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Nubank e PagSeguro tombam com mudança de regra em cartão pré-pago; veja quem ganha e quem perde

Limitação em cobranças de tarifas para o produto, que é bastante importante para as fintechs, afetou desempenho das ações do Nubank (-4,45%) e da PagSeguro (-7,96%) nesta segunda-feira, 26

26 set 2022 - 19h34
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A nova regra do Banco Central para transações com cartões pré-pagos fez derreterem as ações do Nubank (-4,45%) e da PagSeguro (-7,96%) nesta segunda-feira, 26. As duas empresas são vistas como as mais prejudicadas pelas mudanças, enquanto, do outro lado da moeda, nomes "puros" de maquininhas, como Cielo e Stone, devem se beneficiar.

O BC limitou a 0,7% a tarifa de intercâmbio que pode ser cobrada em transações feitas com cartões pré-pagos. Também determinou que a liquidação financeira dessas operações aconteça em até dois dias. Atualmente, o intercâmbio da modalidade é livre, e o prazo de liquidação chega, na média, a 28 dias.

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  • Efeito dominó

    Analistas acreditam que o problema é o efeito dominó das mudanças sobre os resultados financeiros. Otavio Tanganelli, do Bradesco BBI, calculou que o lucro operacional da PagSeguro pode ficar 15% abaixo da atual estimativa para o ano que vem, mesmo com uma redução bem menor (de 3%) na receita.

    No caso do Nubank, o banco vê uma possível frustração de expectativas. "Embora entendamos que a mudança não produziria um impacto material, ela reflete nossa visão de que a monetização dos clientes será desafiadora, e em consequência, a alta rentabilidade esperada será difícil de atingir", disse Gustavo Schroden.

    Eduardo Rosman, do BTG Pactual, espera uma perda maior para a PagSeguro no caso das receitas com float. "É de nosso conhecimento que o Nubank usa a trilha do débito para o cartão pré-pago, enquanto a PagSeguro usa a trilha do crédito", escreveu. Ou seja: o Nubank já seguiria norma semelhante à criada pelo BC, mas a PagSeguro não.

    No outro lado da moeda, empresas puramente de maquininhas ganhariam rentabilidade, dado que seus custos de transação cairiam. O BTG espera um aumento de até 5% no lucro operacional estimado para a Cielo, e de 10% para a Stone.

    O Citi, por outro lado, acredita que a PagSeguro deve se ajustar à nova realidade. "O limite para o pré-pago está em discussão por quase um ano, e podemos inclusive dizer que o limite de 0,7% veio melhor do que o esperado (pensávamos em um limite de 0,5%, similar ao débito)", disse o analista Gabriel Gusan.

    Expectativa versus realidade

    O sócio de Bancário e Inovação Financeira do TozziniFreire Advogados, Pedro Eroles, afirma que mesmo acima do que o BC havia proposto, o limite não atende às fintechs. "Nos comentários da consulta pública, ficou claro que os emissores de pré-pago não queriam uma regulação imposta pelo BC", diz ele.

    Na consulta, entidades como a Zetta afirmaram que não era possível equiparar o intercâmbio dos cartões pré-pagos ao débito porque as contas de pagamento, a que os pré-pagos estão atreladas, são mais limitadas que as contas de depósito. Não permitem, por exemplo, o uso dos depósitos para conceder crédito.

    Após o anúncio do BC, ações do Nubank e da PagSeguro derreteram nesta segunda-feira, 26. Foto: Divulgação/Nubank

    Havia a expectativa de uma regulação de acordo com o volume transacionado pelas empresas, o que também não aconteceu. Para Felipe Prado, sócio da área de Mercados Financeiro e de Capitais do BMA Advogados, o único "alívio" foi no prazo de implementação da nova regra, que passa a valer em abril.

    "Com esse prazo, o regulador espera que aquelas instituições de pagamento que dependem da receita oriunda principalmente do float façam uma adequação", pontua. A partir de agora, o relógio está rodando.

    Estadão
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