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Com menor moagem de cana em três anos, centro-sul do Brasil focará no etanol em 18/19

29 mar 2018 - 11h45
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As usinas do centro-sul do Brasil deverão moer na safra 2018/19, que se inicia em 1º de abril, o menor volume de cana em três anos, com a oferta de matéria-prima indo majoritariamente para o etanol e a produção de açúcar, consequentemente, registrando uma expressiva queda, segundo a INTL FCStone.

Plantação de cana em Ribeirão 15/9/2016 REUTERS/Nacho Doce
Plantação de cana em Ribeirão 15/9/2016 REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

Projeções divulgadas nesta quinta-feira pela consultoria mostram que a principal região produtora do maior player global do setor sucroenergético processará 590,7 milhões de toneladas de cana na próxima temporada.

O volume fica aquém dos 592,5 milhões de toneladas da previsão de fevereiro e é 1 por cento inferior ante o esperado para o atual ciclo 2017/18. Trata-se também da menor quantidade desde 2014/15, quando as lavouras de São Paulo foram castigadas por uma seca, evidenciando as dificuldades de recuperação de um setor afetado por anos de crise.

Em relatório, o analista da INTL FCStone, João Paulo Botelho, disse que, apesar de a disponibilidade hídrica em 2018 não ser uma preocupação, "a elevação na idade dos canaviais... e a falta de rigor com os tratos culturais em grande parte das plantações" respondem pela perspectiva de menor moagem.

Tal cenário também deve reduzir a quantidade total de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), para 135 quilos por tonelada de cana moída (-1 por cento).

MAIS ETANOL, MENOS AÇÚCAR

De acordo com a INTL FCStone, o centro-sul do Brasil focará na produção de etanol neste ano, reflexo da demanda interna fortalecida e dos preços internacionais do açúcar em queda.

"A exportação de (açúcar) VHP remunera atualmente 28 por cento menos do que a venda doméstica de hidratado para o produtor do Estado de São Paulo. No mesmo período do ano passado essa comparação era favorável ao açúcar em 21 por cento, sendo que a vantagem apresentada pelo etanol este ano é a maior para esta época em nossa série histórica, iniciada em 2007", disse Botelho.

A atratividade do etanol deve-se, principalmente, a altas tributárias maiores sobre a gasolina em meados do ano passado, o que encareceu o concorrente direto do hidratado, levando a um maior consumo do biocombustível.

Segundo a INTL FCStone, a produção total de etanol em 2018/19 será de 28,2 bilhões de litros (alta de 8,4 por cento na comparação anual), sendo 17,2 bilhões de hidratado (+10,2 por cento) e 11 bilhões de anidro (+5,5 por cento).

Soma-se a esse volume mais cerca de 900 milhões de litros de etanol de milho (+66,3 por cento), graças aos preços sustentados do álcool e as cotações do cereal abaixo das do ano passado.

"Além disso, a maturação de investimentos realizados nos últimos anos deve levar a novo incremento na capacidade produtiva de etanol de milho no Centro-Oeste brasileiro", afirmou Botelho.

Na contramão do etanol, a produção de açúcar deve cair 12,5 por cento em 2018/19 ante 2017/18, ou quase 5 milhões de toneladas, para 31,5 milhões.

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