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Bolsa sobe 31,58% no ano e mercado aposta em nova valorização em 2020

Ibovespa registrou alta pelo 4º ano seguido, o melhor resultado desde 2016; com aprovação da reforma da Previdência, expectativa de melhora da economia e recuperação das bolsas globais, analistas projetam valorização de até 20% em 2020

30 dez 2019 - 18h23
(atualizado às 21h44)
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Com a aprovação da reforma da Previdência e a expectativa de que a economia brasileira passará a ter resultados mais sólidos, a Bolsa engrenou uma alta pelo quarto ano consecutivo e registrou, em 2019, a maior valorização desde 2016. As ações das empresas que integram o Ibovespa (o principal índice da B3) avançaram 31,58% no ano, sem descontar a inflação, e estimativas do mercado apontam que elas devem voltar a subir em 2020, desta vez entre 12% e 21%.

Apesar do bom desempenho no ano, o Ibovespa recuou 0,76% nesta segunda, 30, influenciado pelo mercado internacional, e encerrou o dia em 115,6 mil pontos. Casas como XP Investimentos e Modalmais, porém, projetam que o índice possa chegar a 140 mil pontos em 2020, o que representaria uma alta de 21%. O BTG Pactual e a Genial Investimentos falam, respectivamente, em 134 mil e 135 mil pontos.

"Esperamos que as ações brasileiras continuem em alta em 2020, depois de um desempenho forte por quatro anos consecutivos. Prevemos que a próxima etapa do rali esteja apenas começando e seja apoiada por uma recuperação econômica acelerada", escreveram, neste mês, os analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi, do BTG.

Bancos internacionais também reforçaram suas apostas no mercado acionário brasileiro recentemente. No início de dezembro, o Bank of America, que estima um Ibovespa a 130 mil pontos em 2020, publicou um relatório em que o Brasil aparecia como único país da região com recomendação "overweight" (peso acima do mercado). Algumas semanas antes, o UBS havia elevado a recomendação para investimentos em ações brasileiras de "overweight" para "strong overweight".

Perspectiva

O descasamento entre o resultado do Ibovespa e a atividade econômica nos últimos três anos ocorre porque os investidores trabalham com perspectivas futuras, lembra Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco Modalmais. "O mercado está operando na expectativa e o quadro é mais positivo daqui para frente", diz. Segundo Bandeira, as projeções para inflação e juros ainda baixos em 2020, além de um Produto Interno Bruto (PIB) dobrando em relação ao patamar de 2019, favorecem esse cenário positivo na Bolsa.

Com a recuperação econômica prevista para 2020 - o mercado estima alta de 2,3% no PIB, segundo o boletim Focus -, a XP, por exemplo, projeta que o lucro das empresas cresça em média 13% em 2020. O BTG estima alta de 18%.

Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, a saída da recessão - ainda que lenta - e a aprovação da reforma da Previdência trouxeram um ânimo novo para os investidores. A subida das bolsas ao redor do mundo, principalmente nos Estados Unidos, também influenciou o avanço do Ibovespa, destaca o analista. Novas altas na Bolsa, diz ele, dependerão da manutenção da agenda de reformas, e algum recuo na bolsa dos Estados Unidos pode ser um risco para o mercado brasileiro.

Empresas

Colombo atribui a maior valorização neste ano na Bolsa brasileira dos papéis de empresas do setor de varejo e do agronegócio ao aumento do consumo e à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que elevou a exportação de produtos agrícolas. Entre as empresas cujas ações mais subiram aparecem as varejistas Via Varejo (154,4%) e Magazine Luiza (112,46%). A campeã foi a Qualicorp, do setor de saúde, com um avanço de 243%. Beneficiada pela elevação do preço da proteína e se recuperando dos escândalos de corrupção, a JBS teve alta de 122,6%.

A petroquímica Braskem, que convive com os problemas da recuperação judicial da Odebrecht (uma de suas acionistas, ao lado da Petrobrás), foi a empresa do Ibovespa com o pior desempenho neste ano: as ações caíram 35,22%.

O desempenho da Braskem no mercado acionário foi prejudicado pela notícia de que a holandesa LyondellBasell desistiu, em junho, de comprar a empresa brasileira e pela crise em Alagoas. A Braskem decidiu encerrar a extração de sal-gema (matéria-prima para produzir plástico) em Maceió após ser alvo de ações judiciais que somam quase R$ 40 bilhões.

As atividades da empresa na capital alagoana estariam provocando rachaduras em construções e três bairros estariam afundado. Em nota, a Braskem afirmou estar "mostrando resiliência diante de um cenário internacional desafiador e do ciclo de baixa do mercado petroquímico"

Estadão
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