Ataque hacker faz Sony pensar na união de suas divisões
Conglomerado japonês caminha para seu quinto prejuízo líquido em seis anos, levantando questões sobre sua capacidade de continuar com todos os seus negócios
E-mails que vazaram revelam um abismo cultural entre a japonesa Sony e a Sony Pictures Entertainment, sua subsidiária em Hollywood, reforçando o desafio para o presidente-executivo Kazuo Hirai reestruturar a deficitária companhia sob o lema "One Sony" (Uma Sony).
O conglomerado japonês caminha para seu quinto prejuízo líquido em seis anos, levantando questões sobre sua capacidade de continuar com negócios que vão desde a fabricação de TVs até a produção de filmes. Embora o investidor ativista de fundos de hedge Daniel Loeb tenha desistido de defender que a Sony faça a cisão de sua unidade de entretenimento, outros acreditam que a empresa deve sair de linhas de produtos fracas como TVs.
O bilíngue Hirai está ligado a ambos os lados da Sony, sendo que tem experiência em ambos os negócios de videogames e música. Ele é portanto amplamente considerado como um dos poucos executivos da companhia capazes de aproximar as culturas industriais e cinematográficas de Tóquio e Hollywood.
Porém, junto a piadas sobre raça relacionadas ao presidente norte-americano Barack Obama e declarações depreciativas sobre grandes atores, os emails vazados de executivos da Sony Pictures revelam tensões entre Hirai e o estúdio de filmes.
Os emails foram vazados após um ataque eletrônico contra os sistemas da Sony no mês passado por um grupo que exige que a companhia não lançasse o filme "A Entrevista", uma comédia criticada pela Coreia do Norte por ter uma cena que mostra o assassinato do líder do país. Os emails mostraram que Hirai ordenou que o filme fosse atenuado e encontrou resistência dos criadores do filme, incluindo o codiretor e ator Seth Rogen. A copresidente do Conselho da Sony Pictures Amy Pascal tentou mediar a situação.
Os emails também mostraram como executivos do cinema veem Hirai e o vice-presidente financeiro Kenichiro Yoshida com apreensão antes de cortes de custos com o objetivo de elevar as margens de lucro.
A Sony não quis dar comentários para este artigo e Hirai não foi disponibilizado para entrevistas.