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Ambev e Nike usam campanhas publicitárias para 'despolitizar' uso da camisa da seleção

Ideia é fugir da polarização entre Lula e Bolsonaro; 'Independente das nossas diferenças fora de campo, chegou a hora de lembrar o significado original da nossa camisa', prega campanha da marca da Ambev

10 ago 2022 - 16h50
(atualizado às 18h11)
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A gigante das bebidas Ambev colocou no ar uma nova campanha publicitária da marca Brahma, na qual o narrador Galvão Bueno chama o público a "lembrar do significado original da amarelinha". Na peça, os torcedores são chamados a deixar de lado as diferenças que têm fora de campo. O vídeo vem em meio a uma tentativa de ressignificar a camisa da seleção brasileira de futebol, intenção que também pode ser notada de modo mais sutil na divulgação da nova camisa, com a marca da Nike. A marca esportiva, aliás, já fez restrições à personalização de camisas para evitar a polarização Lula/Bolsonaro.

O tom é de que esse símbolo nacional não tem lado, apesar de ter sido exaustivamente usado por apoiadores do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). "Independente das nossas diferenças fora de campo, chegou a hora de lembrar o significado original da nossa camisa", diz a narração da propaganda da marca da Ambev. "Tire a amarelinha do armário e vista a sua camisa, ela é sua, é minha e de toda a nossa torcida."

Jogo do Brasil: resgate da camisa verde-amarela como um símbolo de todos Foto: Wilton Júnior/Estadão

A peça da Ambev é a que mais se aproxima à tensão política gerada em torno dos símbolos nacionais. Na divulgação da nova camiseta oficial da seleção, que leva a marca da Nike, o tom foi mais distante. "É coletivo. Representa mais de 210 milhões de brasileiros. É a nossa Garra. Veste a garra", escreveu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em um trecho do post nas redes sociais no qual divulga o produto.

Para Dario Menezes, diretor executivo da Caliber e especialista em imagem corporativa, a Ambev capturou bem uma tensão existente entre parte dos consumidores quanto ao uso político do uniforme da seleção. Ele vê como acertada a postura das marcas que buscam um lugar de consenso para esse símbolo nacional, de maneira a "recriar conexão e engajamento" com as cores, com a vestimenta e com a seleção.

Em sua visão, não há propensão à crítica por parte dos consumidores pelo fato da empresa ter tocado em um assunto mais sensível, justamente porque a proposta não toma nenhum lado. "Em um ambiente politizado como o que vivemos, as empresas querem se conectar ao espírito da Copa, ao que a camisa amarela representa na história das copas, mas não querem tomar partido político, o que é muito correto. Elas querem engajar pessoas de todas as matizes", afirma.

'Paixões nacionais'

Em nota, a Brahma afirmou que "sempre acreditou muito que existem mais coisas que nos unem do que nos separam. Nossa missão sempre foi unir os brasileiros através das paixões nacionais - o carnaval, o churrasco, a música, o futebol. Agora, faltando quase 100 dias para a Copa, o sentimento que a gente ouviu é que, independente das diferenças fora de campo, as pessoas querem torcer pela seleção, gritar gol com a amarelinha, sentir o maravilhoso clima de uma Copa. Com esta campanha, queremos relembrar os brasileiros que a Copa está quase chegando."

Também por meio de nota, a Nike disse que "o uniforme da seleção é como uma bandeira nacional, simboliza o país e seu povo. O mote da nova campanha da Nike para a Seleção é a Garra Brasileira, inspirada na onça pintada e na garra do nosso povo. Dentro de campo, garra é seguir em frente, é driblar, pedalar, rabiscar, lutar, mas, acima de tudo, representa o espírito de resiliência de todo o povo brasileiro".

Estadão
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