Dólar tem leve alta reagindo ao cenário político e aos leilões do BC
O dólar encerrou a sexta-feira pós-Natal com leve alta ante o real, reagindo por um lado à confirmação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como o indicado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para a disputa presidencial de 2026, e por outro aos leilões cambiais do Banco Central.
A moeda norte-americana à vista fechou o dia em leve alta de 0,25%, aos R$5,5451. Na semana, encurtada pelo Natal, a divisa acumulou alta de 0,26% e, no ano, baixa de 10,26%.
Às 17h09, o contrato de dólar futuro para janeiro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,34% na B3, aos R$5,5490.
No início da sessão, o dólar exibiu ganhos firmes após Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado, ter confirmado na véspera apoio ao seu filho Flávio na eleição presidencial de 2026.
Antes de passar por cirurgia em Brasília, Bolsonaro confirmou por meio de uma carta escrita à mão que escolheu Flávio como candidato. Em 5 de dezembro, a notícia da indicação já havia sido dada pelo próprio Flávio, que desde então tem atuado para se aproximar do mercado financeiro.
A visão entre os agentes, no entanto, é de que a candidatura de Flávio reduz as chances de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entrar na disputa pelo Planalto. Tarcísio é o nome preferido na Faria Lima e visto como mais viável que Flávio em uma eventual disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na esteira da confirmação de Flávio, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de R$5,5680 (+0,66%) às 9h32.
No meio da manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de US$2 bilhões em dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) simultâneos. No leilão de linha A, o BC vendeu US$1,5 bilhão, com recompra programada para 3 de fevereiro. No leilão B, o montante foi de US$500 milhões, para 5 de maio de 2026. Nos dois casos a liquidação da venda será em 30 de dezembro próximo.
Os leilões buscam atender à maior demanda por moeda neste fim de ano, quando empresas tradicionalmente enviam recursos ao exterior para pagamento de dividendos.
Este ano, especificamente, os envios estão sendo potencializados por multinacionais que buscam se antecipar ao fim, em janeiro de 2026, da isenção de imposto de renda sobre as remessas ao exterior, que passarão a ser taxadas em 10%, e ao início da cobrança de 10% sobre valores recebidos acima de R$50 mil por mês em dividendos.
Já após os leilões, às 12h13, o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$5,5204 (-0,20%), para depois voltar a registrar ganhos leves.
No exterior, onde diversas praças seguiram fechadas nesta sexta-feira, o dólar sustentou ganhos ante o iene e o euro. Às 17h18, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,07%, a 98,009.
(Edição de Igor Sodré)