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Invepar não está mais à venda, diz presidente do Funcef

19 jul 2019 - 17h04
(atualizado às 19h28)
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A busca de um investidor estratégico para assumir o controle da empresa de concessões de infraestrutura Invepar saiu do radar, disse Renato Villela, presidente do Funcef, um dos sócios da companhia.

Saguão do aeroporto de Guarulhos (GRU Airport), operado pela Invepar 
16/04/2019
REUTERS/Amanda Perobelli
Saguão do aeroporto de Guarulhos (GRU Airport), operado pela Invepar 16/04/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

"Nossa preocupação agora é mais com rentabilizar o negócio", disse Villela à Reuters nesta sexta-feira.

Holding que opera o aeroporto de Guarulhos, o Metrô Rio, o VLT Carioca e rodovias, a Invepar vem há anos enfrentando os efeitos combinados de baixa atividade econômica do país e a fragilidade financeira de seus principais sócios.

Além do Funcef, fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, a Invepar tem como principais sócios o Previ, fundo dos empregados do Banco do Brasil e Petros (Petrobras ).

Afetados por perdas bilionárias de investimentos fracassados na última década, esses fundos têm vendido ativos, como parte de esforços para garantir o pagamento dos benefícios dos cotistas.

Neste ambiente, os fundos receberam ofertas de compra do controle da Invepar, em especial a feita pelo fundo Mubadala, de Abu Dhabi. A administradora de concessões CCR também mostrou interesse no ativo. Mas as negociações não evoluíram porque não houve acerto em relação a preço.

O plano dos sócios para o ativo mudou nos últimos meses, disse Villela, com avanços regulatórios para investimentos em infraestrutura, a melhora das condições de captação de recursos no mercado de capitais e da disposição de credores de aportar mais recursos na Invepar.

O movimento coincidiu com a saída de outro sócio da Invepar, a empreiteira OAS [OAS.UL], em recuperação judicial, que passou sua fatia para um grupo de credores em abril. Em junho, conseguiu um waiver de investidores para debêntures de 1 bilhão de reais que tinham uma cláusula de aceleração de pagamento. [nL2N23H1PR]

Segundo o executivo do Funcef, há algumas concessões da Invepar que ainda dão resultados negativos, especialmente no Rio de Janeiro, mas as projeções para o futuro estão melhorando.

A Invepar também está em processo de devolução da concessão da BR-040, no trecho de 936,8 quilômetros entre Brasília (DF) e Juiz de Fora (MG).

Segundo Villela, opções para eventual injeção de novos recursos na Invepar estão sendo analisadas, inclusive com a possiblidade de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

"Mas não há no momento planos para a entrada da Invepar em novas concessões de infraestrutura", disse o presidente do Funcef.

RECUPERAÇÃO

A reavaliação sobre o futuro do investimento na Invepar é parte dos esforços da gestão do Funcef para tentar se recuperar de enormes perdas. O fundo é o terceiro maior de pensão fechado do país, com 140 mil participantes e cerca de 68 bilhões de reais em ativos sob gestão.

Entre os ativos que renderam prejuízos a afretadora de sondas para exploração de petróleo Sete Brasil, em recuperação judicial e a hidrelétrica de Belo Monte. O fundo também chegou a ter resultado negativo no investimento na produtora de celulose Eldorado, mas conseguiu vender de volta sua fatia para participação da J&F, em 2017, com lucro.

Com a recuperação do valor de outros ativos e uma série de revisões na política de investimentos, o fundo teve em 2018 o primeiro superávit desde 2010.

Villela, que assumiu a presidência da entidade no início deste ano, disse que esforços para melhorar a governança do fundo seguem em andamento, o que poderá permitir que o Funcef volte a investir em ativos considerados de maior risco.

Isso porque a maior parte dos investimentos estão aplicados em títulos públicos, cuja rentabilidade oferecida é insuficiente para atingir a meta atuarial, atualmente de INPC+1% ao ano.

"Por isso, consideramos investir mais em ativos no exterior e, eventualmente, em crédito privado, que oferecem rentabilidades superiores", disse Villela.

O destino de um dos principais ativos da carteira do Funcef, a fatia de 12,8 por cento na Litel, holding controladora da Vale , ainda não está definido, disse ele.

O fundo contratou meses atrás uma consultoria para avaliar opções para uma saída da holding, considerando inclusive o melhor ganho fiscal. Uma eventual saída da Litel daria ao Funcef maior flexibilidade para se desfazer de parte das ações no futuro. "Ainda não temos uma definição sobre o que fazer", afirmou Villela.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)

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