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'Vamos trocar o cruel pelo feioso', diz Guedes sobre imposto sobre transações que governo vai propor

Ministro voltou a defender a criação de um imposto sobre transações para compensar a redução da tributação que as empresas pagam sobre os salários dos funcionários

1 set 2020 - 14h32
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BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a criação de um imposto sobre transações para compensar a redução da tributação que as empresas pagam sobre os salários dos funcionários, a chamada desoneração da folha.

"Queremos trocar o cruel pelo feioso. Você pagar sobre transações digitais, é feio, é horroroso. Mas tudo que se fala desse imposto se aplica à folha de salários, que é muito pior. O impacto da tributação sobre a folha é três vezes mais distorcivo", afirmou, em audiência pública na comissão mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.

Guedes tem se esforçado para que o novo imposto sobre pagamentos não seja encarado apenas como a recriação da antiga CPMF. "Se você fala que quer criar um novo imposto digital e o presidente da Câmara (Rodrigo Maia) diz que isso não será nem examinado pela Câmara, como eu posso mandar a reforma? Agora parece que está tudo calmo e esse imposto poderá ser examinado. Então poderemos começar a encaminhar o resto da reforma."

O governo federal estuda criar um imposto sobre transações com uma alíquota de 0,2% cobrada nas duas pontas da operação. Guedes tem dito que o novo tributo não representaria aumento de carga tributária, e a arrecadação permitiria, segundo ele, desonerar a folha de pagamento das empresas, reduzir IPI cobrado sobre a linha branca (geladeira, fogões) e ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda (dos atuais R$ 1,9 mil para R$ 3 mil).

De acordo com a assessora especial do Ministério da Economia, Vanessa Canado, o novo imposto sobre transações, que o governo tem tentado desvincular da antiga CPMF, não incidirá somente sobre transações digitais, mas sobre "todas as transações da economia".

Guedes levou pessoalmente ao Congresso Nacional em julho a primeira fase da proposta de reforma tributária do governo, com a criação da Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), com alíquota de 12%. Para o setor financeiro, a alíquota será de 5,8%. O novo tributo substituirá o PIS e a Cofins.

"Se mandar tudo de uma vez pode virar uma Torre de Babel. Eu mandei o primeiro passo e acho que podemos avançar com Estados a criação de um IVA (imposto sobre valor agregado) único. Não sei se os prefeitos virão também", acrescentou. "A reforma tributária está amadurecendo. Está quase madura", concluiu.

Estadão
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