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Trump culpa Brics por dólar mais fraco, mas ele mesmo pode ser a maior ameaça, dizem analistas

'O Brics não é um problema sério, mas eles estão tentando desvalorizar e destruir nosso dólar', disse o presidente americano

8 jul 2025 - 20h31
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NOVA YORK — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi além nas críticas ao Brics e revelou o que o incomoda no bloco: a ameaça ao dólar. Mas, para analistas, o chefe da Casa Branca pode ser a principal fonte de fraqueza recente da moeda americana.

No acumulado do ano, o índice DXY, que mede o desempenho dólar em comparação com seis moedas rivais de peso, amarga perdas de mais de 10%, abaixo dos 98,000 pontos.

O índice teve a mais forte desvalorização para um primeiro semestre desde 1973. É uma reviravolta no cenário de 2024, quando a moeda teve ganhos de 7,06%, para 108,487 pontos, o maior salto nesta base comparativa desde 2015.

Para Trump, parte da culpa da fraqueza do dólar é do Brics. "O Brics não é um problema sério, mas eles estão tentando desvalorizar e destruir nosso dólar. Se perdemos o valor do dólar, é como se tivéssemos perdido uma guerra. Quem tentar desafiar o dólar vai pagar o preço", disse o presidente dos EUA, nesta terça-feira, 8.

De acordo com o americano, o bloco de países emergentes foi montado para "atingir" os EUA e "desvalorizar o dólar". O acrônimo Bric foi criado em 2001, pelo britânico Jim O'Neill, que na época atuava como economista-chefe do Goldman Sachs.

Naquele ano, ele publicou o relatório "Build Better Global Economic - Bric", cunhando a sigla para o bloco, inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Anos depois, a África do Sul foi convidada a ingressar no grupo.

Nos últimos anos, contudo, o Brics cresceu. Atualmente, o bloco é formado por 11 países membros, sendo cinco membros originais e seis novos: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. E, para especialistas, a ampliação do grupo pode ter efeitos negativos, uma vez que dispersa os objetivos comuns.

Por sua vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Brics não é um "grupo fechado" e que "está incomodando", referindo-se às críticas de Trump. "Acho até que a gente devia convidar os outros países pra vir pros Brics. Convida os outros dez países, fica uma coisa só, não precisa ter G7, Brics, G20", propôs o brasileiro.

Nesta terça-feira, o presidente dos EUA voltou a criticar o Brics e disse que os países que se alinharem ao grupo de emergentes serão taxados em 10%.

Anteriormente, o chefe da Casa Branca já havia advertido que uma taxa adicional neste patamar seria aplicada a membros do bloco "alinhados às políticas antiamericanas".

"O que é uma política antiamericana? Depende dos Estados Unidos", alerta o estrategista global do Rabobank, Michael Every.

Para a chefe de pesquisa de câmbio e commodities do alemão Commerzbank, Thu Lan Nguyen, o ataque de Trump ao Brics é "muito preocupante" e provavelmente uma reação à cúpula do bloco, realizada no Rio de Janeiro nesta semana. "A declaração conjunta publicada na cúpula contém algumas críticas veladas ao governo dos EUA", diz ela.

A especialista chama atenção para dois trechos do comunicado do Brics, publicado na noite do domingo, 6. Em primeiro lugar, os países membros criticam o aumento da introdução de tarifas unilaterais e, em segundo, condenam os ataques ao Irã, sendo que este ponto merece atenção, segundo ela.

"Se a ameaça de Trump se refere a isso, significaria que a política dos EUA assume uma nova dimensão, com as tarifas não servindo apenas para impor demandas comerciais, mas também interesses de política externa a outros países", avalia Nguyen.

Para o banco alemão, uma das maiores ameaças ao status do dólar como moeda de reserva mundial é uma política de sanções dos EUA mais rigorosa, o que aumenta excessivamente o custo de usar a moeda americana em transações.

O ex-presidente do Federal Reserve (Fed) de Nova York William Dudley avalia que a "notável fraqueza" do dólar nos últimos meses tem por trás a abordagem combativa da Casa Branca nas relações exteriores e comerciais.

"Normalmente, quando você aumenta tarifas, sua moeda se valoriza. O fato de que a administração Trump tem aumentado tarifas e o dólar têm se desvalorizado indica que há um apetite reduzido dos investidores estrangeiros por dívida em moeda americana nesse ambiente", avalia, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Em suas repetidas críticas ao Brics, Trump não mencionou o Brasil ou outro país especificamente. Mas, na visão da consultoria de risco político Eurasia, a perspectiva de um acordo tarifário entre brasileiros e americanos segue distante depois dos recentes acontecimentos. Isso porque os comentários do presidente americano dificultam qualquer avanço nas negociações bilaterais com o País, na sua visão.

O economista-chefe do banco de investimentos UBS BB, Alexandre de Ázara, vai na mesma linha. "Embora analistas políticos não esperem que esse assunto se agrave, a relação entre os EUA e o Brasil não deve avançar de forma positiva, mas também não esperamos que se deteriore muito mais", diz, em comentário ao Estadão/Broadcast.

Estadão
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