PUBLICIDADE
Logo do Athletico Paranaense

Athletico Paranaense

Favoritar Time

Amigo de Juvenal, indonésio conduz explosão de R$ 130 mi no futebol chinês

Personagem misterioso, agente Joseph Lee intermedia negócios Brasil-China

31 jan 2014 - 16h01
(atualizado às 16h25)
Compartilhar
Cuca e Aloísio aguardam por chegada de Montillo ao Shandong Luneng
Cuca e Aloísio aguardam por chegada de Montillo ao Shandong Luneng
Foto: Divulgação

Acionista de uma das maiores fornecedoras de material esportivo do planeta, dono de restaurante de comida chinesa, lojas de carros e empreendimentos imobiliários. 

Apesar dos negócios diversificados, o indonésio Lee Yue Hung Joseph, um senhor de aproximadamente 50 anos e mais conhecido como Joseph Lee, sabe realmente o que é sucesso por causa da bola.

Agente licenciado pela Fifa, Lee é o grande responsável pela explosão de transferências entre o futebol brasileiro e o chinês. Só nos últimos dois anos, foram mais de R$ 130 milhões investidos por dois clubes chineses. Ele esteve em todas. A última foi a saída de Montillo do Santos.

Entre Guanghzou e Shandong, Lee intermedia negócios milionários com o Brasil

Quando o Guangzhou Evergrande venceu a Liga dos Campeões da Ásia e chegou ao quarto lugar do último Mundial de Clubes da Fifa, Joseph Lee certamente celebrou tanto quanto os torcedores da equipe chinesa.

Joseph Lee evita os holofotes e suas imagens são raríssimas
Joseph Lee evita os holofotes e suas imagens são raríssimas
Foto: Reprodução

Era a consolidação de um projeto do 200º homem mais milionário do mundo e dono do Guangzhou, Xu Jiayin, investidor de hotéis de luxo, edifícios de primeira linha e ouro. Dinheiro empregado para comprar Darío Conca, Lucas Barrios, Elkeson, Muriqui e ter o treinador italiano Marcelo Lippi.

Representante do Guangzhou na América Latina, Lee intermediou todas essas transferências e chamou a atenção do novo rico local, Shandong Luneng. Foi o início de mais um ciclo: reticentes em negociar diretamente com brasileiros, os chineses encontraram no asiático Lee um representante de confiança.

Só nas últimas semanas, o investimento no Brasil foi de quase R$ 40 milhões para as contratações de Montillo, Aloísio, Renê Júnior e ainda um treinador de ponta: a primeira opção era Tite, mas quem topou o desafio chinês foi Cuca. O salário dele do Atlético-MG saltou aproximadamente cinco vezes: agora é de R$ 1,5 milhão por mês. 

Os negócios recentes de Lee na China 
Nome Origem Destino Estimativa em reais
Montillo Santos Shandong 24 milhões
Aloísio São Paulo Shandong 16 milhões
Renê Júnior Santos Shandong 3,2 milhões
Barrios Borussia Dortmund Guanghzou 27 milhões
Vagner Love CSKA Moscou Shandong 20 milhões
Elkeson Botafogo Guanghzou 20 milhões
Conca Fluminense Guanghzou 26 milhões
Marcelo Lippi Sem clube Guanghzou 30 milhões/ano
Cuca Atlético-MG Shandong 20 milhões/ano

No Brasil, início pelo Sul do País e exportação do Atlético-PR à China

Por trás de praticamente todos os negócios que envolvem China e América do Sul no futebol, Joseph Lee teve um início de carreira mais modesto. Na ocasião, os clubes chineses eram mais discretos e os brasileiros em que Lee tinha entrada eram menores, como o Joinville ou Criciúma. A porta de entrada para um novo patamar se deu no Atlético-PR.

Muito próximo a Mário Celso Petraglia, Joseph Lee levou bons negócios ao clube durante a construção da Arena da Baixada e também intermediou parcerias da equipe na China ainda no fim dos anos 90. Enquanto o Atlético procurava expansão comercial e até abriu uma escolinha na cidade de Qing Dao, os chineses tentavam aprender mais sobre o futebol. 

Com parceria de Juvenal, Lee socorre em negócios e vira número 1 da base tricolor

Juvenal deseja feliz ano novo chinês a novo parceiro do São Paulo:

Mas foi a partir de outro clube grande, o São Paulo, que Lee ganhou força no futebol brasileiro. Agente de Hernanes, o indonésio virou um dos principais homens de confiança de Juvenal Juvêncio no mercado de transferências. "Muitas vezes, o Juvenal liga para o seu Lee e pede ajuda para fazer contratações. A relação entre eles é de amizade", conta um ex-funcionário da Kirin Soccer, empresa que pertence a Joseph Lee.

Em operações que necessitaram de investimento, como as compras do zagueiro Rhodolfo e do lateral Cortês, Joseph Lee socorreu Juvenal Juvêncio e o São Paulo. Em troca, teve direito a escolher direitos econômicos e virou o agente de maior influência na base do clube. Na cartela de clientes da Kirin, atualmente, constam o titular Ademílson, o jovem sensação Ewandro, 17 anos, e ainda Mirray e Allan, que seguem nos juniores, entre outros. 

Guangzhou topou pagar mais de R$ 20 milhões por ano para contratar Felipão
Divulgação

Em 2012, antes de firmar a contratação de Marcelo Lippi, os chineses do Guangzhou tentaram Luiz Felipe Scolari.

Então treinador do Palmeiras, ele se dirigiu à luxuosa sede da Kirin Soccer em São Paulo, na Avenida Paulista, e se reuniu com Joseph Lee. A oferta superava R$ 20 milhões por ano em salários, mas Felipão recusou.

Autorizado pelo presidente do Guangzhou a contratar um treinador top, Joseph Lee foi à Itália e fechou com outro campeão mundial, Marcelo Lippi, dono do terceiro maior salário do planeta entre treinadores.

Foto: Getty Images

Foi graças à influência no futebol chinês que Lee ainda exportou a base são-paulina à China. Recentemente, o São Paulo fechou acordo com o mesmo Shandong Luneng, de Aloísio, para cuidar da formação de atletas do novo milionário local. O treinador Sérgio Baresi e mais quatro funcionários do Centro de Formação de Cotia já trabalham em território chinês junto a Cuca.

A última grande tacada de mercado são-paulina, por sinal, foi uma proposta quase inacreditável entregue por Joseph Lee. Reserva e desacreditado no Morumbi, Casemiro se transferiu ao Real Madrid por cerca de R$ 18 milhões. Nesta semana, Lee também intermediou a saída de Hernanes da Lazio para a Inter de Milão, negócio que beneficiará os cofres do São Paulo, clube formador do atleta. 

CPI do Futebol quebrou sigilo bancário e revirou negócios de Joseph Lee

Em novembro de 2000, quando ainda empreendia a trajetória no Brasil, Joseph Lee foi um dos 20 agentes que tiveram o sigilo bancário quebrado pela CPI do Futebol. A empresa dele, a Kirin Soccer, também foi investigada na época por suspeita de irregularidades em negócios com o exterior. No relatório final da CPI, entretanto, o indonésio não teve o nome citado.

O Terra entrou em contato com Joseph Lee e a Kirin Soccer para uma entrevista, mas não obteve retorno. 

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade