu uma voz até hoje indecifrável gritando-lhe aos ouvidos. “Olha o Bernardo, ele está aqui!”

Foto: Francieli Constante/ACF

Como que num estalo, encharcada de luzes que lhe invadiam o coração, Amanda interrompeu aqueles que seriam seus passos derradeiros. Abraçou e beijou o filho como jamais fizera, chorou nos braços do menino de 2 anos e aos poucos se acalmou. Hoje, ainda em meio ao luto que lhe provoca altos e baixos, tem consciência de que Bernardo a salvou do suicídio.

“Foi quem me segurou, um dia ele vai saber disso. O Dener era meu apoio, tínhamos uma cumplicidade muito grande, uma história bonita de amor. Eu já tinha perdido minha mãe muito cedo e minha avó também. O Dener ia no cemitério onde minha mãe foi sepultada e chorávamos juntos. Ele nem a conheceu. Quando ela se foi, eu tinha 10 anos”, disse Amanda, em entrevista para o Terra.

No dia a dia, Amanda tenta manter viva a lembrança do pai para o pequeno Bernardo, hoje com 3 anos. Exibe vídeos com jogos dele, mostra fotos, reportagens e toda noite, na hora de dormir, canta a mesma canção que Dener cantava quando se deitava ao lado do filho. De vez em quando, Bernardo fala que sente saudades do seu herói, que jogou 119 vezes pela Chapecoense em 2015 e 2016, e faz um pedido especial para sua mãe.

“Vamos visitar o papai lá no céu? A gente pode pegar um avião pra ir lá, estou com saudades dele.”

Amanda respira fundo quando ouve esse apelo, repleto de ternura e ingenuidade. “Ele acha que o céu é outra cidade. Tem o sentimento de que o pai o abandonou e isso é mais marcante porque o Dener sempre foi muito carinhoso com ele”

Conforto oferecido pelo filho e trabalho reerguem viúva de assessor

Sirli Freitas também sofreu uma reviravolta em sua vida com o acidente de 29 de novembro do ano passado, na Colômbia. Perdeu ali seu marido, o então assessor de imprensa da Chapecoense, Cleberson Silva, com quem estava casada havia 14 anos. Para se manter de pé, apesar das oscilações, agarrou-se ao trabalho – é jornalista e substituiu Cleberson na função – e aos filhos do casal – Mariana, 3 anos, e Pedro, 9 anos.

“Passei a trabalhar bem mais, a fim de ocupar o tempo. E, claro, minha dedicação ao Pedro e à Mariana também cresceu muito. São meus dois tesouros.”

A dificuldade maior para lidar com a nova situação foi com Pedro, com uma capacidade de compreensão incomparável, segundo a mãe. Nos momentos de instabilidade emocional, Sirli se vê muitas vezes surpreendida pela ação solidária do filho.

“Ele vem me confortar e usa as mesmas palavras que fiz uso lá atrás para consolá-lo, tão logo houve o desfecho da história. É algo impressionante e ele consegue me levantar.”

 

Muito Obrigado Medellín! Um sentimento sem definição. Dói ver onde tantas vidas se foram. Dói ouvir tantas histórias de sofrimento e aflição. Mas acalenta ouvir histórias de milagres, de vidas em meio ao caos. De pessoas com o coração tão bom que nos receberam como se dissessem: “também sentimos sua dor” e fizeram o possível para acalmar e acalentar nossos corações. Foi assim desde o início. Colombianos nos abraçaram e nos cuidaram para que a nossa dor fosse amenizada. Visitar o local do acidente só confirmou esse sentimento de gratidão a todas aquelas pessoas que nos abraçaram de alguma forma. Um local com difícil acesso, entre árvores, lama e montanhas. Dói ver a pista do aeroporto e saber que poderiam chegar a salvo. Dói sentir aquele clima pesado de cima do Cerro. Dói olhar ao redor. Depois da chuva um lindo arco-íris se apresentou. Depois de rezarmos e de agradecer por todas as alegrias que nos proporcionaram enquanto estiveram aqui conosco é hora de voltar. Voltar com o sentimento de paz, de saber que desta vida levamos apenas o bem que fizemos enquanto estivermos aqui. Estaremos sempre conectados com aqueles que se foram. Doeu muito, mas foi importante. Foi preciso estar lá e agradecer, orar e pedir que continuem nos ajudando a enfrentar tudo isso. Agradecer aos pessoas que se doaram pela nossa dor e agradecer muito as vidas que sobraram desta tragédia. “Foi um milagre”. Muitos falavam. E não foi preciso insistir, bastava olhar ao redor e constatar que realmente foi um milagre. #medellincolombia #vamoschape #prasemprechape #umdiadecadavez #obrigadacolombia

Uma publicação compartilhada por Sirli Freitas (@sirlifreitas) em

As duas crianças têm acompanhamento psicológico, custeado por uma das duas associações de vítimas do voo da Chapecoense, a Abravic, da qual Sirli é diretora. A entidade presta ajuda para suprir necessidades imediatas dos parentes das 71 vítimas.

Amanda Machado, por exemplo, consegue recursos daí para pagar a escola do filho Bernardo e de sua faculdade de Relações Públicas. A outra associação, Afav-C, é voltada para questões que envolvem a Justiça, como ações por indenizações.

Veja também:

Sobreviventes fazem relato emocionante de acidente da Chape:
Fonte: Especial para Terra
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