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Presidente da Petrobras diz que lucro de R$ 44,5 bi não tem relação com reajuste dos combustíveis

José Mauro Coelho disse que 80% dos ganhos no primeiro trimestre foram provenientes das atividades de exploração e produção de petróleo e apenas 20% dos demais segmentos

6 mai 2022 - 11h52
(atualizado às 16h40)
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RIO E SÃO PAULO - O forte lucro da Petrobras no primeiro trimestre do ano, de R$ 44,5 bilhões, não tem relação com os reajustes dos combustíveis nem com o nível de preços nas bombas, afirmou o novo dirigente da companhia, José Mauro Coelho, ao comentar as declarações do presidente Jair Bolsonaro na noite de quinta-feira, minutos antes de a empresa divulgar o resultado. Bolsonaro disse que o lucro era "criminoso" e inadmissível, e que mais um aumento no preço dos combustíveis poderia quebrar o Brasil.

Segundo o executivo, a preocupação de Bolsonaro com os preços dos combustíveis é "legítima", mas há uma "confusão" em relação aos principais "vetores" do resultado financeiro da companhia.

"Não há relação significante entre os resultados da Petrobras e o reajuste dos preços dos combustíveis. Para os senhores terem uma ideia, 80% dos ganhos do período (o primeiro trimestre) foram provenientes das atividades de exploração e produção de petróleo e apenas 20% de todos os demais segmentos", afirmou Coelho, em entrevista com jornalistas para comentar os resultados financeiros da estatal.

Mais cedo, em reunião com analistas de mercado, Coelho já havia ressaltado que não vai se desviar da prática de preços de mercado, explicando que, quanto mais forte é o resultado da empresa, mais impostos são recolhidos para a União, o que beneficia a sociedade, e que a paridade com a importação (PPI) é necessária para garantir o abastecimento do País. Além do lucro de R$ 44,5 bilhões de janeiro a março, divulgado na noite de quinta, 5, mais de 3.700% maior do que há um ano, a empresa anunciou dividendos de R$ 48 bilhões.

"Não podemos nos desviar da prática de preços de mercado", afirmou Coelho aos analistas. Ele explicou que, quanto mais forte é o resultado da empresa, mais impostos são recolhidos para a União, o que beneficia a sociedade. "A arrecadação de R$ 70 bilhões em impostos no primeiro trimestre promove mais empregos, permite que Estados e municípios façam investimentos", disse.

Segundo Coelho, a diretoria da Petrobras não é "insensível" aos elevados preços dos combustíveis nos postos. Tanto que a empresa "acompanha preços de mercado", mas não repassa a "volatilidade momentânea de imediato" para os preços dos combustíveis que vende em suas refinarias. Só que, em determinados momentos, os reajustes devem ser feitos, para manter a saúde financeira da companhia.

Ele destacou que com lucros fortes, a empresa pode distribuir dividendos - tanto para a União, majoritária, como para minoritários e os brasileiros que investiram na companhia por meio do FGTS, assim como o pagamento de royalties e participações especiais para o governo. "A arrecadação de R$ 70 bilhões em impostos no primeiro trimestre promove mais empregos, permite que Estados e municípios façam investimentos", explicou.

Coelho também ressaltou que o aumento das cotações do petróleo é um fenômeno global, turbinado pela guerra na Ucrânia. Por isso, "a elevação do preço dos combustíveis acontece em todo o mundo e é uma preocupação de todos os líderes governamentais", disse o executivo.

"O aumento do preço do petróleo, que tivemos em todo o mundo, no primeiro trimestre de 2022, se refletiu no aumento dos lucros de todas as grandes petroleiras. O lucro da Petrobras está no mesmo patamar do lucro das grandes empresas de petróleo e gás natural", afirmou o executivo.

Coelho destacou ainda, que o foco da empresa continuará no pré-sal, e que das 15 plataformas que a estatal está prevendo receber nos próximos cinco anos, 13 são para essa região. "A perspectiva é de um aumento de 500 mil barris de petróleo por dia nos próximos cinco anos", disse, referindo-se ao Plano Estratégico da companhia 2022-2026.

O executivo também fez questão de ressaltar que, apesar dos desinvestimentos que estão sendo realizados, a estatal não vai sair da área de refino e nem de gás natural, que vão receber investimentos de US$ 7 bilhões até 2026. Ele afirmou que esses desinvestimentos permitem o surgimento de outras empresas no setor, gerando empregos, renda e mais impostos, e que só uma empresa forte pode gerar valor para os acionistas. "Vamos trabalhar para produzir resultados ainda melhores e mais robustos", concluiu Coelho.

De acordo com o executivo, o lucro da Petrobras também só está sendo possível pelo saneamento financeiro que ocorreu nos últimos anos, após a dívida da companhia ter atingido US$ 160 bilhões. No final do primeiro trimestre, a dívida bruta estatal era de US$ 58,6 bilhões.

O executivo também fez questão de ressaltar que, apesar dos desinvestimentos que estão sendo realizados, a estatal não vai sair da área de refino e nem de gás natural, que vão receber investimentos de US$ 7 bilhões até 2026. Ele afirmou que esses desinvestimentos permitem o surgimento de outras empresas no setor, gerando empregos, renda e mais impostos, e que só uma empresa forte pode gerar valor para os acionistas. "Vamos trabalhar para produzir resultados ainda melhores e mais robustos", concluiu Coelho.

Diretor reforça 'preços de mercado'

Na mesma videoconferência, diretor executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, Rafael Chaves, reforçou que a empresa sabe separar a sua atuação empresarial dos formuladores de políticas públicas, referindo-se ao governo, e que é preciso praticar preços de mercado para garantir o abastecimento.

Chaves afirmou que é o preço de mercado que traz equilíbrio entre oferta e demanda. Além disso, ressaltou, a própria legislação do País exige que a empresa mitigue o risco de desabastecimento.

"Estamos sempre separando a atuação empresarial dos formuladores depolíticas públicas, esses sim têm legitimidade de fazer um investimento mais amplo para a sociedade", observou.

Chaves afirmou que a Petrobras está fazendo um grande esforço de comunicação com a sociedade, para deixar claro o papel da empresa no mercado. Para aumentar essa interação, a estatal lançou um site para levar informações sobre a sua atuação: informa.petrobras.com.br.

Estadão
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