Tarifaço: Senadores apelam a empresários dos EUA por tratamento diferenciado para perecíveis
Sugestão é que seja adotado um prazo de 30 a 60 dias para produtos como frutas, café, carne bovina e suco de laranja
BRASÍLIA - Senadores que compõem a comitiva que está em Washington com a missão de abrir uma nova frente de negociações com os Estados Unidos apelaram a empresários americanos por um tratamento diferenciado para produtos perecíveis brasileiros que estão a caminho do país ou com encomendas já contratadas.
A sugestão foi levada por integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado a lideranças empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council, principal organização de lobby do setor privado em prol da relação comercial entre o Brasil e os EUA em reunião na Câmara de Comércio dos EUA, em Washington, apurou o Estadão/Broadcast.
O apelo dos senadores aos empresários buscou sensibilizar o setor privado americano a fim de pressionar a opinião pública para que o governo Trump reconsidere a medida, relatam à reportagem pessoas que acompanham as tratativas. A tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros está prevista para entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto.
A sugestão dos senadores brasileiros é que seja adotado um prazo maior, de 30 a 60 dias, para produtos como frutas, café, carne bovina e suco de laranja. Um interlocutor ressalta que não se trata de proposta comercial, mas sim um apelo pela sensibilização do tema.
O prazo, segundo apurou a reportagem, possibilitaria que encomendas já contratadas, embarcadas em portos ou a caminho dos Estados Unidos entrem no mercado norte-americano com as alíquotas atuais, sem a incidência da sobretaxa de 50%.
Outro interlocutor aponta que o pedido principal levado pelos senadores é pelo adiamento da entrada em vigor da tarifa para haver tempo hábil para negociação bilateral entre os países.
O pleito dos senadores brasileiros vai ao encontro da demanda apresentada pelos próprios exportadores ao governo nacional, como mostrou o Estadão/Broadcast. A prioridade dos exportadores é o maior prazo para entrada em vigor da tarifa, mas, caso não seja possível, um dos pleitos na mesa é que a aplicação da alíquota de 50% considere a data de embarque dos produtos após 1º de agosto.
A data base seria a emitida na Bill of Landing (BL), documento para o transporte marítimo de cargas. A demanda dos exportadores é para que seja aplicada a alíquota de 50% somente para BLs emitidas após 1º de agosto. A medida visa ao cumprimento de contratos já acordados com importadores e a garantia de envio de cargas embarcadas em portos ou já a caminho dos Estados Unidos.
Mais cedo, o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, reconheceu que o país pode reconsiderar e isentar de tarifas comerciais bens incapazes de "crescer" em solo americano, como café, cacau e outros produtos. Ele não citou quais países serão beneficiados pela isenção, mas voltou a afirmar que as tarifas são necessárias para corrigir injustiças no comércio.