F1: 10 anos sem Jules Bianchi - o que mudou desde então
Há 10 anos, Jules Bianchi nos deixava após um trágico acidente no Japão. Sua ausência ainda dói - e a F1 nunca mais foi a mesma.
Em 5 de outubro de 2014, durante o caótico GP do Japão, Jules Bianchi sofreu o acidente que marcaria para sempre a história da Fórmula 1. Piloto da Marussia e uma das maiores promessas da sua geração, o francês havia se destacado pouco antes ao conquistar um histórico nono lugar em Mônaco — um efeito simbólico, especialmente por ser em solo monegasco.
Muito próximo da família Leclerc, Jules foi uma peça-chave na formação de Charles Leclerc, hoje piloto da Ferrari. Até hoje, o monegasco reconhece publicamente a influência de Bianchi em sua carreira, desde os tempos do kart até sua chegada à F1.
A corrida em Suzuka foi marcada por fortes chuvas provocadas pelo tufão Phanfone. Na volta 42, Adrian Sutil escapou da pista e colidiu com sua Sauber. Sob bandeira amarela dupla, um trator entrou para remover o carro. Bianchi, em alta velocidade, acabou aquaplanando, perdeu o controle e atingiu violentamente a traseira da máquina.
O impacto causou uma lesão axonal difusa, decorrente das intensas forças de aceleração e desaceleração. Esse tipo de trauma compromete gravemente as conexões entre as células nervosas do cérebro. Jules foi levado inconsciente ao hospital, passou por cirurgia e entrou em coma induzido — permanecendo assim até sua morte, em 17 de julho de 2015.
Desde então, a Fórmula 1 implementou medidas cruciais de segurança: o Halo foi introduzido, protocolos de bandeiras e resgate foram revistos, e o nome de Jules se tornou símbolo da busca por um esporte mais seguro.
Durante o GP da Bélgica de 2018, o Halo salvou Charles Leclerc. A McLaren de Alonso voou sobre sua Sauber após ser arremessada por Nico Hulkenberg, que errou a freada com sua Renault na primeira curva de Spa e quase atingiu o carro do jovem piloto monegasco.
FOTO 2: Halo salvou a vida de Charles Leclerc - Reprodução: FOX SPORTS
Mas nem todas as lições pareceram assimiladas. Em outubro de 2022, também durante o GP do Japão, Pierre Gasly viveu um momento de pânico. A direção de prova acionou o safety car para a retirada da Ferrari de Carlos Sainz, que bateu após a largada. No entanto, antes da bandeira vermelha, Gasly acelerava para alcançar o pelotão quando se deparou com um trator na contramão da pista.
A indignação veio pelo rádio:
— O que é esse trator na pista? Passei rapidamente por ele. Isso é inaceitável. Lembrem-se do que aconteceu. Não consigo acreditar nisso, desabafou o francês.
Nas redes sociais, Philippe Bianchi, pai de Jules, manifestou sua revolta:
— Nenhum respeito pela vida dos pilotos, nenhum respeito pela memória do Jules.
A FIA chegou a punir Gasly por excesso de velocidade, o que gerou ainda mais protestos entre fãs e pilotos.
O acidente de Jules foi o primeiro fatal na Fórmula 1 desde a morte de Ayrton Senna, em Imola, no ano de 1994. Dez anos depois, sua ausência ainda ecoa — e continua lembrando ao esporte que segurança nunca é demais.