Berrante: ouça os quatro tipos de toques mais tradicionais

Inventado para conduzir a boiada entre um destino e outro, o berrante é um dos mais tradicionais instrumentos do universo country. No Brasil, os primeiros modelos eram produzidos com chifre de boi pedreiro (antiga raça proeminente do século 19), no norte paulista, Mato Grosso, Triângulo Mineiro e Goiás. Atualmente, é feito com o mesmo material, mas utilizam-se outras raças. Pode-se fazer dois berrantes com o chifre de três bois.

O berrante é um tipo de aviso para os bois e os peões, tocado pelo ponteiro (primeiro homem do grupo). Por meio de sons agudos ou graves, o peão emite diferentes tipos de mensagens, por exemplo, o toque "Solta". "É sereno e serve para despertar a boiada", diz Armando Garcia, coordenador do concurso de berrante em Barretos, o mais antigo do país.

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Garcia conta que é normal, no meio do percurso, a redução de ritmo da boiada, que pode caminhar 20 quilômetros por dia. Para aumentar a velocidade do grupo, existe um toque especial, chamado de "Estradão". "É semelhante à marcha de um soldado", explica. Vale ressaltar, uma boiada de mil bois tem quase 1 km de comprimento, enquanto o som do berrante atinge 3 km.

Tem até toque para avisar perigo (uma ponte quebrada, por exemplo) ou um desvio na mata. Neste caso, um ou mais peões se antecipam para avaliar a situação e trabalhar para a boiada passar sem problemas. "É o toque "Rebatedouro", semelhante ao de um clarim", conta.

O toque preferido de alguns peões é o "Queima do Alho", que se refere ao almoço. Antes do som, o cozinheiro toma a frente e se distancia até achar um lugar ideal para o descanso da boiada e também para preparar a refeição. O ponteiro, ao avistar o cozinheiro, toca o berrante para acelerar o ritmo do grupo.

O toque para encerrar o dia é "Floreio", que não segue nenhum padrão. Por ser livre, os peões fazem o som de uma música ou até vozes. "É mais para fazer uma graça", diz.