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'Enquanto não vierem com solução melhor, prefiro esse imposto de merda', diz Guedes

Ministro disse que ainda não desistiu de criar um imposto sobre transações financeiras para bancar a desoneração da folha, mas nega que novo tributo será parecido com a CPMF

16 out 2020 - 20h07
(atualizado às 21h59)
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BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira, 16, que não desistiu de criar um imposto sobre transações para desonerar a folha de pagamento e tentar incentivar a geração de empregos. Segundo o ministro, enquanto não houver uma solução melhor, ele prefere "esse imposto de merda".

"Estamos subsidiando capital e taxando o trabalho. É inaceitável. Então, enquanto as pessoas não vierem com uma solução melhor, eu prefiro a segunda melhor, que é esse imposto de merda", afirmou Guedes em live em inglês promovida pela XP Investimentos.

O ministro, porém, nega qualquer semelhança com a antiga CPMF, tributo que era cobrado sobre transações financeiras e que existiu até 2007 para cobrir gastos do governo federal com projetos de saúde. A alíquota máxima foi de 0,38% sobre cada operação. "Não é CPMF de jeito nenhum. É digital", afirmou.

A assessora especial do Ministério da Economia, Vanessa Canado, já disse que o novo imposto sobre transações, que o governo tem tentado desvincular da antiga CPMF, não incidirá somente sobre transações digitais, mas sobre "todas as transações da economia".

Guedes começou a defender o novo imposto sobre transações ao ser questionado por integrantes da XP Investimentos sobre a preocupação do governo com aumento de demissões, passado o efeito do programa que permite redução de jornada e salário ou suspensão de contrato para manter os vínculos de emprego.

"Obrigado por dar apoio ao imposto sobre transações", reagiu o ministro, indicando o novo tributo como a solução para esse impasse. "Por que você acha que nós estamos pensando nessa coisa de merda (o imposto)? Você acha que liberais gostam de criar novos impostos? Não mesmo. Há apenas uma razão pela qual se poderia pensar nisso. É porque existe um pior operando hoje", afirmou Guedes.

Solução

O ministro argumentou que é preciso dar uma saída, com emprego formal, para os milhões de "invisíveis" que entraram no radar do governo a partir do cadastro do auxílio emergencial, pago a informais e desempregados que ficaram em situação vulnerável durante a pandemia da covid-19. "Eu não ligo se o imposto é feio, desde que funcione criando novos empregos. Vai valer a pena", disse.

"Imagine, se 75% dos trabalhadores recebem menos que 1,4 salário mínimo, significa que se você reduz a contribuição sobre a folha, em vez de o cara custar R$ 2 mil ele custa R$ 1 mil porque você remove essa coisa (contribuição sobre a folha), você poderia contratar milhões de pessoas", acrescentou o ministro.

Na última quinta-feira, 15, Guedes disse à CNN que poderia desistir da criação do novo imposto. "Não tem aumento de imposto, não existe aumento de imposto", afirmou. "A mídia, por exemplo, quer desonerar a folha [de pagamento], não quer? Esse imposto só entraria se fosse para desonerar. Talvez nem precise, talvez eu desista."

Hoje, porém, ele esclareceu que não há desistência. "Eu dei uma informação errada ontem", admitiu. "Eu sou homem de desistir fácil das coisas? De jeito nenhum", afirmou.

Em 2015, o governo da então presidente Dilma Rousseff chegou a propor a volta da CPMF, mas isso acabou não acontecendo devido à falta de apoio do Congresso Nacional.

Estadão
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