Youtuber é investigado por ameaças e exposição ilegal de criança em vídeos com milhões de visualizações
Caso envolve uso indevido de imagem, assédio e suposta monetização de conteúdo ofensivo publicado em 2018
A Polícia Civil investiga o youtuber Rogério Zerbien Cardoso Betin por crimes de ameaça, assédio e uso indevido da imagem de uma criança de 11 anos, em vídeos publicados nas redes sociais sem autorização dos responsáveis legais. O caso veio à tona após a vítima, hoje com 18 anos, relatar publicamente os danos psicológicos que carrega desde a exposição.
Segundo o boletim de ocorrência, os vídeos foram publicados em 2018 e envolviam a análise de doações feitas por menores durante uma live beneficente promovida pelo influenciador Felipe Neto. Entre os nomes citados, estava o da denunciante, que teve seu nome de usuário, foto de perfil e mensagens privadas divulgados publicamente, sem qualquer consentimento.
A jovem afirma que, ao pedir a remoção do conteúdo, foi induzida a participar de uma conversa informal que acabou sendo tratada como uma entrevista. Depois, teria sido ameaçada com a promessa da publicação de novos vídeos abordando seu sofrimento emocional. "Ele disse que faria um terceiro vídeo sobre o meu abalo para ter mais engajamento", relatou.
O conteúdo foi replicado em outras plataformas, como Twitter, Facebook e Dailymotion, ampliando ainda mais o alcance da exposição indevida. "Eu era apenas uma criança tentando apoiar uma boa causa. Minha imagem foi usada de forma abusiva e isso ainda me persegue", afirmou a vítima.
As autoridades agora apuram também se houve incentivo a doações via Live Pix durante os vídeos ofensivos, o que poderia configurar monetização indevida de conteúdos que violam direitos fundamentais garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Providências e repercussão
A denúncia foi formalmente encaminhada às plataformas envolvidas, incluindo o YouTube, com pedidos de remoção dos vídeos e suspensão definitiva do canal, com base na violação das Diretrizes da Comunidade e das Políticas de Monetização da empresa.
A Polícia Civil também teve acesso a outros vídeos publicados pelo youtuber, que contêm ameaças, calúnias e já motivaram registros de ocorrência anteriores. A investigação reúne agora provas como capturas de tela, trechos dos vídeos e o histórico das interações para embasar as acusações.
Especialistas em direito digital e proteção à infância destacam que, se confirmadas as denúncias, o criador de conteúdo pode responder por:
Divulgação de imagem de menor sem autorização (Art. 17 do ECA);
Ameaça (Art. 147 do Código Penal);
Calúnia e difamação (Art. 138 e 139 do Código Penal).
Posição das plataformas
Procurado, o YouTube afirmou que não tolera a exploração de menores e que retira imediatamente qualquer conteúdo que viole suas políticas. A empresa declarou que está analisando o caso com prioridade.