Do TikTok para a Globo: a revolução das novelas verticais
A Globo anunciou sua entrada no universo das novelas verticais com "Tudo Por Uma Segunda Chance", marcando uma revolução na dramaturgia nacional ao adotar formatos curtos e conectados às redes sociais.
A ascensão das novelas gravadas na vertical revolucionou o consumo de dramaturgia no Brasil, impulsionada por uma verdadeira febre de aplicativos criados para atender aos hábitos das novas gerações. Plataformas como Drama Box, ReelShort e Kwai se consolidaram entre as mais populares desse movimento, atraindo milhões de jovens espectadores com capítulos curtos de até 90 segundos, invariavelmente pensados para smartphones e consumo rápido.
O Drama Box, em especial, virou referência por reunir uma vasta coleção de mininovelas originais, legendadas ou dubladas em português, que exploram temas como romance, intriga familiar, humor e fantasia. O acesso é facilitado: os primeiros episódios costumam ser gratuitos e, depois, há opções de assinatura ou desbloqueio com moedas virtuais, numa lógica próxima dos games mobile.
Essas plataformas inovam também no modo de contar histórias: roteiros acelerados, repletos de ganchos e reviravoltas, elenco formado por influenciadores, e formatos que apostam na linguagem das redes sociais. Não por acaso, as produções dialogam diretamente com o TikTok e o Instagram, onde mininovelas já são consumidas aos milhões. O foco é prender a atenção de um público acostumado ao ritmo frenético das redes e ao consumo de histórias em "capítulos de bolso".
Diante dessa tendência, a Globo anunciou recentemente que investirá em novelas verticais, marcando uma mudança histórica em sua teledramaturgia. O projeto de estreia, intitulado “Tudo Por Uma Segunda Chance”, trará Jade Picon como vilã, numa trama de 50 episódios de até 3 minutos, publicados em redes sociais e integrados à faixa das sete no canal aberto. Escrita por Rodrigo Lassance e dirigida por Adriano Melo, a produção acompanha um jovem empresário envolvido num triângulo amoroso com direito a reviravoltas, suspense e segredos familiares. A aposta é duplicar a experiência narrativa, interligando a história da novela vertical com personagens e situações da novela tradicional.
A iniciativa sinaliza que as grandes emissoras estão dispostas a repensar formatos e buscar novos caminhos para manter viva a tradição da dramaturgia nacional, agora adaptada aos tempos digitais e à lógica das redes sociais. Jade Picon, símbolo da geração conectada, encabeça o elenco da novidade, e outras estrelas de renome também foram confirmadas. Com o anúncio, a Globo reforça sua posição como protagonista na evolução dos formatos narrativos, reconhecendo o potencial de engajamento das mininovelas verticais e projetando um futuro multiplataforma para o gênero.
(*) Rodrigo James é jornalista, criador de conteúdo e publica semanalmente a newsletter MALA com notícias, críticas e pensatas sobre cultura pop e entretenimento.
