Hospedagem cara em Goiânia ameaça sucesso da MotoGP no Brasil
Com diárias podendo chegar à 10 mil reais, a ganância hoteleira pode transformar o sonho em um pesadelo para fãs e para a imagem da própria
A tão aguardada volta da MotoGP ao Brasil entre os dias 20 a 22 de março de 2026 deveria ser um momento histórico para o esport
e a motor nacional. O Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia, foi escolhido para receber a etapa brasileira do campeonato mundial, marcando o retorno da principal categoria do motociclismo ao país após mais de 20 anos.
Mas o sonho dos fãs começou a se chocar com a realidade logo após o anúncio oficial. Os preços dos hotéis em Goiânia dispararam, com diárias que antes custavam cerca de R$ 250 chegando a ultrapassar os R$ 10 mil no mesmo período do evento. Em alguns casos, as tarifas estão até quatro vezes mais altas, uma taxa considerada abusiva e que já gerou revolta nas redes sociais.
Com cancelamentos repentinos, escassez de quartos e valores fora da realidade, o problema vai além do bolso, a ganância hoteleira pode se tornar um obstáculo real para o crescimento da categoria no país. A MotoGP ainda busca firmar uma base sólida de público brasileiro, e o acesso limitado por conta de preços abusivos vai contra a ideia de popularizar o esporte.
Além disso, jornalistas independentes, fotógrafos e até trabalhadores do evento também são prejudicados. O impacto se espalha para a organização e para a imagem da cidade, que corre o risco de ser lembrada mais pelos altos custos do que pela boa recepção.
É importante lembrar que a vinda da MotoGP ao Brasil representa uma vitrine global para Goiânia, milhares de turistas, fãs estrangeiros e profissionais da mídia internacional devem desembarcar na capital goiana. A expectativa é de um forte impacto econômico positivo, mas isso só será possível se o turismo local for planejado de forma responsável.
Quando hotéis inflacionam preços de maneira desproporcional, o recado que fica é o pior possível: a oportunidade de lucro imediato vale mais do que a experiência do público. E essa lógica pode comprometer o futuro da MotoGP no país, afastando fãs e dificultando novas edições.
Se Goiânia quer se consolidar como destino esportivo desta e de outras categorias mundiais e mostrar ao mundo sua capacidade de receber grandes eventos, precisa repensar sua política de hospitalidade. Afinal, o crescimento sustentável se faz com planejamento, não com exploração.
A MotoGP é um espetáculo global, mas o sucesso da etapa brasileira depende de algo simples: respeitar o público que faz o evento acontecer.