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Após atritos, Guedes diz que tem admiração por Campos Neto

Ministro afirmou que "não existe eu no Ministério Economia e Campos Neto não estar no BC"

27 nov 2020 - 03h22
(atualizado às 07h30)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, conversaram por telefone na manhã desta quinta-feira, 26, depois de Guedes questionar o plano de Campos Neto para recuperar credibilidade dos investidores quanto à sustentabilidade das contas públicas.

Presidente do BC, Roberto Campos Neto, e ministro da Ecoomia, Paulo Guedes, deixam o Palácio do Alvorada em Brasília
27/04/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente do BC, Roberto Campos Neto, e ministro da Ecoomia, Paulo Guedes, deixam o Palácio do Alvorada em Brasília 27/04/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"Não existe eu no Ministério Economia e Campos Neto não estar no BC", disse Guedes ao Estadão. Segundo Guedes, Campos Neto deixou claro que estava pedindo apoio ao programa de reformas fiscais ao dizer que é ponto-chave para o Brasil "conquistar credibilidade com um plano que dê uma clara percepção aos investidores de que o País está preocupado com a trajetória da dívida".

"Ele (Roberto Campos Neto) deixou claro para mim o que eu já sabia: que estava tentando ajudar e pedindo apoio para aprovar o plano fiscal que está lá no Congresso", disse Guedes. O ministro disse que tem "imenso apreço pessoal" e "enorme admiração" pelo presidente do Banco Central. Guedes disse que tem "zero" descontentamento com Campos Neto e que ele está fazendo um "belíssimo" trabalho no comando do BC. Guedes fez questão de ressaltar que, desde a transição, os dois trabalharam juntos na definição do plano econômico do governo Bolsonaro.

"Eu estava ecoando, na verdade, uma preocupação que tinha sido dita pelo ministro, que é uma preocupação de que não podemos achar uma saída que gere um gasto fiscal permanente, alto. É importante estar dentro do teto de gasto (regra que limita do avanço das despesas à inflação). É importante passar uma mensagem de disciplina fiscal", disse Campos Neto, também nesta quinta-feira, em entrevista ao SBT.

Segundo Guedes, o depoimento de Campos Neto nas mensagens ao telefone foi de estão unidos em favor da aprovação das reformas, como as propostas do pacto federativo (que prevê uma nova divisão da arrecadação entre União, Estados e municípios) e emergencial, que estabelece os chamados "gatilhos", medidas de corte de despesas, focadas principalmente no funcionalismo. "Medidas importantes que estão no Congresso há meses. Elas precisam ser aprovadas para que o Banco Central não seja obrigado a subir os juros", explicou o ministro.

As propostas de emenda à Constituição (PECs) do pacto federativo e emergencial foram entregues ao Congresso junto com um texto de extinção de fundos públicos, para gerar caixa, há um ano, em um plano chamado "Plano mais Brasil". A tramitação, no entanto, ficou travada no Senado desde então. Neste ano, em setembro, o governo enviou uma proposta de reforma administrativa, que pretende alterar as regras do RH do serviço público. Um acordo para a reforma tributária, de simplificação no pagamento de impostos, está sendo construído, depois de reuniões com o relator deputado, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o autor da PEC 45, o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

Na quinta-feira à noite, quando falava sobre a aprovação da Lei de Falências, Guedes ficou irritado com uma pergunta sobre perda de credibilidade pelo mercado financeiro e as críticas de que não tem plano para a economia. Nesse momento, foi questionado sobre uma fala de Campos Neto horas antes na qual o presidente do BC dizia que o ponto-chave para o Brasil é conquistar credibilidade com um plano que dê uma clara percepção aos investidores de que o País está preocupado com a trajetória da dívida".

"O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça a ele qual é o plano dele. Pergunte a ele qual é o plano dele que vai recuperar a credibilidade. Porque o plano nós sabemos qual é. O plano nós já temos", rebateu Guedes.

Estadão
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