ENTREVISTA: Felipe Massa participa de sua segunda temporada na Fórmula E

"A expectativa é muito maior para esse ano, quem sabe disputar vitórias e até o campeonato", disse Felipe Massa durante papo descontraído com jornalistas durante almoço em São Paulo

Felipe Massa visitou São Paulo antes do início da sexta temporada da Fórmula E com a proposta de propagar ainda mais uma série que cresce a cada ano - no Brasil e no mundo - que é categoria totalmente elétrica de monopostos, a FE.

Estreante nos carros elétricos em 2018, o brasileiro não pode contou com sua experiência de anos na Fórmula 1 em seu ano de estreia já que os carros - e a proposta da Fórmula E - são bem distintos da F1, enquanto a categoria corre apenas em circuitos de rua, com exceção do ePrix do México, realizado em uma parte do a Hermanos Rodríguez.

Para a temporada que começa neste final de semana na Arábia Saudita a expectativa do ex-Ferrari é bem maior: "disputar vitórias e até o campeonato", disse descontraído durante um almoço organizado pela categoria em um badalado restaurante paulistano – com a presença da F1Mania.

Selecionamos alguns trechos da entrevista com Felipe Massa, às vésperas da estreia da temporada 2019-2020 que acontece neste final de semana com a rodada dupla do ePrix de Al-Diriyah.

Como foi lidar com o fato de voltar a ser um novato em uma categoria tão distinta de tudo que você já correu?

MASSA: "Eu era um novato (2018) em uma categoria diferente, em um carro totalmente diferente. Independentemente de você ser um piloto experiente, não é o caso nesse campeonato que você está correndo.

Então é uma expectativa e um trabalho como se fosse começar do zero. Eu gosto de coisas novas, tipo 'challenges', e você precisa se adaptar o mais rápido possível e esse é meu trabalho no momento e espero ter um ano melhor agora na segunda temporada.

Qual o trabalho feito para desenvolver o carro na Fórmula E?

MASSA: "Meu trabalho é estar sempre com a equipe, no simulador, o desenvolvimento do carro é muito voltado para o simulador na Fórmula E. O simulador é mais importante na Fórmula 1 do que na Fórmula 1, para você ter uma ideia. Então o trabalho do piloto com a equipe é intenso.

"Estamos no simulador quase toda semana, e a única sorte que tenho é que o simulador fica perto da minha casa (em Mônaco) dessa vez, não tenho que pegar um avião para ir até Maranello ou para Inglaterra. É perto de casa, tenho mais chances de estar lá e estar mais presente. Também tinha na Fórmula 1, mas eram mais viagens pela frente.

Você acredita que pode ajudar a popularizar o carro elétrico no Brasil?

MASSA: "É uma ajuda para isso, na verdade as pessoas tem que ter a condição de poder comprar um carro elétrico. Hoje em dia o Brasil está muito para trás, existem países que estão muito mais desenvolvidos que o Brasil nesse lado, mas acho que não podemos parar, temos que começar e o quanto antes começar será melhor para desenvolver e fazer o mercado evoluir nesse lado. Sem dúvida eu posso ajudar e sem dúvida uma corrida de Fórmula E seria muito importante também para esse lado aqui no Brasil.

Quais as novidades - e chances - do Brasil sediar um ePrix em 2021?

MASSA: "Ainda não tem novidade, o que eu sei é que a Fórmula E se interessa muito por uma corrida aqui no Brasil. Eu como brasileiro e um pouco mais experiente nesse meio, fazendo um campeonato inteiro, posso dizer que o Brasil está perdendo tempo em acertar logo. Porque é algo muito importante para o país, é muito importante para tantos outros lados, tantas outras empresas. Você vê o número de empresas que estão entrando na Fórmula E, porque acreditam no futuro - não só da competição, mas do lado verde, quero dizer, tanto mobilidade urbana quanto sustentabilidade. E acho que precisamos muito disso aqui no Brasil, então o custo de ter uma corrida de Fórmula E para aquilo que você pode receber e ajudar no desenvolvimento é tão pequeno que seria importantíssimo o Brasil já se adiantar e entrar no calendário já na próxima temporada, o mais rápido possível.

MASSA: Na sua opinião, você acha que vai acontecer uma corrida da Fórmula E aqui no Brasil em 2021?

