Falhas de segurança no Pix não foram problemas no sistema do BC, diz diretor
Rodrigo Alves Teixeira falou sobre recentes ataques hackers a instituições financeiras, que tentaram desviar mais de R$ 1 bilhão
BRASÍLIA - O diretor de administração do Banco Central (BC), Rodrigo Alves Teixeira, afirmou nesta sexta-feira, 10, que os ataques cibernéticos recentes a instituições financeiras ocorreram devidos a falhas de segurança das próprias instituições e de Provedores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTIs), e não dos sistemas do Banco Central.
"Não foi problema dos sistemas do Banco Central. Em nenhum momento houve alguma falha dos nossos sistemas. Os ataques que ocorreram acabaram sendo falhas das próprias instituições e, muitas vezes, dos PSTI", disse Teixeira, em palestra no Festival Curicaca 2025, em Brasília. Ele enfatizou que duas das grandes falhas recentes ocorreram em PSTIs.
Segundo o diretor, é com essa percepção que o BC tem aumentado a regulação sobre PSTIs e sobre as instituições participantes do Pix. "O Banco Central primeiro reforçou as regras, os requisitos de segurança que todos os participantes devem ter, e tem aumentado a fiscalização sobre essas regras, o cumprimento dessas regras."
Teixeira também disse que a infraestrutura do Pix, desde o começo, foi pensada para ser extremamente segura e que ela, de fato, tem mostrado ser segura.
Ataques hackers neste ano tentaram mais de R$ 1 bilhão de instituições financeiras. Um deles foi realizado por meio da cooptação de um funcionário da C&M, uma PSTI, contratada por bancos e fintechs para interligá-los ao sistema Pix. O maior prejuízo foi o do banco BMP, que sofreu perda de R$ 479 milhões. Outro ataque foi contra a Sinqia, que também conecta bancos ao sistema financeiro - outros R$ 710 milhões foram desviados, mas R$ 583 milhões foram bloqueados pela Banco Central. O ataque teve como principal vítima o Banco HSBC.
Durante sua palestra, Teixeira enfatizou que o Pix é um exemplo de inovação promovida pela autarquia que atingiu toda a população brasileira e que promoveu ganhos de eficiência ao Sistema Financeiro Nacional (SFN), devido ao seu uso amplo entre as empresas.
O diretor do BC ponderou que, embora o Pix seja a iniciativa que mais se popularizou, o BC tem outras frentes de inovação em infraestrutura digital pública, a exemplo do Open Finance e do Drex. E reiterou que a previsão da autarquia é de que o Drex comece a funcionar em 2026.
Teixeira também refutou as críticas feitas pelo governo dos Estados Unidos ao Pix e disse ser falsa a ideia de que o Pix foi criado para competir ou expulsar o setor privado. "Muito pelo contrário. O Pix é uma grande inovação que permite que o setor privado crie outras várias inovações sobre essa infraestrutura pública que foi desenvolvida", disse.
O diretor enfatizou que a estratégia do Banco Central prevê usar o ambiente regulatório justamente para testar as inovações e então passá-las para o setor privado, para que sejam criadas outras inovações sobre a infraestrutura já desenvolvida. "O Banco Central cria uma estrada, ele cria pontes para que o setor privado possa usar essa infraestrutura e produzir a inovação."