Motiva, ex-CCR, confirma que venda de seus 20 aeroportos será em bloco único
Operação bilionária de vendas de aeroportos da Motiva faz parte de uma janela considerada única no segmento aeroportuário
O CEO da Motiva (ex-CCR), Miguel Setas, confirmou que a meta da companhia é vender seus 20 aeroportos em um bloco único. O processo, que tem atraído o interesse do mercado, segue em fase de propostas não vinculantes.
"Estamos em tratativas com vários interessados, mas não há nada fechado", afirmou Setas, destacando que o processo ocorre de maneira rigorosa, já que o tema é acompanhado de perto por investidores. "Qualquer novidade será comunicada ao mercado", complementou.
Desde o início do ano, a Motiva está se movimentando para se desfazer do portfólio de aeroportos sob gestão da companhia por meio da venda de todos os terminais que opera, sendo 17 no Brasil e três em outros países da América Latina. O negócio é avaliado entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões.
Inicialmente, havia dúvidas no mercado se a operação ocorreria de forma fatiada ou em um bloco único. Contudo, Setas reforçou que o objetivo é que a venda ocorra integralmente, ou seja, com todos os ativos sendo adquiridos pelo mesmo comprador. "É isso que estamos perseguindo", disse.
O Estadão/Broadcast havia antecipado que a Motiva seguia firme com a intenção de vender os aeroportos em um único bloco. Para viabilizar esse modelo, a solução que se desenha é da venda ser feita para um consórcio, segundo fontes ouvidas pela reportagem.
Apesar de não fornecer mais detalhes sobre o perfil dos interessados, Setas não descartou a possibilidade de que empresas se juntem para comprar os aeroportos e depois façam a divisão entre si. "É uma solução possível", avaliou.
O CEO complementou afirmando que os principais objetivos da companhia com o desinvestimento é simplificar o portfólio e destravar valor. "Queremos nos concentrar nas áreas em que lideramos: rodovias e trilhos."
Na última teleconferência de resultados, realizada em julho, Setas informou que a expectativa da Motiva era ter novidades sobre a operação no segundo semestre de 2025. Com isso, seria concluída no início de 2026.
A operação bilionária de vendas de aeroportos da Motiva faz parte de uma janela considerada única no segmento aeroportuário, que tem menos ativos disponíveis e possibilidades de concessão do que áreas como rodovias e portos. Além dessa operação, está no radar o leilão de repactuação do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão — Antônio Carlos Jobim, previsto para março de 2026.
Linha 4
As condições da prorrogação antecipada da Linha 4 (Via Quatro) do Metrô de São Paulo só serão divulgadas após a assinatura do contrato entre a Motiva (ex-CCR) e a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), segundo Miguel Setas.
A Motiva anunciou na quarta-feira, 24, a prorrogação antecipada, mas sem divulgar qual será o prazo de extensão e os aportes previstos. "A Artesp divulgou a ata, mas ainda não informou as condições. Elas só serão divulgadas quando o contrato estiver finalizado", afirmou o executivo. "Antecipar isso agora seria ir contra a vontade do regulador."
Em comunicado ao mercado, a Motiva informou que a medida decorre do equacionamento do desequilíbrio econômico-financeiro da concessão e da inclusão de investimentos necessários à extensão da Linha 4 até o município de Taboão da Serra, que compreende a execução de obras civis, implantação de sistemas e aquisição do material rodante necessário à operação.
"A deliberação do conselho diretor da Artesp reconhece que a inclusão da extensão da Linha 4 no contrato provoca desequilíbrio econômico-financeiro, em favor da concessionária, na ordem de R$ 136.765.299,77 em valores de fevereiro/05, a uma taxa interna de retorno de 11,07615%", diz o documento.