"Eu acho e espero! Por ser brasileiro, o país que tem dois brasileiros correndo também, hoje na Fórmula 1 não tem nenhum, então mostra o quanto é importante fazer uma corrida de Fórmula E aqui. Eu acho que é importante achar o local ideal.

"Sem dúvida São Paulo é uma cidade não só que precisa, mas tem muitas empresas que estão aqui. Acho que tem muito do lado do business, da importância de São Paulo, com não dá para não pensar em um local maravilhoso como o Rio de Janeiro, mas tem que achar o lugar bonito para mostrarmos o quão maravilhoso é o Rio de Janeiro. Mas não podemos esquecer de Belo Horizonte, Curitiba, tem muitas cidades com potencial de receber uma corrida de Fórmula E, agora eu não tenho novidades de onde vai ser. Espero que tenha, em qualquer lugar eu já ficaria feliz.

A chegada de outros eventos no Brasil - como o mundial de Karting e o WEC – pode ser um chamariz para a categoria?

MASSA: "Acho que sim, como eu disse: 'se for o estado de são Paulo ou outro estado que tenha o interesse, está pegando algo positivo não só pela competição, mas por tantas outras coisas. Então acho que o que conseguir mais rápido se acertar vai se dar bem.

Sua expectativa é maior para esta temporada pensando em pódios e disputa de título depois do seu ano de estreia?

MASSA: "Ah, tem que ser. Eu assinei com a Venturi sabendo que o primeiro ano seria um ano de aprendizado e o segundo ano as coisas tem muito que melhorar - pensando em tudo que está acontecendo, o acordo com a Mercedes em geral. Isso fez parte da minha decisão de assinar e estar correndo pela Venturi também."

Quais são os três maiores pilotos de Fórmula 1 da história e que lugar colocaria o (Lewis) Hamilton?

MASSA: "Sem dúvidas ele vai bater o recorde do número de vitórias, que está próximo, já bateu de poles. Ele merece, o que ele vem mostrando na carreira dele merece sem dúvida bater os recordes onde poucos anos atrás as pessoas falavam 'é impossível bater esse recorde do Schumacher' e não, é bem possível e há grandes chances de que isso aconteça.

"Agora, colocar os nomes assim em épocas diferentes nunca foi fácil, em qualquer esporte - no futebol, no automobilismo. Acho que tem épocas diferentes e os ídolos mudam. Para mim, Senna, Schumacher e Hamilton - se você olhar pelos números e pelo que eles mostraram são esses que eu tenho. A ordem você pode escolher. A ordem no final vem através dos números, mas não pelo talento. Mas esses três, para mim, você pode escolher como quiser a ordem.

Para a realização do Grande Prêmio do Brasil, você prefere São Paulo ou Rio de Janeiro?

MASSA: "São Paulo e Rio? Primeiro acho que no momento o país precisa se concentrar em tantos outros problemas antes dessa mudança de Interlagos para o Rio de Janeiro. Eu sou a favor da construção de circuitos novos, até pensando no que aconteceu com o Rio, Jacarepaguá era um dos circuitos mais bacanas que tínhamos no mundo e a gente perdeu, foi destruído. Agora, para ter uma corrida de Fórmula 1 lá tem que ter a construção de autódromo que vai ser gasto, pelo que vi, 700 ou 800 milhões, não lembro se era um ou outro, mas era um número bem elevado. Eu acho que tem que ser pelo lado privado e não público, acho que o dinheiro público tem tantas outras coisas para ser gasto nesse momento e não nisso. Então eu sou contra usar dinheiro público para um autódromo, agora pelo que ouvi falar parece que será um trabalho feito pelo lado privado, não sei, vamos esperar para ver exatamente de onde vai vir esse dinheiro e eu acho que, como eu disse, o Rio de Janeiro tem um problema sério em tantos lados para ser solucionado, para melhorar, do que pensar em por verba pública em um autódromo. Então na minha ideia, eu sou contra isso nesse momento.

Leclerc ou Verstappen?

MASSA: "Leclerc, até porque sou amigo dele e torço por ele."

Mas ele será o próximo campeão?

MASSA: "Eu acho."

A temporada 2019-2020 da Fórmula E começa nesta sexta-feira, com a primeira corrida da rodada dupla do ePrix de Al-Diriyah, na Arábia Saudita.

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