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Há narrativa política e covardia em acusações, diz Guedes

Ministro da economia falou sobre as denúncias de offshore no exterior em audiência na Câmara

23 nov 2021 - 10h39
(atualizado às 12h05)
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Paulo Guedes em audiência na Câmara dos Deputados
Paulo Guedes em audiência na Câmara dos Deputados
Foto: Adriano Machado / Reuters

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 23, que há narrativa política, covardia e desrespeito aos fatos em acusações sobre a existência de conflito de interesses pelo fato de possuir uma offshore no exterior.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados em que foi chamado para falar do veículo de investimento em seu nome em um paraíso fiscal, o ministro defendeu que a offshore foi constituída para fins sucessórios, para que os ativos não fossem em grande parte "apropriados pelo governo americano" após sua morte, o que aconteceria caso os aportes fossem feitos via conta na pessoa física.

Sobre o potencial conflito de interesse pelo fato de ter parentes em cargos na offshore, Guedes disse que "a resposta é não, mil vezes não", acrescentando que os familiares não estariam fazendo nenhuma atividade em que houvesse conflito.

"A offshore é como uma ferramenta. É uma faca. Você pode usar para o mal, para matar alguém, ou pode usar para o bem, para descascar uma laranja", disse Guedes, que alegou ainda não ter investimentos em nenhuma ação brasileira fora do País.

O ministro afirmou ainda que seus depósitos em offshore foram feitos entre 2014 e 2015 e que, depois, nunca fez nenhum novo depósito ou remessa de recursos para o Brasil. De acordo com Guedes, os investimentos foram devidamente declarados à Receita Federal e ao Banco Central.

Especulação com dólar

Paulo Guedes disse que seu investimento em offshore é legal e que a ideia de que ele possa ter especulado com o valor do dólar para aumentar o patrimônio não existe. Segundo o ministro, houve 27 ocasiões enquanto comandava a pasta em que o dólar subiu mais de 2% em um dia e nenhuma delas por uma declaração de algum integrante da equipe econômica.

O ministro disse que a alta do dólar torna mais pobres, e não mais ricos, os investidores que têm a maior parte dos recursos no Brasil. "Quem tem um pouco de dólar, na verdade, protegeu um pedaço dos seus recursos, mas não escapou da perda patrimonial", afirmou.

"Eu, por curiosidade, fui ver quando, nos últimos dois anos e dez meses, o dólar subiu mais de 2% em um dia, para saber se tem alguém na Economia fazendo alguma besteira ou falando alguma besteira para empurrar o dólar para cima, para ter lucro, para ganhar alguma coisa com isso", afirmou Guedes. "Foi sempre covid, (o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública) Sergio Moro saindo do governo, o ex-presidente Michel Temer é preso. Foi só política ou doença, que são os eventos mais contundentes."

Na audiência, Guedes disse ainda que precisou se desfazer de todos os seus investimentos em empresas sob a sua administração direta antes de assumir o Ministério da Economia, em um processo que teria lhe custado mais do que o valor investido em offshore. O ministro ainda afirmou que colocou em um 'blind trust' seus investimentos em ativos que pudessem sofrer um impacto indireto da sua gestão à frente da pasta. O blind trust é um tipo de fundo em que os ativos são administrados sem conhecimento do beneficiário, que, neste caso, por ser ministro, tem acesso a dados sensíveis e poder de decisão sobre os rumos da economia.

As informações das offshores foram reveladas por um consórcio internacional de jornalistas investigativos, chamado de Pandora Papers.

De acordo com o consórcio, Guedes é dono da Dreadnoughts, sediada nas Ilhas Virgens - um paraíso fiscal que não cobra imposto de empreendimentos de outros países. A offshore permanece ativa mesmo após Guedes assumir a pasta da Economia, em janeiro de 2019.

Apesar de não ser ilegal manter dinheiro no exterior, críticos dessas operações apontam conflito de interesses no exercício de função pública.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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