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"Produção de Natureza": uma possível resposta à crise ambiental

17 set 2019 - 19h10
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A convivência entre atividades econômicas com a preservação de ecossistemas, visando a chamada "Produção de Natureza", é defendida em livro que apresenta caminhos para deter a devastação ambiental por meio de maior diálogo entre o conservacionismo e os negócios.

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás 
16/03/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás 16/03/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"Produção de Natureza - Parques, Rewilding e Desenvolvimento Local", escrito pelo biólogo espanhol Ignacio Jiménez Pérez, apresenta um manual, com exemplos concretos de todos os continentes, sobre como produzir natureza e conservar a biodiversidade no século 21.

"É preciso deixar de falar de conservacionismo como algo afastado da produção", afirmou Pérez, no lançamento do trabalho, em São Paulo, na véspera, apontando respostas a crises ambientais como as recentes vividas pelo Brasil.

Para Pérez, que iniciou seus trabalhos conservacionistas em 1996, na Costa Rica, atuando 20 anos depois na África do Sul, o livro é um chamado à ação e dá direções em um momento em que até países como a China preparam anúncios para uma agenda climática.

Segundo ele, os movimentos nas próximas décadas serão importantes para mitigar os problemas ambientais advindos da atuação humana no planeta.

Com relação ao Brasil, disse o biólogo na palestra do lançamento da publicação, na casa do Teresa Bracher --entusiasta da causa, com projeto conservacionista no Pantanal--, as notícias recentes sobre queimadas na Amazônia, revelaram que o país "vive um terrível paradoxo: pois tem a maior biodiversidade e a pior imagem ambiental do mundo".

Contudo, ele avalia que o Brasil tem "grande oportunidade" para reverter aquela imagem de "destruidor da Amazônia", seguindo exemplos de "produção de natureza", algo que poderia ajudar inclusive a garantir mercados que estão preocupados com posições ambientais mais radicais do governo Jair Bolsonaro.

Pérez citou como exemplos de "Produção de Natureza" reservas naturais de Mata Atlântica mantidas pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), além da iniciativa Alto Pantanal, em área próxima à Serra do Amolar, onde Teresa Bracher desenvolve um projeto em suas terras, que inclui escolas para comunidades carentes às margens do Rio Paraguai.

No livro, ele explica que "Produção de Natureza" está no centro de um diagrama que envolve os ecossistemas, a chamada Economia Restaurativa, a partir do ecoturismo, além das comunidades rurais e dos parques.

"O conceito de Produção de Natureza faz sentido quando as áreas naturais (de propriedade pública, privada ou comunitária), com todas as suas espécie nativas..., podem ser vistas com facilidade, atuando como espetáculos naturais que servem de base para uma indústria de ecoturismo...", escreveu Pérez, destacando que isso gera uma nova economia restaurativa, beneficiando as comunidades locais que vão colaborar para a boa manutenção das áreas naturais.

"Produção e conservação têm que conversar, têm que caminhar juntas, de mãos dadas, a conservação beneficia a produção e vice-versa, e o mundo tem que ser diversificado, tem de ter de tudo, produção de natureza, produção de alface, produção de grãos, produção de carnes, é isso", disse ela, à Reuters.

Para o diretor-executivo da conservacionista SPVS, Clóvis Borges, o livro de Pérez aponta caminhos para o país deixar a crise ambiental para trás.

"Essa falta de bom senso abriu espaço... Da crise, pode sair a oportunidade", disse ele.

(Edição de Maria Pia Palermo)

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