Videogame chileno dá vida à luta de resistência contra a ditadura de Pinochet
Com o som de helicópteros girando e o palácio presidencial chileno de La Moneda em chamas, um casal virtual se junta ao movimento de resistência contra uma ditadura militar em um videogame lançado pouco antes do 50º aniversário do golpe de Estado de 1973 no Chile.
O criador e sociólogo chileno Jorge Olivares passou seis anos trabalhando no videogame de espionagem "Dirty Wars: 11 de Setembro", ambientado durante a ditadura de 17 anos de Augusto Pinochet e referenciando a data em que o militar chileno liderou um golpe contra o presidente socialista Salvador Allende.
O golpe fez parte de uma onda de regimes militares na América do Sul nas décadas de 1960 e 1970 que deixou milhares de mortos, desaparecidos, torturados e exilados. No Chile, a democracia só foi restaurada em 1990 e as memórias do período ainda pairam.
Olivares disse que os principais protagonistas do gênero de jogo "stealth", que normalmente permite que os jogadores permaneçam escondidos, foram inspirados por sua própria família.
"Os personagens principais são basicamente inspirados na história dos meus pais", disse Olivares à Reuters. O casal do jogo, Maximiliano e Abigail, opta por enfrentar o regime militar ingressando em um grupo de resistência.
O Chile, no dia 11 de setembro, marcará meio século desde o golpe, que resultou num violento cerco ao palácio do governo em Santiago.
Olivares disse que seu jogo, lançado na plataforma de jogos online Steam, não pretende ser "propaganda marxista" ou uma "alegoria" para o governo de Allende. Em vez disso, a sua intenção é "mostrar plenamente o contexto da época", num importante aniversário da história do país, disse ele.