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Dólar recua contra real após relatório de emprego fraco nos EUA

8 out 2021 - 09h15
(atualizado às 10h45)
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O dólar caía nesta manhã de sexta-feira, à medida que os investidores digeriam dados de emprego dos Estados Unidos bem mais fracos do que o esperado, tentando avaliar se o relatório de setembro será suficiente para levar o Federal Reserve a cortar seu estímulo já no mês que vem.

Dólar recua contra real após IPCA; mercado aguarda relatório de emprego dos EUA
23/03/2021
REUTERS/Mohamed Azakir
Dólar recua contra real após IPCA; mercado aguarda relatório de emprego dos EUA 23/03/2021 REUTERS/Mohamed Azakir
Foto: Reuters

O Departamento do Trabalho norte-americano informou nesta sexta-feira que foram criados 194 mil postos de trabalho fora do setor agrícola dos EUA no mês passado, leitura bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de abertura de 500 mil vagas. As estimativas variavam de 250 mil a 700 mil postos.

Havia grande expectativa dos mercados globais pela divulgação do "payroll", como é conhecido o relatório, uma vez que -- nas palavras do chair do Fed, Jerome Powell -- um resultado "decente" permitiria que o banco central começasse a cortar suas generosas compras mensais de títulos já em novembro.

A cifra bem abaixo do esperado, no entanto, deixa essa perspectiva em dúvida, explicou Anilson Moretti, chefe de câmbio da HCI Invest. A princípio, "isso é bom para a valorização do real, mas também não sabemos agora o que o Fed vai fazer. Temos que acompanhar os próximos passos".

Às 10:43, o dólar recuava 0,20%, a 5,5047 reais na venda. Instantes depois da divulgação do relatório de emprego, a divisa foi à mínima do dia, de 5,4776 reais, queda de 0,69%, mas já reduziu as perdas desde então.

Para Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, é normal que o mercado apresente dúvidas, "mas a visão de que não vão começar (a reduzir estímulos) em novembro me parece muito precipitada", uma vez que outros aspectos do relatório, como a taxa de desemprego e os ganhos salariais, foram positivos.

Além disso, ele percebe maior uniformidade nos discursos recentes das autoridades do Fed -- que há poucos meses pareciam muito divididas --, o que sinaliza que há convergência crescente dentro do banco de que o "tapering" (corte de suporte monetário) pode começar em breve.

No Brasil, as atenções recaíam sobre o IPCA, que subiu 1,16% em setembro, segundo dados do IBGE desta sexta-feira, acumulando em 12 meses avanço de 10,25. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de alta de 1,25% no mês e de 10,33% em 12 meses.

Embora levemente abaixo do esperado para o período, o dado "ainda veio muito alto", disse Moretti, da HCI Invest.

Ele relembrou que, mesmo diante dos sinais de inflação crescente, o Banco Central deixou de promover elevação mais agressiva da Selic em sua última reunião, quando subiu a taxa em 1 ponto percentual, a 6,25% ao ano. Alguns participantes do mercado chegaram a precificar alta de até 1,5 ponto percentual para o encontro de setembro da autarquia.

Nesse contexto, "o dólar segue na tendência de ganhos", explicou, acrescentando que os sinais de aceleração global da inflação levam a expectativas de juros mais altos em economias avançadas. "Isso faz o investidor estrangeiro esquecer de países emergentes."

O dólar caminhava para registrar alta de 2,4% em relação ao fechamento da última sexta-feira, o que configuraria seu ganho semanal mais acentuado desde o início de julho.

Na véspera, o dólar subiu 0,54%, a 5,5155 reais, maior patamar desde 20 de abril (5,5486 reais).

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