FIA F3: A hora e a vez de Gabriel Bortoleto
O GP da Hungria também receberá a FIA F3 neste final de semana e Gabriel Bortoleto tem a chance de pavimentar mais ainda o caminho ao título
No esporte a motor, há uma velha máxima de que o piloto é tão bom quanto a sua última prova. Se extrapolarmos, temos que soltar muito rojão para Gabriel Bortoleto. O brasileiro tem feito uma temporada impressionante na FIA F3 e lidera o campeonato com certa folga.
Tal desempenho faz com que muita gente que antes ignorava a base ou até mesmo apontava suas apostas para outros pilotos acabe chamando a atenção para o trabalho feito. O último exemplo disso foi Felipe Drugovich no ano passado, mas isso é assunto para outro dia.
Bortoleto chegou para esta temporada como um dos bons nomes a serem observados. Tendo uma ótima base no kart (campeão brasileiro em 2014, vice-campeão da WSK em 2016 e 3º lugar no Mundial e Europeu de Kart na OK Junior em 2018), o brasileiro fez sua mudança para os monopostos em 2020 na F4 Italiana. Correndo pela PREMA, Bortoleto teve 1 vitória e chegou em 5º lugar.
Neste ano, Bortoleto encarou nomes que estão com ele na FIA F3 ano, como Gabriele Mini, Dino Beganovic e Leonardo Fornaroli. No ano seguinte, foi para a FRECA (F3 Regional Europeia) e correu pela FA Racing, terminando o campeonato em 15º lugar (5º lugar entre os estreantes).
Foi neste ano que teve contato com um tal de Fernando Alonso. A FA Racing era um time que tinha o apoio do espanhol, que estava começando a estruturar um esquema para desenvolvimento de pilotos, que começava no kart e também se espraiava para os monopostos, incluindo a FRECA.
A A14 Management veio ao mundo numa evolução deste projeto e Bortoleto foi um dos pilotos trazidos para a carteira de Alonso. A esta altura, o brasileiro fazia mais um ano na FRECA, mas desta fez na R-Ace, uma das boas equipes do grid. Terminou em 6º, com 2 vitórias (Spa e Barcelona).
O caminho natural na escada rumo à F1 era a subida para a FIA F3. A escolha pela Trident se mostrou muito positiva, pois a equipe italiana tem uma boa base para a categoria. Bortoleto se adaptou logo e desde os primeiros treinos mostrou que poderia ser considerado para estar na frente do pelotão em 2023.
Bortoleto é um daqueles pilotos que não parecem estar rápidos, mas quando se olha o cronômetro, o tempo vem. O estilo veio assim desde o kart e os anos de base foram trabalhando o estilo. Ao longo desta temporada, com exceção da Sprint Race no Bahrein, o brasileiro pontuou em todas as etapas.
A combinação de consistência e velocidade lhe renderam bons resultados. Aliado também a uma boa leitura estratégica do final de semana: Bortoleto consegue se colocar no grid de tal forma que aproveita muito bem as condições para a corrida longa de domingo (Feature Race) e coleta bons pontos na Sprint Race de sábado.
Assim, Bortoleto conseguiu 2 vitórias na principal e um 2º lugar na Sprint de Silverstone. Tudo isso lhe permite chegar à Hungria com 36 pontos de vantagem sobre o espanhol Pepe Martí, seu mais próximo perseguidor. Se a conjuntura permitir, Bortoleto pode pensar sim em conseguir o título antecipadamente em Spa-Francorchamps.
Seus resultados têm chamado a atenção e várias equipes vem o procurar, incluindo times de F1 visando suas academias de pilotos. Mas mesmo fora das pistas, a abordagem de Bortoleto é estratégica e as condições lhe facilitam. O conjunto aqui parece completo: talento, velocidade, maturidade e boa condição financeira.
Vale a pena acordar cedo para acompanhar todas as ações da FIA F3. A Band Sports transmite todos os treinos e as corridas de sábado e domingo. De olho nele!