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Mazepin só se desculpa por caso de assédio ter vazado. Haas precisa dar exemplo e demiti-lo

Se Nikita Mazepin entende que agora deve se comportar melhor somente por ser (ainda não) um piloto de Fórmula 1, há algo muito distorcido aí. Na verdade, quando disse que "precisa se segurar" parece ser só porque está em evidência. Não fosse isso, continuaria a agir da mesma forma repugnante. Não quer mudar, só não quer ser mal visto

9 dez 2020 - 21h56
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Nikita Mazepin foi anunciado pela Haas como titular para 2021 na F1
Nikita Mazepin foi anunciado pela Haas como titular para 2021 na F1
Foto: Haas / Grande Prêmio

Como se não bastasse apresentar um comportamento antidesportivo em pista, ratificado por punições em uma lista de episódios controversos na carreira em categorias de base e acesso à F1, Nikita Mazepin, 'contratado' da Haas para 2021, se revela cada vez mais um ser perigosamente descolado da realidade. Alguém que parece viver em uma redoma em que tudo é possível e normalizado. Que pode brincar com vidas e dramas alheios e apalpar o seio de uma moça sem consentimento. Com tudo, claro, orgulhosamente registrado em redes sociais, onde, aparentemente, tudo pode também. Só que algo deu errado. O holofote que está em si agora o obrigou a apagar o vídeo em que, sentado no banco do passageiro de um carro filma um amigo e expõe uma mulher, que mostra o dedo do meio em repulsa ao que havia acabado de acontecer. É, pegou mal. Afinal, um piloto de Fórmula 1 "precisa se segurar e manter um alto nível". Sim, foi essa resposta dada no comunicado em que se desculpa pelas cenas ofensivas publicadas em seu perfil. E é aí que esse holofote ganha um tom mais forte e ilumina a sujeira que havia sido empurrada para deixado do tapete do esporte, bem como da equipe americana.

Mazepin achar que tem de agir no padrão mais alto por ser piloto de F1 e não apenas porque isso é exigido de qualquer pessoa, de qualquer profissão, é insolente. E perigoso, mas não exatamente surpreendente, dados exemplos de como a bolha em que tem a vida é distorcida. Nikita é o mesmo que, algumas semanas atrás, debochou e escreveu que "hoje faz um ano que um menino comeu um morcego em Wuhan. Feliz aniversário, Covid". Acontece que um colega de grid na Fórmula 2, Robert Shwartzman, perdeu o pai para a doença. Além de todos os efeitos devastadores que a pandemia provocou ao redor do mundo e em seu país também. Em 2018, o jovem promoveu uma festa em Moscou em meio à morte de nove operários em um acidente em uma mina da empresa de seu pai. Bem, há uma falha de caráter. E também um desrespeito pela vida privilegiada, especialmente quando ignora que pessoas morreram enquanto geravam milhões à companhia da família.

Mazepin coleciona erros e manobras antidesportivas na carreira
Mazepin coleciona erros e manobras antidesportivas na carreira
Foto: F2 / Grande Prêmio

O piloto de 21 anos também já se envolveu em um confronto físico com o inglês Callum Ilott. Acertou socos no rival após um desentendimento durante os treinos da F3 Euro na Hungria. Ele foi suspenso da primeira corrida. No último fim de semana, acabou punido depois de duas manobras inconsequentes e graves durante a primeira corrida da Fórmula 2, no Bahrein.

É imperativo que aprenda a ser gente. Quanto ao lamento e a desculpa por "qualquer constrangimento à Haas" é uma vergonha e causa revolta. Por enquanto, a imagem que fica é que não existe uma intenção de compreender a razão pela qual esse último episódio é tão abjeto. O que há é um plano para não parecer mal visto aos olhos do público, agora que, como ele mesmo disse, é um piloto de Fórmula 1. Não fosse isso, seguiria agindo da mesma maneira. A diferença no momento é que está em evidência e parece que só isso o que faz "se segurar". Abominável, de fato.

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Diante desse cenário, a Haas precisou correr para minimizar o episódio, usou palavras fortes e condenou a atitude do recém-contratado. Por fim, afirmou que está cuidando internamente do caso. Bem, o internamente precisa ser a demissão. Não é um caso isolado. Não é um episódio tolerável. Não é algo que mereça uma segunda chance. Ou a equipe assumirá apenas o papel de refém, de vítima? De quem não sabia? São atitudes assim que definem quem você é.

Ainda, onde está o 'We race as one'? O silêncio da Fórmula 1 até agora também incomoda. É esse tipo de mensagem que a maior das categorias deseja ver seu nome associado? Em um questionamento mais coorporativo, as marcas todas envolvidas, vão querer lidar com alguém que não sabe o que fez de errado?

Corremos juntos como um ou não? Até aqui, a F1 só faz uso do slogan por oportunidade de marketing.

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