Arrecadação federal com impostos e contribuições cai 1,5% e soma R$ 208 bi em agosto
Resultado ficou abaixo do esperado; entre janeiro e agosto, arrecadação somou R$ 1,889 tri, alta real de 3,73% frente ao mesmo período de 2024
BRASÍLIA - A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 208,791 bilhões em agosto, informou a Receita Federal. O montante ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de R$ 214,50 bilhões. As estimativas do mercado financeiro iam de R$ 207,20 bilhões a R$ 219,30 bilhões.
O resultado equivale à queda de 1,50% ante agosto de 2024, descontada a inflação do período. Frente a julho deste ano, a arrecadação caiu 17,78% em termos reais. Comparações entre meses distintos podem ser distorcidas por fatores sazonais.
No relatório da divulgação, a Receita destaca a queda real de 8,27% na arrecadação de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que juntos somaram R$ 28,933 bilhões. PIS/Pasep e Cofins caíram 3,70%, devido à redução na atividade do varejo.
"Salienta-se o desempenho negativo de algumas atividades econômicas, especialmente o setor de combustíveis e comércio atacadista", diz a Receita.
Em contrapartida, o aumento real de 35,57% na arrecadação com o IOF, para R$ 8,449 bilhões, ajudou a mitigar os efeitos negativos sobre a arrecadação, segundo o Fisco.
Ano
A arrecadação federal somou R$ 1,889 trilhão entre janeiro e agosto de 2025, uma alta real de 3,73% frente ao mesmo período de 2024.
Nesse comparativo, a receita previdenciária teve crescimento real de 3,37%, para R$ 436,301 bilhões, puxada pela massa salarial (5,96%) e pelo montante de compensações tributárias com débitos de receita previdenciária (13,64%).
A arrecadação com PIS/Pasep e Cofins atingiu R$ 378,917 bilhões, uma alta real de 3,55%, puxada pelo aumento do volume de serviços no acumulado do ano. "Ressalta-se ainda o desempenho positivo das entidades financeiras e das atividades de exploração de jogos de azar e apostas (decorrente de alteração na legislação)", diz a Receita.
O Imposto de Importação (IPI) e o IPI vinculado à Importação tiveram arrecadação de R$ 81,758 bilhões, alta real de 18,29%. Esse desempenho é explicado pelo aumento do volume de importações e de 9,22% na taxa média de câmbio.
IOF
A Receita Federal informou que a arrecadação com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em agosto de 2025 foi de R$ 8,449 bilhões, um crescimento real de 35,57% ante o mesmo mês de 2024. O aumento é decorrente da elevação das alíquotas estabelecida por decreto presidencial.
No acumulado de janeiro a agosto deste ano, foram arrecadados com o IOF R$ 51,918 bilhões, uma alta real de 12,96% em relação a igual período do ano passado. O total arrecadado nos primeiros oito meses foi de R$ 1,822 trilhão.
A Receita listou a alta no IOF como componente da arrecadação total do acumulado do ano. "Elevação da arrecadação do IOF, em razão de alteração na legislação do tributo por meio dos Decretos 12.467/25 e 12.499/25", destacou o Fisco.
Desonerações
As desonerações concedidas pelo governo resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 10,156 bilhões em agosto de 2025, valor menor do que o registrado no mesmo mês de 2024, quando ficaram em R$ 10,350 bilhões, a preços correntes.
No acumulado de 2025, as desonerações totalizaram R$ 81,010 bilhões, volume inferior ao registrado no mesmo período do ano passado (R$ 82,698, a preços correntes).
Esse é um tema sensível ao governo, que vetou integralmente a prorrogação da política de desoneração da folha de pagamentos de 17 setores econômicos, e apresentou uma medida provisória com uma proposta de reoneração gradual. Sem a concordância do Congresso com o texto, o governo aceitou enviar o tema como projeto de lei com urgência constitucional para tentar negociar uma alternativa.
Após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que cobrava uma medida de compensação para a benesse, o Legislativo avançou numa proposta, que foi sancionada em setembro de 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Adotada desde 2011, a desoneração da folha de pagamentos é um benefício fiscal que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20%, incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, a depender do setor produtivo. Na prática, a medida reduz a carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas.