Petroleira de Eike tem menor cotação da história após calote
As ações da petroleira OGX, de Eike Batista, eram negociadas pelo menor valor desde que passaram a fazer parte da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Por volta das 10h45 desta terça-feira, os papéis da empresa recuavam 0,25%, cotados a R$ 0,21. A mínima histórica se deu após a companhia informar que optou pelo não pagamento das parcelas de juros remuneratórios no valor aproximado de US$ 45 milhões (cerca de R$ 100 milhões) decorrentes de bônus emitido no exterior que venceriam hoje.
Os preços dos bônus da OGX caíram 80% este ano, no pior desempenho de um título de mercados emergentes, de acordo com dados da Thomson Reuters. No melhor momento, as ações valiam R$ 23,28. Atualmente os papéis valem 98,79% menos que a cotação máxima.
No início de setembro, a agência de classificação de risco Fitch cortou os ratings da dívida da OGX em moeda estrangeira e em moeda local para "C", ante "CCC", após o controlador da petroleira contestar a validade do exercício de uma opção de venda ("put") de US$ 1 bilhão em favor da empresa.
A Fitch considerou que, sem uma injeção de capital, a OGX provavelmente irá entrar em default de sua dívida no futuro próximo. A derrocada da OGX, que já foi considerada o ativo mais precioso do grupo de empresas de Eike, ganhou força após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira.
Em julho, a companhia decidiu não seguir adiante com o desenvolvimento de algumas áreas na bacia de Campos antesconsideradas promissoras. Com situação crítica de caixa e fracasso em sua campanha exploratória até o momento, em agosto a OGX desistiu de adquirir nove dos 13 blocos que arrematou na última licitação de áreas de petróleo, evitando o pagamento de R$ 280 milhões ao governo por direitos exploratórios.
Calote deve levar à recuperação judicial
Com o anúncio do não pagamento das parcelas de juros remuneratórios no valor aproximado de US$ 45 milhões, a saída para a OGX passa por uma recuperação judicial, embora uma decisão formal sobre isso ainda não tenha sido acordada oficialmente, segundo fontes ouvidas pela Reuters. O pedido de recuperação judicial deve ser realizado até o fim de outubro.
OGX contratou Blackstone Group LP e banco de investimentos Lazard Ltd para "rever a sua estrutura de capital". Um grupo de credores, se preparando para uma negociação com a petrolífera, contratou a empresa de consultoria financeira Rothschild para aconselhá-lo sobre uma potencial reestruturação da dívida.
O Pacific Investment Management Co, maior fundo de bônus do mundo conhecida como Pimco, e BlackRock Inc, maior gestora de fundos do mundo, fazem parte do grupo. Combinados, os detentores de bônus do grupo possuem mais da metade dos US$ 3,6 bilhões em títulos da OGX em circulação.
Com informações da Reuters