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O céu é o limite: Meu sonho de buscar a liderança ativa nas escolas

A série "Estudantes na Alma Preta" traz as histórias de jovens da rede estadual de ensino da Bahia narradas a partir da perspectiva deles

20 dez 2021 - 16h54
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Foto: Imagem: Alma Preta Jornalismo / Alma Preta

Segundo Eduardo Colamego, viver é um ato de coragem, por isso eu Samuel Felipe Oliveira Jorge, líder de classe, escolar, municipal e territorial da educação pública nordestina e às vezes um pouco indeciso nas minhas escolhas (o que não condiz com o meu signo) dou coro as suas palavras, pois ter a coragem de dançar essa música chamada de "vida" de uma forma loucamente incrível e tipicamente fora do padrão para um jovem de 18 anos é algo extremamente satisfatório, pois eu amo tudo o que fiz e faço como estudante e como representante de vozes no âmbito escolar.

A minha trajetória como aluno ativo no âmbito escolar começou em meados de 2019, quando finalmente vi que sem a educação não somos nada, e que sem ela não chegamos a lugar nenhum, e se eu quero mudança eu preciso fazer a mudança acontecer, mas como um aluno mediano, tímido e sem perspectivas de vida poderia mudar algo, ou melhor ajudar alguém sendo que ele nem sabe o que está fazendo?

Foi aí que em tempos quase perdidos eu escolhi ser líder estudantil (2020), ainda sem muitas perspectivas e objetivos concretos e com poucas qualidades que um líder necessita em seu cargo, eu decidir me candidatar a líder de classe e fui eleito com 100% dos votos. Meus amigos de classe acreditavam em mim, na minha voz para representar a voz deles e na minha vontade de sempre buscar novidades para a nossa turma. Isso foi como um oxigênio para eu sempre continuar buscando mais e mais na educação pública e nos direitos dos alunos em nossa sala.

Mas eu ainda não me sentia satisfeito e realizado, então resolvi me arriscar e me candidatar como líder escolar de uma escola grande e muito importante em nosso município, de Paulo Afonso , e por todavia de dúvidas ou de insegurança eu acabei sendo eleito. Uma mistura de alegria, insegurança, e cheio de ideias loucas na mente eu virei líder da escola onde eu aprendi a ser o ser humano que sou hoje, a CETEP II-WP, e se já não bastasse eu virei líder territorial (NTE-24 BA).

Estava tudo correndo conforme eu imaginei, porém nem tudo é como um mar de rosas. No meu melhor momento veio a pandemia da Covid-19 chegando e levando um ano todo de projetos, ideias para ajudar os alunos de todo o meu território estudantil, fazendo com que essa liderança nem existisse, mas eu ainda era o mesmo menino que ajudava até dentro de casa, o menino que virava noites estudando e querendo o melhor para todos e lutando para que a inclusão na escola seja feita.

Um pouco desanimado com tudo isso acontecendo no mundo e preocupado por ser meu último ano na escola, foi aí que o governo criou a ideia de usar uma ferramenta chamada aproveitamento de estudos para estudantes que já estavam no último ano do ensino médio que era o meu caso, 90% dos meus amigos optaram pela a ideia, mas eu não tinha cumprido meu propósito que era levar a voz deles e incentivar com que eles virassem líderes e assumissem a oportunidade de representar a voz de diversas pessoas diferentes e com habilidades e ideias tão diferentes em cada sala, escola e município.

Ainda de forma online eu e meus 5 ou 6 alunos que também optaram de continuar estudando, tivemos a grande notícia de que as aulas presenciais iriam voltar. Foi aí que vi na prática todos os dias de como minha função, de ajudar, observar e de me impor em tudo o que eu tinha direito relacionado à educação juvenil, foi feita e incrivelmente gratificante em minha vida.

Meses depois tive a imensa oportunidade de participar de um evento chamado BaMUN (Bahia Model United Nations, l simulação da ONU em Salvador), um evento totalmente necessário para os jovens da rede pública de ensino, um evento que me fez me apaixonar ainda mais por tudo o que aprendi, por cada minuto, cada amizade, trabalho realizado, por cada palavra dos demais estudantes e por cada incentivo dos responsáveis desse evento simplesmente perfeito.

O evento teve tanto impacto positivo em minha vida que eu queria dividir ele o mais rápido possível para o meu colégio, foi aí então que junto a demais líderes estudantis esse evento chegou até eles, e em menos de um mês eu realizei a mini Model United Nations, onde os alunos representavam países, nações e repúblicas mundiais para resolver problemas que afetam todo o mundo, e esse evento só foi possível graças à cada esforço e cada dedicação dos alunos, fazendo com que o meu sonho agora fosse o nosso sonho de buscar a liderança ativa nas escolas.

Ainda há muito a se fazer na melhoria da educação pública, mas com pequenos passos assim como o meu, isso pode ser possível, por isso o céu, apenas o céu, é o limite para todos os seu objetivos. A minha trajetória foi fruto de inspirações de líderes como eu, que sempre me deram forças e me incentivaram a nunca desistir dos meus sonhos, resumo todo esse humilde texto em uma única palavra: Gratidão.

Foto: Acervo Pessoal

Sobre o autor: Samuel Felipe Oliveira Jorge é um jovem de 18 anos, morador da cidade de Paulo Afonso, na Bahia, e estudante do Ensino Médio na Escola Estadual CETEP II Wilson Pereira.

Alma Preta
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