Capa da Forbes que coleciona obras eróticas: Quem é Nelson Willians, cujo escritório foi alvo da PF
Sócio-fundador de um dos principais escritórios de advocacia do Brasil tem vida luxuosa nas redes e mais de 1,5 milhão de seguidores; defesa afirma que ele é inocente e tem 'colaborado integralmente com as autoridades'
O escritório do advogado Nelson Wilians foi alvo de um mandado de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira, 12, durante a Operação Cambota da Polícia Federal (PF), um desdobramento da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A defesa do advogado afirmou que ele tem "colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência". "Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade", afirmou.
Entre os bens apreendidos na operação, estão obras de arte, dinheiro em espécie, relógios e armas, além de carros de luxo, incluindo uma Ferrari F8 e uma réplica da McLaren MP4/8 dirigida por Ayrton Senna em 1993 na Fórmula 1.
Willians acumula mais de 1,5 milhão de seguidores em seu perfil no Instagra. Lá, compartilha um estilo de vida luxuoso, incluindo fotos de sua mansão e de seus carros de luxo, de marcas como Ferrari e Rolls-Royce. Em uma entrevista a um influenciador que pede para entrar em sua garagem, o advogado mostra seus carros de luxo, cujas placas levam suas iniciais e data de nascimento, e afirma que também possui um helicóptero com o mesmo emplacamento.
Em seu perfil profissional no Linkedin, destaca ter sido capa da edição número 120 da revista Forbes, de junho de 2024. A reportagem intitulada "Nelson Wilians: o homem sem medo" cita a infância de "extrema dificuldade" do advogado e afirma que uma de suas citações recorrentes em eventos e palestras é de que "não é o mais forte nem o mais inteligente que sobrevive, mas sim aquele que melhor se adapta".
View this post on Instagram
Wilians também compartilha reflexões sobre advocacia e empreendedorismo, viagens internacionais e momentos com a família. Sua mulher, Anne Carolline Wilians, também é sócia no NWADV e fundadora do Instituto Nelson Wilians, que promove programas de educação para jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade. O casal tem quatro filhos: Ben, Adam, Athina e Helena.
O advogado ganhou destaque ao defender Rose Miriam, mãe dos três filhos de Augusto Liberato, o Gugu, e as gêmeas Sofia e Marina Liberato no processo pela herança do apresentador, que morreu em 2019.
View this post on Instagram
Outro fato que chamou a atenção na operação da PF foram as obras de arte apreendidas, muitas com teor erótico. Entre quadros e esculturas, também se destacam quadros com réplicas de latarias de carros de Fórmula 1 expostos na parede.
Ao Estadão, o designer Adhemar Cabra, autor da réplica do carro usado por Senna na F1 e vendida ao advogado por R$ 450 mil, afirma que os quadros não foram feitos por ele, mas são falsificações de seu trabalho.
Wilians se formou em Direito na Instituição Toledo de Ensino (ITE), em Bauru, no interior de São Paulo, nos anos 1990. Em 1999, ele fundou o Nelson Wilians Advogados (NWADV), com foco na área tributária. Duas décadas depois, o escritório de advocacia atua em mais de 20 áreas e se tornou um dos principais do Brasil, com operações próprias em todas as capitais e nas principais cidades do interior.
Fraudes no INSS
A operação que cumpriu mandados de busca e apreensão no escritório de Wilians também prendeu os empresários Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS" e apontado como um dos principais operadores do esquema, e Maurício Camisotti, suspeito de ser sócio oculto de uma das associações envolvidas nas irregularidades.
O advogado Cleber Lopes, que defende Antunes, disse que não há justificativa para a prisão e afirmou que vai apresentar documentos à PF para comprovar a inocência dele. A defesa de Camisotti afirma que "não há qualquer motivo que justifique sua prisão".
De acordo com a PF, o escritório de Wilians entrou na mira da investigação porque recebeu pagamentos de envolvidos no esquema e fez uma transferência a Camisotti. A PF suspeita de que as operações tinham o objetivo de lavagem de dinheiro.
A defesa do advogado afirmou que sua relação com um dos investigados "é estritamente profissional e legal" e que os "valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação".
Na sede do escritório, em São Paulo, a PF apreendeu diversas obras de arte. Já no endereço de um ex-diretor do NWADV, em Brasília, a PF apreendeu dinheiro vivo e carros de luxo, incluindo uma Ferrari.