Magnano pede volta do Sírio e agrada campeão mundial de 1979
Campeão olímpico e vice mundial como técnico da Argentina, Rubén Magnano foi um armador medíocre, como o próprio se define. Ele pouco sabe sobre feitos do Sírio no basquete, mas ficou fascinado ao conhecer parte da história da agremiação durante o período de treinamento da Seleção de Novos do Brasil no ginásio do clube, a ponto de pedir uma retomada.
"Eu não consegui acompanhar aquele time que foi campeão mundial, mas sei um pouco da história. Olhando as paredes aqui do ginásio, já consegui aprender algumas coisas. Na verdade, só de entrar nesse ambiente você já respira um pouco da história do Sírio", disse Rubén Magnano, insuflando o peito, em entrevista à Gazeta Esportiva.net.
Entre as temporadas de 1959 a 1988, o Sírio conquistou os principais títulos da modalidade, entre eles o Mundial de Clubes-1979. Atletas como Amaury, Sucar, Menon e Mosquito, campeões mundiais com a Seleção Brasileira, vestiram a camisa da agremiação. Assim como Oscar e Marcel. Nos anos 1990, no entanto, a equipe de basquete adulta acabou extinta.
Posicionado ao lado dos painéis que remetem ao período áureo do clube, Magnano sugere. "É um pecado que atualmente o Sírio não tenha basquete. Acredito que uma equipe com toda essa história merece contar com um time, pelo menos em nível estadual. Acho que os dirigentes vão fazer alguma coisa e encontrarão uma solução para que o Sírio tenha basquete novamente", disse o argentino.A Seleção de Novos, convocada por Magnano, passou três semanas em preparação no ginásio do Sírio e se despediu no último domingo. Durante a estadia no clube, alguns treinamentos foram abertos aos sócios. Um dos principais jogadores da história da agremiação, Washington Joseph, mais conhecido como Dodi, campeão mundial em 1979, aproveitou para conhecer o técnico argentino.
"Eu já tinha uma ótima impressão do Magnano. Com a conversa que tivemos, melhorou ainda mais, principalmente pela postura dele. É uma pessoa que vivencia o basquete full-time. Um cara que está sempre falando sobre basquete, tentando trocar ideias e melhorar. São pessoas assim que realmente atingem o sucesso. Um cara que se dedica somente à sua atividade", elogiou.Com a camisa do Esporte Clube Sírio, Dodi conquistou praticamente todos os títulos da modalidade, do metropolitano ao mundial. Após encerrar sua trajetória como jogador, ele chegou a treinar a equipe e ainda atuou como diretor. Aos 63 anos, o engenheiro civil frequenta o clube regularmente e, de vez em quando, volta ao ginásio para bater bola.
"Vendo o nível de treinamento da Seleção de Novos, com o ginásio totalmente iluminado, as placas de publicidade instaladas, a movimentação de jornalistas e jogadores, a gente lembra dos tempos de glória do Sírio. Realmente, ficamos com muita saudade daquela época", disse Dodi, um dos ídolos homenageados nos painéis gigantes da quadra. "Toda vez que entro no ginásio é prazeroso e fico emocionado", completou.
Chateado com a política do Brasil nos esportes olímpicos, o ex-jogador conta que, como diretor do clube, foi obrigado a negociar com mães de integrantes das categorias de base acordos financeiros para manter os garotos no clube, um dos fatores que levaram o Sírio a encerrar as atividades no basquete. Para Dodi, um eventual retorno da modalidade passa por uma parceria com um patrocinador forte.
"Atualmente, um moleque da categoria mirim muda de clube por R$ 50,00. Você ensina o menino a jogar basquete e, quando chega no mirim, a família quer ouvir uma proposta financeira para manter o garoto no clube", diz, resignado. "O Sírio ainda tem um nome muito forte no basquete. Se chegar um patrocinador disposto a bancar tudo em troca de jogar com a camisa do clube, imagino que a instituição aceitaria", vislumbrou.